
ANÁLISE
Blossom Tales: The Sleeping King
Óbvias influências.
Por Henrique Pereira a
Sendo uma das séries mais veneradas dos videojogos, The Legend of Zelda foi e continua a servir de inspiração para muitos jogos que tentam oferecer uma experiência semelhante. Ainda que hoje em dia existam poucos pares para a sua versão mais moderna devido aos orçamentos elevados que tal formato exige, a sua versão clássica com uma perspectiva vista de cima continua a ser a base de muitos jogos. Blossom Tales: The Sleeping King é um desses jogos, um título independente que chega à Switch com a expectativa que esta seja plataforma ideal para se destacar.
Blossom Tales conta a história de uma recruta a cavaleira, Lily, que vê o seu monarca a ser amaldiçoado num sono profundo pelo seu irmão, cabendo a ela recuperar três ingredientes que o farão acordar. A história não desenvolve muito mais para além disto, apenas aparecem os acontecimentos da jornada do jogador pelo mundo, sendo que estes estão limitados ao que o jogador estiver a fazer, não tendo implicações de relevo no enredo em geral ou no desenvolvimento do universo do jogo. No entanto, a história é apresentada como se fosse um conto de um avô aos seus netos, dando um charme diferente a um enredo sem grandes motivos de interesse. Este formato nem sempre é bem executado, sendo que o aspecto mais interessante, que é a possibilidade de escolha de diferentes acontecimentos devido à interferência dos netos na narrativa do seu avô, está pouco desenvolvido e é muito limitado, ainda que seja desculpável tendo em conta as origens simples do jogo.A estrutura de Blossom Tales é a esperada com um mundo para explorar, acopanhado de perigosas masmorras que contêm os ingredientes necessários para salvar o rei e respectivo reino. Este mundo encontra-se decentemente povoado a nível de inimigos, localidades, tesouros escondidos, segredos e outras coisas para fazer, ainda que estes aspectos e os ambientes que se encontram sejam bastante genéricos. Por outro lado, as masmorras estão bastante desenvolvidas com áreas diferenciadas que apresentam desafios interessantes, tanto a nível de navegação, como a nível de combate e puzzles. No entanto, estes últimos apenas existem em alguns (poucos) formatos que se repetem em todo o jogo e ainda por cima podem tornar-se frustrantes devido à sua natureza onde um erro exige que se comece do início. Finalmente, a progressão do jogo é muito formulaica, sem lugar a grandes surpresas e sem uma verdadeira sensação de liberdade ao explorar o mundo.
Felizmente que a jogabilidade, do ponto de vista do controlo da protagonista e do combate, é o aspecto mais forte de Blossom Tales, com um movimento muito fluido e facilidade em atacar com a espada ou outros itens e armas que se apanham ao longo da aventura. Isto poderia tornar o jogo demasiado fácil mas estes foram correctamente colocados para proporcionar o desafio ideal às habilidades do jogador, ainda que a quantidade elevada de itens de cura e ressurreição acabe por facilitar um pouco mais que o desejado. Além disso, os inimigos e os bosses têm mecânicas interessantes e estão bem idealizados, mesmo que lhes falte aquele toque de genialidade que se encontra nos jogos da série Zelda em termos de formas inteligentes de os enfrentar.Tratando-se de um jogo indie, não se deve esperar uma jornada de várias dezenas de horas, mas pode-se contar pelo menos com oito horas de aventura, sendo que existem alguns objectivos secundários que lhe podem acrescentar mais uma ou duas horas. Pelo preço pedido, é perfeitamente razoável. Visualmente, o jogo opta por um estilo em "pixel art" mas apresentando os seus elementos num tamanho maior do que esperado, um pouco ao estilo dos jogos de Game Boy. É bastante agradável à vista, usando mesmo alguns efeitos mais modernos a nível da luz para dar um maior dinamismo à boa animação presente. Em termos sonoros, a banda sonora e efeitos tentam evocar uma sonoridade ao estilo das máquinas de 16-bit. No entanto, falta-lhes maior qualidade e originalidade nas melodias para se realmente destacarem, ainda que em geral complementem bem o que se passa no ecrã.
Conclusão
Blossom Tales não tem aquela envolvência especial da série Zelda a nível do seu mundo, história e música, sendo que falha um pouco nos aspectos que o poderiam ajudar a destacar-se, o que faz dele um pouco genérico. No entanto, não deixa de ser uma boa proposta para quem quer um jogo com uma estrutura e jogabilidade ao estilo de um Zelda clássico, dois aspectos cuja execução é muito boa.
O melhor
- Excelentes controlos e boa jogabildiade
- Mundo e masmorras bastante preenchidas
O pior
- Genérico a nível de história, conteúdo e banda sonora
- Puzzles repetitivos e frustrantes
- Sistema de escolhas na história pouco desenvolvido
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela FDG Entertainment.