
ANÁLISE
Puzzle Quest: Challenge of the Warlords
Fusão de géneros.
Por João Tavares a
As consolas portáteis, nomeadamente a Nintendo DS, tâm recebido imensos jogos ditos "mais complexos" no seu line-up. A cada geração avançada, vemos experiências cada vez mais completas e semelhantes ao que até agora víamos disponível apenas em consolas caseiras, ou computadores. No entanto, eu sou apologista de que um bom jogo numa portátil tem de passar sempre um pouco pela componente pick 'n play, ideal para pequenas sessões de jogo, seja durante viagens ou numa simples fila de espera.
Puzzle Quest: Challenge of the Warlords é o verdadeiro espelho desse contexto, mas aliado a uma história e mecânica complexas que acabam por ser o condimento perfeito para o outro lado mais simples do jogo. Por entre os combates totalmente descomprometidos de Puzzle Quest vamos encontrar uma história interessante por trás, assim como elementos RPG que são introduzidos de forma perfeita em toda a jogabilidade.
Inicialmente é-nos dado a escolher um herói entre diversas classes típicas, como é o caso do Knight, mais direccionado para o combate corpo-a-corpo, o Druid, dotado de uma agilidade superior que é transposta através de skills mais evasivas, e o Wizard, o já habitual mágico neste tipo de género. A vossa escolha irá acabar por ter um impacto profundo na jogabilidade e na vossa demanda pelo mundo de Puzzle Quest, isto porque a estratégia que terão de adoptar durante os combates difere q.b. de classe para classe. Não só por culpa das habilidades únicas de cada um dos tipos, como também das diferentes combinações que poderão fazer recorrendo a items como equipamentos. O sistema de jogo não passa unicamente pelos combates que irão efectuar pelo mapa fora, mas também pelas side quests e iniciativas próprias que terão, como a conquista de cidades e a captura de inimigos, que permitem a aprendizagem de outras habilidades que, até então, não estavam disponíveis. De facto, Puzzle Quest é exímio em providenciar ao jogador diversas maneiras de criar uma build própria para o seu personagem. Muito dificilmente serão encontrados dois jogadores com stats e equipamentos semelhantes, e isto apenas é possível graças à diversidade de atributos passíveis de serem controlados. A complexidade de opções poderá ser estranha ao inicio, mas rapidamente se entranha, dando uma sensação de controlo absoluto sobre as capacidades físicas e mentais do nosso personagem.No entanto, por detrás de um esquema mais complexo de evolução, reside uma das mais tradicionais e simples formas de jogar. Basicamente, o desenrolar dos combates dá-se numa grelha onde teremos de alinhar peças da mesma cor, tudo muito ao estilo Bejeweled, mas com o natural apoio da stylus. Cada cor corresponde a um diferente tipo de mana, que por conseguinte será utilizada numa determinada magia ou habilidade que nos traga vantagem aquando do combate. Para além destas gemas de cor existem ainda as caveiras, que são a principal forma de provocarmos dano físico no adversário. Esta forma de jogar mais casual é ideal para a DS, e encaixa perfeitamente no conceito de portabilidade da consola da Nintendo. De qualquer das formas, tal casualidade não põe em causa a experiência de um jogador mais exigente ao providenciar todos os conceitos já descritos anteriormente. A forma como a equipa de produção conseguiu aliar tudo não é menos que genial, e estamos perante, sem qualquer dúvida, um dos melhor jogos da DS, ideal para sessões de jogos mais curtas ou longas, como bem preferirmos, conseguindo manter a sensação de diversão em ambos os casos. Poderá parecer algo simples de alcançar, mas muito poucos o fazem de uma maneira tão bem sucedida como Puzzle Quest.
De alguma forma, o que acaba por dar um lado mais frustrante aos combates é a I.A. que parece implacável demais em certos momentos. Especialmente em dificuldades mais elevadas, parece que o nosso adversário adivinha as gemas novas que irão aparecer. Algo que não é visível assim com tanta frequência, mas que acontece.
Como tela para todo este sistema, temos o mapa de jogo que nos apresenta diversas localizações como cidades ou terrenos habitados por monstros. O jogador terá basicamente de se deslocar até às cidades para ouvir os últimos rumores e aceitar quests que serão essenciais para o desenvolvimento da história. Para além destas demandas mais "principais", temos também desafios externos cujo objectivo passa, na maior parte das vezes, na eliminação de um monstro para ganharmos algum dinheiro (usado na compra de equipamento) e experiência. Ao todo são imensos os trabalhos que podemos aceitar, e se estão à procura de um jogo que vos ocupe imensas horas, então Puzzle Quest é uma opção a ter muito em consideração. Serão dezenas as horas que irão despender a finalizar a história principal e a terminar todas as outras quests secundárias. Depois disso existe ainda a aliciante de conquistarmos e controlarmos todas as outras localizações onde poderemos evoluir o nosso herói e desenvolver estratégias únicas de combate.Temos ainda um modo multijogador que é uma excelente adição e nos dá a possibilidade de defrontarmos amigos em combates rápidos, ideias para demonstrarmos as nossas capacidades e a eficácia do nosso personagem. São, no entanto, necessários dois cartuchos do jogo.
Tecnicamente, Puzzle Quest deixa bastante a desejar. O grafismo é bastante básico, ou não estivéssemos a falar de um jogo de tabuleiro. Os diálogos são acompanhados por simples arte, e o mapa mundo está representado de forma extremamente básica, onde diversos desenhos, sejam de localizações ou inimigos, são repetidos diversas vezes. Por mais incrivel que pareça, nota-se alguma quebra na frame rate durante a destruição de gemas nos combates, o que me deixou bastante surpreendido, mas pela negativa. A nível sonoro, todas as faixas têm um tom épico à mistura, mas enquanto algumas delas são agradáveis, outras tantas não conseguem acompanhar em termos qualitativos. Isto acaba por deixar um buraco entre a qualidade das músicas que normalmente ouvimos ao longo do jogo. Os efeitos sonoros são mantidos o mais simples possível, e apesar de não darem um toque de esplendor a toda a acção, também não acabam por a comprometer.
Puzzle Quest: Challenge of the Warlord foi um jogo que me surpreendeu imenso. Apesar de não ser um portento no campo técnico, é extramemente divertido, e irá providenciar-vos horas e mais horas do mais puro entretenimento vídeojogável. É excelente para pequenas sessões de jogo e apenas acaba por pecar pela falta de uma componente multijogador que exija apenas um cartucho do título. Mesmo assim, é uma compra mais que obrigatória para todos aqueles que procuram um jogo verdadeiramente portátil, mas ao mesmo tempo uma experiência rica e que vos faça valer o investimento. Por todos os pontos já enumerados, pessoalmente considero Puzzle Quest um dos melhores jogos da DS, e um título essencial para todos os possuídores do sistema. Claramente possui as suas falhas, mas tudo acaba por ser abafado por uma jogabilidade directa e flexível, consoante o que pretenderem retirar desta experiência. Um jogo capaz de agradar a gregos e troianos.
O melhor
- Simplesmente viciante
- Complexidade digna de um RPG bem aliada à simplicidade de puzzles
- Longevidade praticamente infinita
- Presença de um modo multijogador
O pior
- I.A. com algumas falhas
- Componente técnica algo fraca