
ANÁLISE
Super Ping Pong Trick Shot
Arremesso de bolas.
Por João Dias a
Sem tomar grandes liberdades, Super Ping Pong Trick Shot é exactamente o que o nome sugere: um jogo baseado nas habilidades com uma bola de ténis de mesa. Desenvolvido pela japonesa SIMS, uma antiga subsidiária da SEGA responsável por SEGA Bass Fishing para a Dreamcast e para a Wii, o jogo chega à eShop da Switch pela mão da igualmente nipónica Starsign que conta com outros jogos semelhantes no seu portefólio.
Super Ping Pong Trick Shot é então um jogo despido de quaisquer ambições de maior, onde o objectivo principal é fazer entrar uma bola de ténis de mesa num copo em oitenta desafios diferentes, que vão dos mais simples e directos aos mais complexos, com vários tipos de obstáculos pelo caminho. Os oitenta desafios (não seria correcto chamar-lhes “níveis” uma vez que não existe um verdadeiro sentido de progressão) são abordados em dois modos diferentes: num deles, com o nome de “Challenge”, o objectivo principal é acertar com a bola num copo, seguindo-se três objectivos secundários que variam em cada desafio e que podem incluir terminar o desafio em menos de trinta segundos, utilizar o vento para fazer chegar a bola ao copo ou fazer a bola ressaltar um determinado número de vezes antes de entrar. No outro, denominado de “Score attack”, não há nada que enganar: por cada bola que entre no copo, ganha-se um número de pontos que varia conforme o percurso da bola e o jogo contabiliza a pontuação para cada copo. Tanto num modo como noutro, o jogador dispõe de quinze bolas para cada copo. Simples e directo e com um motor de física que cumpre o que dele se espera.Para abordar cada desafio é preciso determinar o ângulo da bola e a força com que ela vai ser atirada. Do equilíbrio entre o ângulo e a força vai sair um arremesso que pode, ou não, ser certeiro. Isto é feito num ambiente audiovisual do mais simples e minimalista possível, sem quaisquer personagens e cenários e num meio onde apenas existem as bolas, os obstáculos e os copos suspensos no ar e com um fundo musical que não serve para mais do que encher um espaço sonoro vazio.
Já em relação aos controlos, Super Ping Pong Trick Shot parece esquecer que é um jogo simples e tentou ir longe demais. Explicando de forma mais precisa: os sistemas de controlo variam consoante a forma como se esteja a utilizar a Nintendo Switch. Com a consola ligada a um ecrã de televisão o jogo aceita dois sistemas de controlo: um deles consiste em utilizar o Joy-Con na horizontal, o outro consiste em utilizar os sensores de movimento do Joy-Con para determinar a força com que se arremessa a bola. Se o primeiro funciona de forma competente, o segundo roça o desastre e torna praticamente impossível determinar com precisão a força do arremesso. Em modo portátil, o jogo permite utilizar os mesmos dois sistemas, juntamente com dois outros: jogar com os dois Joy-Con acoplados à consola e utilizar o ecrã táctil. Mais uma vez, o primeiro sistema funciona de forma competente e o segundo é um autêntico desastre, já que é virtualmente impossível conseguir apontar a bola de forma correcta e seleccionar a força pretendida, acabando por funcionar pior ainda que a detecção de movimentos. Isto significa que metade dos sistemas de controlo de Super Ping Pong Trick Shot são virtualmente inúteis, já que sendo este um jogo que não requer nenhuma ambientação ou período de envolvimento prolongado, ninguém terá a disposição para gastar mais de trinta segundos a aprender como se utilizam os controlos.Uma vez apurado que os únicos sistemas viáveis consistem em utilizar os Joy-Con de forma convencional, Super Ping Pong Trick Shot acaba por ser um jogo que embora tenha muito pouca ambição, não deixa de ser minimamente divertido. Pode ser praticamente desprovido de conteúdo além do mínimo indispensável mas cria no jogador um certo ímpeto para cumprir os objectivos primários e secundários e tentar apurar qual a melhor forma de fazer a bola entrar no copo. Já o modo onde se tenta obter a pontuação mais elevada acaba por ficar a perder e transmite uma sensação de redundância mas os oitenta desafios são, no geral, bem feitos e embora alguns deles sejam bastante fáceis e possíveis de terminar rapidamente, outros fazem uma junção inteligente de obstáculos capazes de obrigar o jogador a tentar bastantes vezes até conseguir acertar com a bola no copo.
A dois jogadores, o número de desafios é bem mais curto (apenas dez) mas são adaptados a uma dupla de jogadores e aqui também entram objectos exclusivos aos desafios a dois que permitem, por exemplo, arremessar cinco bolas ao mesmo tempo ou bloquear o adversário durante alguns segundos. A dois o objectivo é colocar mais bolas no copo do que o adversário dentro de um tempo limite. Mais uma vez, simplicidade suprema sem nada de complexo mas divertido e uma forma de obter um pouco mais deste Super Ping Pong Trick Shot, ainda que limitada.
Conclusão
Se é verdade que Super Ping Pong Trick Shot não apresenta qualquer ambição para sobressair no catálogo da Switch, o pouco que o jogo faz acaba por fazer bem. Os desafios são bem desenhados e alguns deles vão exigir um certo esforço da parte do jogador para os superar – a inclusão de objectivos secudários foi bem pensada e mesmo que obter uma pontuação mais alta acabe por ser redundante, há aqui motivos para passar umas boas duas horas à volta do jogo, mais até se se incluir o modo dois jogadores. Seria injusto considerar Super Ping Pong Trick Shot um mau jogo apenas por causa da sua falta de ambição e por dois esquemas de controlos inúteis mas que acabam por não prejudicar a experiência. Jogo demasiado simplista, sim, que podia beneficiar bastante de uma renovação audiovisual e talvez de uns desafios mais complexos mas longe de ser um jogo mau, é competente – parco mas funciona relativamente bem e por €4,99, não se esperam grandes luxos.
O melhor
- Desafios bem desenhados
- Na sua simplicidade, acaba ser algo viciante
O pior
- Nenhuma ambição de ir mais além
- Dois esquemas de controlo inúteis
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Rainy Frog.