
ANÁLISE
Crash Bandicoot N. Sane Trilogy
O conhecido marsupial está de volta.
Por Nuno Nêveda a
Numa geração marcada por inúmeros remakes e "remasters", alguns conseguiram destacar-se pela qualidade e a colecção N. Sane Trilogy de Crash Bandicoot é um exemplo notável disso mesmo. O trabalho desenvolvido pela Vicarious Vision é digno de destaque e fez jus ao trio original da série do conhecido marsupial. Lançado em exclusivo para a PlayStation 4 em Junho de 2017, Crash Bandicoot N. Sane Trilogy granjeou sucesso junto da crítica e dos jogadores e rapidamente surgiram inúmeros pedidos para adaptar a colectânea para outras plataformas. A Activision, actual detentora dos direitos de Crash Bandicoot, acedeu às pressões e passado cerca de um ano, eis N. Sane Trilogy na Nintendo Switch.
Como foi anteriormente referido, este regresso de Crash Bandicoot conta com os três jogos que deram início à história: Crash Bandicoot, Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back e Crash Bandicoot 3: Warped. Todos eles refeitos com as tecnologias gráficas actuais mas mantendo o desenho de níveis intacto, tal como as mecânicas originais, embora com algumas novidades. A entrada na Nintendo Switch traz consigo dois novos níveis criados especificamente para esta colectânea. Stormy Ascent está em Crash Bandicoot, enquanto Future Tense está no terceiro jogo.Mesmo partilhando mecânicas semelhantes, este trio de jogos apresenta diferenças significativas entre si. No geral, Crash Bandicoot é o que contém uma progressão mais linear, ao estilo de um Donkey Kong Country. Encontram-se então mais de três dezenas de níveis para explorar, com "bosses" pelo caminho para derrotar. O principal objectivo passa por atingir o final de cada nível para desbloquear o seguinte. É possível ainda encontrar e destruir todas as caixas presentes em cada nível para aceder a um cristal extra. De resto esta mecânica acompanha os restantes jogos, com nuances que os diferenciam. Talvez pelo estilo mais arcaico, aqui o remake não altera nem faz grandes concessões, é o menos interessante do leque, sendo mesmo o mais difícil e com demasiados momentos frustrantes. A dificuldade advém sobretudo da relação entre a perspectiva imposta ao jogador (a câmara é fixa) e o tempo de salto, que se complica ainda mais com um ligeiro atraso no reconhecimento dos controlos. O desenho de níveis também está longe de ser perfeito.
Crash Bandicoot 2: Cortex Strikes Back é uma evolução e é um jogo mais divertido. Agora os níveis estão distribuídos por salas em conjuntos de cinco. Quando concluídos, abre-se o caminho para um boss e depois para novas zonas. A jogabilidade, embora mantenha a mesma base, tem algumas novidades como a possibilidade de deslizar. O desenho de níveis é também mais atraente e a variedade aumenta. Provavelmente a melhor opção recai em Crash Bandicoot 3: Warped, pois é menos difícil, menos frustrante, mais variado e equilibrado. Mantendo a mesma estrutura de progressão do antecessor, tem inúmeras novidades de ataques, como por exemplo a introdução de uma bazuca. Há ainda outro tipo de níveis que pisca o olho a diferentes géneros.
N. Sane Trilogy destacou-se na PlayStation 4 também pelo belo grafismo, com uma forte aposta na manutenção da identidade dos originais da década de 1990. A direcção artística manteve-se fiel, com um charme muito próprio. Naturalmente que nesta versão para a Nintendo Switch o grafismo é visivelmente sacrificado em prol de uns consistentes 30 fps. Alguns efeitos técnicos desapareceram, as cores tornaram-se menos vibrantes e a resolução sofre, nomeadamente em modo portátil. Mesmo assim, a adaptação feita pela Toys For Bob é de louvar.
Conclusão
O fim da exclusividade de Crash Bandicoot N. Sane Trilogy é uma boa notícia para os jogadores. É uma excelente oportunidade para experimentar três representações fiéis de clássicos com mais de vinte anos, adaptados com uso da tecnologia actual, ainda para mais a um preço relativamente simpático. Mesmo acusando alguma idade, nomeadamente o original Crash Bandicoot, é uma charmosa colectânea altamente recomendada para quem possua uma Nintendo Switch.
O melhor
- Jogos clássicos cheios de charme
- Fiel aos originais com belo grafismo
- Imenso conteúdo
O pior
- Resolução em modo portátil
- Momentos frustrantes, sobretudo no primeiro jogo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em versão física final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ecoplay.