
ANÁLISE
Lunar Knights
Caçadores de vampiros.
Por fabiio_alves a
Lunar Knights, anunciado durante a E3 de 2006, é o quarto título da saga Boktai e, apesar de não ter o mesmo nome, é a continuação da série idealizada por Hideo Kojima. O jogo traz uma história que não se relaciona com os anteriores jogos, mas apesar de ter o mesmo conceito, as personagens e o resto do enredo são diferentes. Ao contrário dos jogos Boktai, que se viravam mais para a resolução de puzzles, Lunar Knights foca-se muito mais na acção.
Os três jogos Boktai que saíram para o GameBoy Advance (o último não chegou a sair do Japão por muita pena minha...) obtiveram um grande sucesso devido à introdução de um detector de luz solar, que modificava a jogabilidade. Mas, ao contrário do antigos jogos da série Boktai, Lunar Knights não traz esse mesmo detector, que servia para captar a luz proveniente do Sol e assim recarregar as nossas armas, vida, energia ou até mesmo alterar as condições climatéricas. Isso trazia vários problemas, como por exemplo, termos e jogar a certas horas do dia (ou para enganar o detector, teríamos de colocar uma luz artificial ao lado dele, para termos alguma protecção contra os vampiros, pois não os vemos cá fora durante o dia). Para evitar esses problemas (?), os produtores de Lunar Knights incorporam no jogo ciclos diurnos e nocturnos que se vão alterando em tempo real durante o jogo (no ecrã superior da Nintendo DS), este sistema é designado por paraSOL. Apesar disto, ainda podemos colocar os sensores na segunda slot que a DS possui, e cada um detector (pois são três) provoca diferentes alterações no jogo.
No mundo vampírico de Lunar Knights, nós controlamos dois jovens heróis, que, com a ajuda dos chamados Terrennials, criaturas-elementos que nos acompanham durante a nossa jornada, vão tentar acabar com o mal que assombra o mundo. Lucian, também designado por "Dark Swordsman", é a primeira personagem a que temos acesso, é um caçador de vampiros que controla a "Dark Sword", Vanargand. Lucian também tem um misterioso passado que se vai revelar ao longo da história do jogo, enquanto tenta acabar com o líder dos vampiros. O seu companheiro é Nero, o Terrennial que governa sobre as trevas. Aaron, é a segunda personagem a que temos acesso, e controla um pistola que necessita a luz solar para disparar. Aaron também faz parte da "Guild", um pequeno grupo de humanos que tentam resistir e enfrentar os vampiros que controlam o mundo, os que integram a "Dark Tribe". O seu companheiro, Toasty, é o Terrennial que governa sobre a luz.O Touch Screen e o microfone da Nintendo DS foram bem aproveitados em Lunar Knights. Quando derrotamos cada Boss, o mesmo deixa uma Casket Armor (uma armadura que os protegia e tornava mais fortes), que tem de ser destruída para que ele não nos volte a incomodar. Estas armaduras só podem ser destruídas por uma mecanismo que absorve a luz solar e depois a direcciona para o objecto. O problema é que este aparelho está algures no espaço, e nós temos de atravessar inúmeros inimigos para lá chegar, através da nave espacial Laplace, tudo isto usando o Touch Screen da DS. Mas, a impossibilidade de pudermos disparar e movimentar-nos ao mesmo tempo pode ser bastante frustrante e se perdermos durante os vários níveis da viajem, temos de começar tudo de início. O ecrã táctil também é usado para, quando nos transformamos com o poder dos Terrennials, atacarmos os inimigos com rajadas de vento, meteoritos em chamas ou terramotos. O microfone é utilizado para, por exemplo, captar a atenção de inimigos (mais propriamente lobos) ou para atacar os inimigos com uma poderosa brisa. Também podemos convidar um amigo.
É impressionante como o universo do jogo nos envolve há medida que progredimos, pois vamos conhecendo cada vez mais personagens com histórias diferentes e passados muito misteriosos, as que controlamos e as que encontramos ao longo da nossa jornada. Somos incentivados a progredir no jogo para tentar descobrir a história por detrás do enredo todo. Apesar deste mistério todo, o jogo não surpreende quando deveria surpreender, causando algum sentimento de "desilusão" em nós. A história é realmente misteriosa, mas na hora de divulgarem os segredos omitidos, não surpreende. E, apesar de tudo o que acontece quando estamos nos cenários, o jogo continua fluído. E nem quando estamos cercados por inúmeros inimigos vê-mos um slowdown (pelo menos que eu tenha reparado). Não se deixem enganar pela perspectiva isométrica e pelos gráficos de GBA com que somos deparados. Os sprites são excelentes e os cenários estão cheios de pormenores que tornam o ambiente ainda mais envolvente e realista. Durante as cutscenes ou os diálogos, também podemos ver o bom trabalho da equipa que os realizou, pois os desenhos das personagens estão muito bem realizados, dando mais vida às mesmas. As músicas encaixam-se perfeitamente em cada uns dos cenários e efeitos sonoros são bons, mas com o passar do tempo, as melodias podem-se tornar repetitivas. Gostei do voice acting do jogo, até porque não existem assim tantos jogos na Nintendo DS com esta componente. Já agora, a possibilidade de ouvirmos todas as músicas na Jukebox do jogo também é agradávelNo que toca à jogabilidade, existe muita acção combinada com elementos RPG (aumentar o nível dos nossos personagens e o poder das armas, inúmeros items que nos ajudaram durante a jornada, vestuário para aumentar os nossos poderes ou causar efeitos nos inimigos, etc.). Também vamos encontrar alguns puzzles que teremos de desvendar se queremos continuar a aventura, e podemos-nos aventurar nas vastas dungeons, pois existem várias "salas" onde não temos de obrigatoriamente passar, até para descobrir novos items e até mesmo armas. O que torna o jogo mais interessante é a possibilidade de alternar entre as duas personagens principais em tempo real. Para além disso, o clima tem um papel fundamental no jogo, pois não só aumenta os poderes dos Terrennials (dependendo do tempo e do Terrennial, por exemplo, num ambiente árido, o poder do Terrennial do fogo irá aumentar) pois também nos dá acesso a novas áreas. Se, por exemplo, estiver a chover (ou não) podemos aceder a portas que não seriam possíveis de visualizar com outro tipo de clima ou até mesmo utilizar um para-pente, se estiver vento, para alcançar novas superfícies mais distantes. Apesar de ser interessante este sistema, falha quando é necessário alternar o clima, pois temos de sair da dungeon, falar com a pessoa que muda o clima, e voltar para a dungeon. Isto torna-se frustrante e aborrecido, pois teremos que enfrentar mais inimigos, gastar mais items e perder algum tempo.
O jogo peca na longevidade. A história principal dura, em média, entre 10 a 15 horas, o que é pouco para um jogo RPG. Mas, apesar de a história ter acabado, não quer dizer que o jogo vá directamente para a prateleira, muito pelo contrário. Para compensar isto, existem side-quests para serem resolvidas, armas e items para serem descobertos e novos modos e dificuldades para serem desbloqueados.
Conclusão
Lunar Knights não é perfeito. Tem algumas falhas que o podem tornar aborrecido e irritante, nomeadamente quando queremos mudar o clima e os combates espaciais. Podemos facilmente perder a paciência nestes dois momentos do jogo, fazendo com que o jogo aterre na prateleira durante algum tempo. Fora estes dois problemas, é um jogo divertido, com um grafismo agradável, uma componente sonora perfeitamente adequada ao ambiente e uma longevidade que se pode estender muito mais para além da história principal. Os que gostaram da série Boktai no GameBoy Advance, provavelmente não irão achar Lunar Knights ao nível dos outros jogos antigos da série, por este se focar mais na acção. Mas não se iludam, apesar disso, Lunar Knights vale a pena ser experimentado e deve ser experimentado, não só para os que já conhecem a série Boktai, mas para todos os apreciadores de Role-Playing Games. A Konami devia apostar mais na série, numa sequela mais propriamente, pois não só iria melhorar o que neste jogo foi introduzido, mas também, por isso, solidificar a ideia de que a série Boktai é uma das melhores séries de RPG presentes nas consolas portáteis da Nintendo.
O melhor
- Grafismo bom
- Jogabilidade variedade
- Nintendo DS foi bem aproveitada
O pior
- História principal de 10-15 horas
- Mudança de clima pouco pratica
- Menu in-game mal estruturado