
ANÁLISE
Bleach: The 3rd Phantom
Por Fábio Pereira a
A história de Bleach: The 3rd Phatom foi escrita pelo próprio Tite Kubo, mas é completamente independente do enredo original da série. No jogo somos apresentados aos gémeos órfãos Fujimaru e Matsuri Kudo que ainda em criança são perseguidos por um Hollow. Quando tudo parecia perdido eles são salvos pelo Capitão do 5º Esquadrão, Seigen Suzunami e pelo Tenente do mesmo esquadrão, Aizen Sousuke. Por esta altura Urahara Kisuke era capitão do 12º Esquadrão, na história original o 5º esquadrão era comandado por Shinji Hirako, mas para esta versão foram feitas diversas alterações. A aventura inicia anos antes do surgimento de Ichigo e companhia, mas uma reviravolta no enredo permite que cheguemos também a essa época em que Aizen ameaça a segurança da Soul Society. Embora seja um spin-off com uma história nova, continua a ser um produto orientado para os fãs, e se não conhecerem a série, nem um pouco que seja, sentir-se-ão perdidos.


Quando mandamos atacar surge uma animação das personagens com os mesmos sprites utilizados nos dois jogos anteriores. Não se admirem portanto, que na primeira vez tenham a tentação de carregar nos botões como se estivessem a controlar o combate. E se essa sensação é tão imediata, porque não ter implementado comandos de ataque durante as lutas? Isso tornava as coisas mais interessantes e movimentadas, nem que fosse um estilo Tales of Phantasy ou Legend of Legaia. Não sendo possível passar à frente, nem desligar, ver estas animações a cada vez que atacamos torna as batalhas extremamente demoradas e aborrecidas. Felizmente que dá para gravar a meio da batalha, para se fazer uma pausa.


Mais demorado ainda são os momentos que antecedem as batalhas. A produtora criou uma forma diferente de contar a história. Apelidado de Free Mode, aqui podemos interagir com várias personagens aumentando o nível de afinidade entre elas. No ecrã superior temos o Kon (personagem do anime) e uma estrada dividida em vários rectângulos. Espalhados pela estrada estão items e buracos, quando escolhemos uma personagem para conversar temos também um indicador de quantos rectângulos avançamos ao falar com aquela personagem. A partir daí cabe a vocês gerir os espaços e personagens com quem devem falar para apanhar o maior número de items. Aqui não existem lojas para venda de poções e equipamentos, pelo que esta é a única maneira de os conseguirem. No fim nunca vão conseguir falar com todos, mas as conversas são tão triviais, que se não fosse pelos items, seguiam sempre o caminho mais rápido para passar estas fases.
Um dos aspectos não muito habituais é o uso das habilidades (skills) nas batalhas. Ao contrário do que seria de esperar aqui só podemos fazer uso delas quando a personagem ainda está na sua posição inicial, depois de a mover apenas podemos atacar. Isto poderia ser um ponto a favor para a estratégia do jogo, mas o facto é que a disposição dos inimigos obriga-nos sempre a mexer e quando o fazemos a única hipótese é atacar. Existe um outro comando em que absorvemos o Reikie do mapa para aumentar a pressão espiritual das personagens, isto serve posteriormente para invocar a Bankai ou alguma habilidade mais poderosa. Antes de iniciar a batalha podemos aumentar o status das personagens, armas (para ganhar novas habilidades) e escolher aqueles com os quais queremos activar o nível de suporte, que varia com a afinidade ganha no Free Mode.
Um dos pontos positivos é a quantidade de personagens presentes no jogo que permitem fazer a nossa equipa de sonho. Hitsugaya, Yoruichi, Aisegawa, Inoue, Rukia entre muitos outros marcam presença nesta aventura. Infelizmente os gráficos, mesmo sendo 2D, têm um tratamento muito abaixo da média. E isto nota-se logo na apresentação do jogo, com a resolução a arruinar por completo o contorno dos desenhos, transformando a introdução num festival de pixeis a tremer. Nos diálogos nota-se também a escassez de artwork com um recurso excessivo dos mesmos desenhos. No campo de batalha o tratamento foi um pouco melhor, mas ainda apresenta as mazelas do redimensionamento nas molduras das personagens. Quanto à banda sonora, infelizmente não é nada de especial, nem mesmo nos escassos momentos em que ouvimos as personagens a falar. Só nos apercebemos dela no inicio de cada turno, depois passa despercebida.
Bleach The 3rd Phantom, tal como tantos outros jogos baseados em séries de animação, é feito sobretudo para os fãs e não é de todo a melhor maneira de apresentar alguém ao universo de Bleach. As longas conversas entre as personagens e as batalhas demoradas, obrigam a aventura a desenvolver-se a passo de caracol. Como jogo de estratégia tem os seus bons momentos e poderá agradar a iniciantes e experts nestas andanças de movimentar unidades sobre as grelhas quadriculadas do terreno. Se forem fãs da série, melhor ainda, pois terão maior facilidade em aceitar as falhas presentes e é um excelente fan-service. Fora isso, existem opções bem melhores dentro do género, no catálogo da DS.
O melhor
- Deverá agradar aos fãs da série
- Imensas personagens disponíveis
O pior
- Jogabilidade pouco explorada
- Diálogos aborrecidos
- Gráficos 2D mal trabalhados