
ANÁLISE
LostWinds
Por Gonçalo Silva a
Lostwinds passa-se na ilha de Mistralis. Esta ilha foi criada pelos 12 Elemental Spirits, que agiam como guardiães dos habitantes da ilha, protegendo-os de todos os males. Porém, Balasar, o Espírito do Sol e da Lua, tinha outros planos. Queria tornar-se chefe da pacata ilha e ser louvado como um Deus. Assim, após ver seus planos descobertos, foi selado numa Spirit Stone pelos outros elementos, onde lá ficaria para sempre. Durante a batalha para derrotar Balasar, Enril, o espírito do vento, usou o resto das suas forças para lançar um tornado que enfraqueceu Balasar o suficiente para selá-lo. Porém, Enril foi também sugado, ficando lá para sempre com Balasar.
Durante todo o tempo que se viu selado, a fúria de Balasar transformou-o em algo completamente diferente. Ficava mais poderoso a cada momento que passava. Por fim, ele descobriu uma falha na pedra. Por vários séculos ele tentou destruir a pedra, e por fim, conseguiu-o. O som da explosão da pedra fez com que toda a Mistralis tremesse como um tremor de terra. A Grande Torre, onde se encontravam os espíritos, foi destruída. Os espíritos foram enviados para o mundo dos mortais e Enril, ainda preso nos 7 cacos da pedra.
Balasar ficou extremamente enfraquecido após destruir a pedra, mas o simples receio de testemunhar a sua reaparição foi suficiente para que os restantes espíritos se transformassem em comuns mortais para não terem de encarar Balasar outra vez. Balasar, ao longo dos anos, viu o seu poder regressar. Porém, não esperava pacientemente por ele. Tendo-se tornado no Elemento das Trevas, invocou vários monstros semelhantes a ele, para espalhar medo e caos pela ilha de Mistralis. Os outros elementos, escondidos há tanto tempo, estão completamente esquecidos de quem são. Apenas Enril, fraco e sem poderes, permanece corajoso o suficiente para lutar com Balasar.
Um rapaz, chamado Toku, encontra um dos cacos de Enril e descobre o perigo que ameaça Mistralis. Assim, com a ajuda de um Enril enfraquecido, parte na missão de salvar os restantes elementos, e recuperar os ventos perdidos a Balasar.
É esta a história que LostWinds nos serve. Não transborda originalidade, mas não é, nem de longe, a pior que já se ouviu. É boa o suficiente, e serve para dar ambiente ao jogo. À medida que vão jogando vão aprendendo mais pormenores, mas se querem saber como este conto acaba, não é a jogar o primeiro capítulo que vão descobrir.

Toku, a nossa personagem principal.
Em termos de jogabilidade, o jogo é bastante simples. Usam o analógico do Nunchuk para movimentar Toku pela ilha de Mistralis e o Wiimote para controlar o vento de Enril. Exige alguma habituação para se habituar aos saltos, mas passados poucos minutos de jogo, já correm de um lado para o outro quase inconscientemente. Durante o jogo, vão recuperando vários dos poderes de Enril que vos ajudarão na vossa missão. Entre esses poderes encontra-se o "vortex", que, após criarem um círculo em volta de um objecto, o mantém imóvel no ar, e permite enviá-lo com mais força contra barreiras ou inimigos, e o "slipstream", que vos permite controlar perfeitamente a direcção do vento. As secções de plataformas resultam bastante bem. Toku é um pouco lento a andar, mas podem empurrá-lo com o vento para acelerar a marcha dele. Se andam na direcção de um precipício, Toku salta automaticamente, muitas vezes tendo de recorrer ao vento para poder chegar ao sítio pretendido. Como disse anteriormente, controlar o vento para saltar exige alguma habituação, mas mesmo quando não a têm, não é difícil. Ao pressionarem o botão "A" para usarem o vento, o jogo abranda consideravelmente para terem tempo de calcular o vosso salto com calma sem perderem energia. Enquanto controlar Toku ao fim de algum tempo não é problema, o mesmo não se pode dizer dos vários objectos que ele encontra. Ao longo do jogo vão encontrando rochas que precisam de controlar com o vento para resolver vários puzzles, seja colocar a pedra no alçapão que mantém a porta aberta, ou usar essa rocha para destruir um obstáculo no vosso caminho. Dado o foco da câmara no Toku, às vezes controlar as pedras revela-se desnecessariamente problemático.

Com a ajuda dos poderes de Enril, Toku consegue praticamente voar.
Durante o jogo, podem usar o vento para agitar várias plantas de modo a que elas soltem spirit charms. Quando apanharem suficientes, ganham uma vida nova, sendo 3 o máximo possível.
Na vossa missão vão encontrar vários monstros criados por Balasar. Com toda a sinceridade, é como se não existissem. Tirando um ou dois particulares tipos de inimigos, estes são, não só extremamente fracos, como virtualmente inofensivos. Tomando os mais básicos por exemplo, estes assim que vos vêm tentam colar-se a vocês. Era de esperar que, assim que vos tocassem, vocês perdessem energia, mas não. Ainda demoram poucos segundos para o fazerem, e, a não ser que estejam a pensar noutra coisa, já acabaram com o monstro antes de ele poder dizer "e tudo o vento levou". E na rara ocasião de morrerem, apenas têm de agitar o wiimote que Toku acorda no mesmo sítio em que morreu. Não volta ao início da área onde está, não volta ao último ponto de save, fica no sítio onde está, dado que tenham pelo menos uma vida. E com a frequência que os Spirit Charms aparecem, vão ter sempre vidas para dar e vender. Nem mesmo o boss final apresenta muita, ou muito sinceramente, qualquer ameaça. Apesar de alguns dos puzzles exigirem uma ligeira massa cinzenta, o resto é quase completamente desprovido de qualquer dificuldade.
Infelizmente, a jogabilidade sofre também de alguma repetitividade. O que é de admirar dada a curta duração do jogo. Em cerca de 3 horas, 4 no máximo, já passaram o jogo todo, 5 horas se quiserem coleccionar todos os Ídolos Melodia, que só servem para isso mesmo: coleccionar. E após passarem o jogo, não há muita razão para repetirem.

Apesar da referida repetitividade, não é mentira que os controlos estão bem implementados.
Falando agora dos gráficos, são agradáveis de se ver para um jogo do Wiiware, estando melhor que vários outros títulos na consola, mas, tal como a jogabilidade, são também repetitivos, para não falar nos ocasionais bugs, como por exemplo a cabeça do Toku trespassar uma parede. Mesmo assim, não são terríveis, e alguns dos efeitos e animações conseguem surpreender pela positiva. É interessante ver como cada planta, inimigo e habitante reage à direcção do vento.

Alguns efeitos, como o fogo, a água e o vento, estão bem conseguidos.
Infelizmente, não posso dizer o mesmo da parte sonora. A música, apesar de dar um agradável ambiente, como o resto do jogo, sofre de pouca variedade. Vão estar muito regularmente a ouvir os mesmos temas, mas não são tudo espinhos. Os efeitos sonoros do vento, assim como do resto são bastante bons, e estão em perfeita harmonia com a força e velocidade do mesmo.
Conclusão
Lostwinds é um jogo que tem bastante potencial, mas que infelizmente sofre de uma curta duração, repetitividade geral e uma facilidade excessiva. Se estiverem desesperados por algo novo, é uma boa opção, até porque o preço é convidativo, mas dentro do catálogo, tanto do Wiiware, como da própria Wii, há melhores opções.
O melhor
- Gráficos e efeitos agradáveis
- A jogabilidade até resulta bem
O pior
- Demasiado fácil
- Longevidade fraca
- Ligeiramente monótono