
ANÁLISE
Scribblenauts Unlimited
Por João Silva a
Um ano! Um ano foi o tempo que os jogadores europeus tiveram que esperar pelo quarto capítulo da saga Scribblenauts numa consola Nintendo. A razão para tal atraso permanece, oficialmente, no segredo dos deuses apesar de existirem algumas especulações para tal atraso. Atrasos à parte, Scribblenauts Unlimited possui todas as ferramentas necessárias para proporcionar uma divertida aventura, isto para quem dominar uma língua estrangeira.
Unlimited é o primeiro jogo da série com uma narrativa a servir como motivo para recolher os Starites, objectos essenciais para avançar em todas as aventuras de Maxwell. A narrativa conta as origens da família de Maxwell e do bloco de notas que o acompanha ao longo de todas as suas aventuras. Os poderes proporcionados por este pequeno livro acabam por causar problemas quando Maxwell decide enganar um feiticeiro ao oferecer-lhe uma maçã podre. Furioso, o sujeito misterioso coloca uma maldição sobre a irmã de Maxwell, Lily. Esta começa a petrificar lentamente e a única forma de quebrar o feitiço é recolhendo os tais starites, que nascem da felicidade dos outros.
A grande novidade de Scribblenauts Unlimited é a dimensão de cada uma das áreas, que acabam por funcionar como mundos abertos. É aqui que Maxwell terá que resolver problemas caricatos de modo a que os seres que aqui habitam fiquem felizes e concedam os starites necessários para progredir na aventura. Cada mundo está dividido em várias secções, cada uma apresenta pequenos desafios mais simples e um ou dois mais complicados, estes normalmente envolvem acontecimentos encadeados e oferecem um desafio acrescido. Devido ao contraste criado por estes dois modelos de puzzles, existe uma maior diversidade do que nos títulos anteriores, o que por sua vez ajuda a impedir que o jogo se torne entediante. São assim nove os mundos de Scribblenauts Unlimited, muitos deles usam temas habituais como uma floresta, um deserto ou o fundo do mar mas a essência do jogo acaba por criar situações bastante caricatas e hilariantes em alguns casos - estes pequenos toques dependem da imaginação de cada um.O estilo artístico da série mantém-se inalterado e a alta definição proporcionada pela Wii U dá ao jogo um aspecto mais polido. O poder da Wii U também brinda Unlimited com melhorias ao nível dos efeitos de sombra e luz, bem como um aumento considerável do número máximo de objectos em simultâneo no ecrã, tudo sem quebras de fluidez. É assim um título com um aspecto cativante mas que não impressiona. Ainda menos impressionante é a vertente sonora, que cumpre o seu propósito mas cujo fundo musical é facilmente olvidável e os efeitos sonoros genéricos.
O GamePad é a ferramenta com que se interage com o universo de Scribblenauts através de um teclado virtual disposto no ecrã táctil. Este facto é um pouco ingrato, uma vez que é possível jogar do início ao fim no GamePad e após algumas horas este método acaba por ser o mais conveniente, tornando o ecrã de televisão inútil, mantendo-se assim fiel às suas origens de um jogo de consola portátil. Na prática, o GamePad funciona perfeitamente e o interface é muito acessível e intuitivo, mas durante longas sessões pode tornar-se desconfortável segurar o comando apenas com uma mão enquanto se usa o ecrã táctil. Todas as palavras escritas no bloco de notas de Maxwell tornam-se realidade e assim sendo, quanto mais desenvolvido for o vocabulário do jogador, mais interessante serão as suas criações. Isto leva a um do grandes problemas deste jogo para o mercado português: o jogo não pode ser jogado na língua de Camões. Scribblenauts Unlimited poderia facilmente ser recomendável a um público mais jovem, mas devido a esta falha será necessária a ajuda de alguém que domine qualquer um dos idiomas presentes na versão europeia.Unlimited não se limita a utilizar o sistema de adjectivos de Super Scribblenauts, muito pouco relevante nesta entrega, como também inclui um novo editor de objectos. Com esta ferramenta podem-se alterar objectos já existentes de modo a engenhar criações totalmente originais, que podem posteriormente ser partilhadas através da internet. Exclusivo às versões para consolas da Nintendo estão disponíveis vários objectos e personagens da marca, como Super Mario ou Link. Apesar de não ser possível modificá-las no editor de objectos, é um bónus divertido para fãs da Nintendo.
A longevidade do título é um pouco subjectiva, esta característica é um dos pontos fortes da experiência pois soluções diferentes podem despoletar reacções distintas, o que por si só é um incentivo para o repetir várias vezes. Ainda assim, pode-se contar com cerca de dez horas para acabar o modo principal e mais uma mão cheia para completar o jogo. Existe um modo cooperativo para cinco jogadores onde quatro pessoas com Wii Remotes podem apoderar-se de objectos criados por quem usar o GamePad. Uma vez que os jogadores extra têm um impacto muito limitado no desenrolar dos acontecimentos, este modo não passa de uma mera diversão que pode manter os mais novos entretidos. Por fim, tal como acontece com a maioria dos jogos da Wii U, é possível partilhar imagens do jogo no Miiverse, o que além de ser um bom incentivo para dar uso ao editor de objectos, também serve para mostrar a zebra vermelha alada enraivecida do jogador.
Conclusão
Apesar do incompreensível atraso este é sem dúvida o Scribblenauts mais ambicioso produzido até hoje. Esta entrega para a Wii U é uma aposta segura para quem procura um novo título da série, mas a omissão do idioma português ergue uma barreira impenetrável para quem não dominar um dos idiomas do jogo.
O melhor
- Mundos alargados
- Múltiplas soluções para cada desafio
- Utilização inteligente do GamePad
- Editor de objectos
O pior
- Falta de tradução em português
- Adjectivos com pouca importância
26 de Dezembro, 2013, 20:55