
ANÁLISE
Little Inferno
Por Nuno Nêveda a
Lançado originalmente na Wii U em 2012 e depois de ter passado pelo PC, Mac, Android e iOS, Little Inferno está de regresso a uma consola Nintendo, neste caso a Nintendo Switch. Este pequeno e estranho pedaço de software foi o primeiro projecto da Tomorrow Corporation, tendo sido idealizado por Kyle Gray, Kyle Gabler e Allan Blomquist. O primeiro produtor tornou-se conhecido pela pérola escondida da Nintendo DS Henry Hatsworth in the Puzzling Adventure e os restantes dois criaram o excelente World of Goo.
Little Inferno não é um jogo fácil de compreender, nem sequer é imediatamente catalogado dentro de um género em particular. Pode-se até considerar mais uma experiência do que um jogo. Essencialmente o jogador encontra-se perante uma lareira, a apreciar fortes labaredas, aconchegado pelo calor enquanto a mente é invadida pela ideia entusiasmante de atirar qualquer coisa lá para dentro. Por outras palavras, Little Inferno convida o jogador a tornar-se num verdadeiro pirómano. Mas tudo isto tem como pano de fundo um mundo que arrefeceu e onde as explicações são escassas. De forma a aquecer esse mundo, as crianças são incentivadas a queimar os seus brinquedos numa invenção tecnológica conhecida como Little Inferno Entertainment Fireplace. Para alimentar esse fogo obviamente que é preciso ter objectos e para isso, eles têm de ser comprados dentro de uma oferta variada encontrada em sete catálogos.A mecânica de jogo é assim muito simples. Encomendar objectos encontrados nos catálogos, esperar pela sua recepção, atirá-los para a lareira e vê-los a arder sem dó nem piedade. É aí quem caem moedas que devem ser apanhadas e usadas para comprar novos objectos. Existe ainda uma lista onde surgem combos de dois ou três itens, com uma descrição curta que deve ser utilizada para descobrir quais os itens que se devem queimar em conjunto. As combinações variam entre as óbvias e outras bem imaginativas. O jogo oferece ainda outras pequenas nuances, por exemplo, receber cartas de outras personagens que contam momentos de história ou pedem simplesmente que se anexe um objecto para reenviar. Por outro lado, usando um voucher é possível apressar as encomendas. Assim em Little Inferno o jogador vai ter de sucessivamente comprar, queimar e apanhar moedas até completar todas as 99 combinações pedidas. Ao princípio parece muito repetitivo e de facto é, mas a forma como os diferentes objectos reagem ao fogo dá-lhe um encanto muito próprio. Tudo isto pode ser facilmente controlado na Nintendo Switch através de um cursor virtual que se desloca com o movimento do Joy-Con ou directamente através do ecrã táctil da consola no modo portátil.
Contudo o jogo não exige que se completem as 99 combinações pedidas, há uma segunda fase que finaliza a história e que ajuda a percepcionar que Little Inferno é mais do que uma experiência. É sobretudo uma reflexão sobre a sociedade consumista, contendo ainda uma sátira à indústria dos videojogos. Em termos de longevidade, para concluir tudo o que Little Inferno tem para oferecer serão gastas pouco mais de três horas. Infelizmente nesta análise não foi possível experimentar o modo cooperativo local que está prometido para a versão Nintendo Switch, o que será uma mais-valia. Outro pormenor a lamentar é o preço algo exagerado, €9,99, para um jogo com quase cinco anos de vida e que já percorreu inúmeras plataformas.
Conclusão
Little Inferno é um jogo diferente e estranho. Mais profundo do que a superfície parece mostrar. Não é para todos mas é uma experiência que vai ficar na memória de quem se deixar cativar.
O melhor
- Encanto muito próprio
- Mais profundo do que parece
O pior
- Longevidade muito reduzida
- Preço algo desajustado para um jogo com cinco anos
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Tomorrow Corporation.