
ANÁLISE
South Park: The Fractured But Whole
Aventura altamente insultuosa.
Por António Branquinho a
Vindo da Ubisoft San Francisco, South Park: The Fractured But Whole chega à Nintendo Switch. Trata-se da sequela de Stick of Truth e tem lugar exactamente após os acontecimentos desse jogo. Nesta sequela, que está completa e perfeitamente legendada em português de Portugal (palavrões incluídos) encarna-se novamente o papel do “miúdo novo” e usa-se o seu poder de soltar gases poderosos que eventualmente conseguem dobrar o espaço-tempo (isto é South Park, quem não espera um enredo deste género não conhece a série).
South Park: The Fractured But Whole inicia-se com os miúdos de South Park ainda a brincar na rua enquanto se desviam de carros que ocasionalmente passam na estrada, com as seus personagens ao estilo de Senhor dos Anéis, mas Cartman, ou melhor o "The Coon", tem outros planos e rapidamente convence todos que está na hora de se tornarem em super-heróis, já que existe um gato desaparecido com uma recompensa de $100 para quem o encontrar e esse dinheiro seria mais que suficiente para iniciar a sua trupe com o nome "Coon and Friends" e enterrar de vez os "Freedom Pals".Claro está que nada em South Park é assim tão simples e linear e como tal, os miúdos vão-se ver envolvidos numa enorme conspiração que implica drogar todos os adultos da cidade de forma a eleger um novo presidente da Câmara e assim, dominar toda a cidade. Toda esta história tem por base situações que já foram abordadas levemente em episódios de South Park e que são aqui aprofundadas a um novo nível, com uma escrita de grande qualidade ao longo de todo o jogo e que só tem par nos melhores episódios da série.
Em termos de jogabilidade, South Park: The Fractured But Whole é um RPG táctico com um sistema de combate em grelha e em que cada personagem tem um conjunto de três ataques normais, mais um ataque especial que pode ser utilizado num momento exacto. Não sendo o sistema de combate mais complexo do mundo, tem a profundidade suficiente para não afastar os entusiastas de RPGs tácticos (até porque podem elevar a dificuldade dos combates), não sendo complexo o suficiente para afastar quem nunca tenha jogado um jogo do género. Quando não se está a combater, o jogador deambula por toda a cidade entrando em casas alheias, na escola, no edifício da polícia, no Raisins (uma espécie de Hooters para crianças e gerido por crianças...), na loja de armas do Jimbo ou numa loja de venda de marijuana medicinal. Tudo o que se conhece da cidade de South Park encontra-se neste jogo, inclusivamente o Canadá… sendo que este só se pode observar à distância enquanto se ouve Terrence e Phillip a perguntar porque não ir até lá, já que tudo é melhor ali.Em todos os locais existem objectos que se podem utilizar na criação de outros objectos. Ao longo do jogo ganha-se experiência que permite criar novos objectos e que vai desbloqueando uma espécie de árvore de aptidões, mas de forma linear e que vai libertando novos espaços onde se colocam objectos mais poderosos e que elevam o poder de ataque/defesa, ao mesmo tempo que conferem características especiais. Existem vários tipos de poderes especiais, cada qual mais indicado para uma determinada classe de super-heróis (existem nove ao todo e pode-se alterar sempre que se quiser, sendo que no final do jogo tem-se acesso simultaneamente a três classes à escolha) e para o tipo de poderes que o jogador usar. Nada disto é explícito mas basta ter atenção às descrições dos objectos para perceber se o poder especial encaixa no modo de jogo de cada um.
Visual e sonoramente o jogo é deslumbrante, é um verdadeiro episódio de South Park a correr na consola a todos os níveis. Obviamente que a realização gráfica não vai deixar ninguém boquiaberto mas quem conheça a série pode perfeitamente acreditar que o jogo é um episódio de South Park. No entanto, essa impressão passa rapidamente assim que se chega a um ecrã de "loading", pois eles são inúmeros (às vezes dentro de uma casa, só para mudar de divisão há um compasso de espera) e demorados. A parte mais frustrante acontece quando se está a tentar ir para um lugar e afinal trata-se da direcção errada logo a seguir a um momento de espera… toca a voltar para trás e a repetir.Em termos de longevidade, terminar o jogo demora cerca de vinte horas, sendo que para explorar tudo e pelo menos para fazer todas as missões secundárias e apanhar a maioria das imagens Yaoi (desenhos de dois personagens de South Park em estilo anime) demora-se pelo menos vinte e cinco horas. Claro que cada classe de super-herói tem um estilo diferente e uma história de origem distinta (com um final mais ou menos idêntico) proporcionada por Cartman, vale sempre a pena repetir pelo menos parte do jogo para as ouvir a todas.
Conclusão
South Park: The Fractured But Whole é um RPG táctico competente mas que tem o seu forte não na parte táctica e sim no mundo em que está envolto. Quem nunca foi fã de South Park e nunca compreendeu o seu humor grosseiro pode esquecer este jogo porque tudo se baseia nisso e talvez até seja levado um pouco mais longe, já que a censura nos jogos consegue ser menos invasiva que nas televisões norte-americanas. Já para quem for fã da série (e tiver a paciência para aguentar os tempos de carregamento), não há neste jogo nada que não vá adorar imediatamente e vai sentir literalmente que está a jogar um dos episódios que tanta vez viu na televisão.
O melhor
- Humor de South Park
- Visual indistinguível da série de televisão
- Inúmeras opções de personalização da personagem
O pior
- Tempos de carregamento enormes…
- …que tornam explorar a cidade em algo aborrecido
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ubisoft.
6 de Junho, 2018, 22:46