
ANÁLISE
Back to Bed
Por Sérgio Mota a
São poucas as sensações equiparáveis ao sentimento de conquista quando se resolve um problema complexo. Perceber que apesar da dificuldade, encontra-se o caminho onde muitos vaguearam pode elevar a confiança para enfrentar desafios futuros. Esta é uma das razões pelas quais são cada vez mais os jogos dos mais diversos géneros que incluem pequenos puzzles no seu enredo e uma das razões pela qual jogos simples de puzzles continuam a encontrar o seu caminho no mundo das consolas.
Back to Bed conta a história de Bob, um narcoléptico que quando adormece no seu escritório é transportado para um mundo dos sonhos baseado nos famosos quadros de Salvador Dalí e M.C. Escher. O papel do jogador é levar o protagonista de novo para a cama sem o despertar através de Subob, a representação física do seu subconsciente. Para isso usam-se maçãs e peixes de forma a levá-lo de volta à cama.O enredo extremamente simples é suficiente para mergulhar o jogador no desafio. Como habitualmente nos títulos deste género, a dificuldade vai aumentando lentamente, introduzindo novos elementos ao jogo, aumentando o sentimento de conquista a cada nível e é aqui que surge o grande problema: quando a dificuldade começa a atingir um nível razoável, o jogo termina.
Com apenas trinta níveis, que demoram uns escassos sessenta minutos a terminar (talvez menos) acabam-se os desafios sem o jogador sentir que teve de fazer um real esforço para os completar, sem aquele sentimento triunfante de resolver um problema complexo após várias tentativas que faz o jogador sentir-se tão bem neste tipo de jogos. Terminado o jogo, é desbloqueado um modo conhecido como "Nightmare" mas desengane-se quem julga o livro pelo título. Neste modo, o jogador vai revisitar os trinta níveis iniciais com algumas alterações nas mecânicas de forma a tornar o jogo mais difícil. Esse incremento do nível de dificuldade, não sendo desafiante e digno do adjectivo “Pesadelo” é bem-vindo, no entanto não é suficiente para colmatar a impressão de que o nível de exigência é baixo.O ambiente gráfico é notável, uma simbiose perfeita entre o mundo de Salvador Dalí e M.C. Escher, o que já por si é uma grande mais-valia. Este aspecto devia ter sido mais aproveitado, já que as construções impossíveis e os padrões geométricos entrecruzados característicos destes artistas são pouco utilizados e poderiam ter dado aos níveis uma maior profundidade que acabou por nunca chegar. A trilha sonora é totalmente enquadrada no tema, ainda que o seu tom monocórdico e melancólico aliado à dificuldade dos desafios possa colocar o jogador num ambiente soporífero.
Conclusão
Back to Bed é um titulo visualmente fantástico, com boa jogabilidade e de personalidade bem marcada, peca apenas por dar a ideia de que é um jogo inacabado. A dificuldade reduzida deixa a impressão de que esta é uma demonstração do jogo e que os níveis realmente desafiantes viriam a seguir. A juntar ao preço do jogo, é muito difícil aconselhar a experiência.
O melhor
- Ambiente gráfico
- Jogabilidade simples
O pior
- Baixa Dificuldade
- Longevidade reduzida
- Preço muito elevado
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Wii U, gentilmente cedido pela Nintendo.