
ANÁLISE
Tales of Symphonia
Um clássico de culto.
Por Syaoran a
A grande razão por que eu adoro RPGs é devido às histórias que nos contam, desde a primeira vez que vi um que soube que era um género que gostava, algo em mim me fez sentir naquele momento que aquele tipo de jogo me faria querer chegar ao fim, conhecer toda a história e desvendar todos os segredos do jogo. Outra razão é a música deste tipo de jogos, é incrível a quantidade de boas músicas que se encontram em RPGs, qualquer pessoa que já tenha jogado um Final Fantasy consegue entender porquê. Há ainda outro motivo, são os combates, lutas em que temos que usar poderes, invocações, magias, tudo isto me faz adorar o género. E neste caso os combates são mesmo o que mais me atrai em Tales of Symphonia.
A Namco já nos habituou desde há muito a boas histórias nos seus RPGs, e Tales of Symphonia não é excepção. A partir do momento em que colocamos o disco na nossa Game Cube começamos logo por ver uma magnífica intro, que só peca por não chegar até nós com a música original japonesa. Após a intro eis então que começa a história. Lloyd Irving é o herói da história e o personagem que controlamos desde cedo. Lloyd vive em Sylvarant, um mundo que está a morrer, facto do qual ele ainda não se apercebeu. Com um grande sentido de justiça, muita coragem, e uma grande lealdade para com os seus amigos, ele junta-se a eles numa importante jornada, uma jornada para salvar o mundo.
A melhor amiga de Lloyd, Colette Brunel, é “A Escolhida”, destinada a salvar o mundo como descendente da linhagem de Mana (a fonte de energia deste mundo). Com apenas 16 anos, carrega assim o fardo de ter que salvar o mundo. Genis Sage é o intelectual da aldeia, e também amigo de Lloyd. É um mágico talentoso e possuidor de uma grande personalidade. Juntos após uma série de acontecimentos eles partem para tentar restaurar o equilíbrio do mundo que se encontra às portas da morte. Juntam-se também a eles Raine, professora de Lloyd, e Kratos, um mercenário contratado para proteger “A Escolhida”. À primeira vista parece cliché e de início até o é, isso claro até surgirem as reviravoltas na história e quando pensamos que tudo acabou é quando realmente está a começar. Contem também com dezenas de minijogos e side-quests.Ora bem, o que dizer do sistema de batalhas. A meu ver é o melhor na saga até ao momento, é uma das razões que me fez querer continuar o jogo sem nunca me aborrecer, lembro-me de me estar a dirigir para o último boss e normalmente nessa altura já estamos fartos de combates contra inimigos e já só queremos saber o fim da história, pois bem, pela primeira vez deparava-me a ir de encontro aos inimigos na última zona do jogo de propósito, e a razão para tal mudança de atitude é que o sistema de combate simplesmente não cansa, é fantástico, aliás, creio que divertido é o termo certo, só queria lutar mais e mais e mais. As batalhas funcionam da seguinte forma: Quando “chocamos” com um adversário durante o jogo entramos no modo de combate, à partida temos 4 personagens da nossa equipa preparadas para lutar, a personagem que controlamos (normalmente o Lloyd) pode escolher qual dos inimigos em campo enfrentar e a partir daí o combate é bastante parecido a um jogo de luta. O botão A é o ataque, o X desvia e o B permite-nos usar ataques especiais.
Aprendemos muitas técnicas novas durante o jogo que podemos configurar ao analógico do nosso comando. Por exemplo, se programarmos o ataque “Demon Fang” para quando carregamos cima no analógico, então durante a batalha se carregarmos B enquanto carregamos para cima o Lloyd irá usar o “Demon Fang”. É completamente espectacular, e não termina por aqui. As batalhas vão-se tornando mais complexas à medida que avançamos no jogo. Ganhamos novas técnicas com o decorrer do jogo que podemos associar a outros botões do comando e ainda programar estratégias, ataques em equipa e ainda usar ataques mágicos da mesma forma que usamos outras técnicas, desde que estejam programados para um determinado botão. O sistema de combate é sem dúvida muito divertido e a Namco ainda fez com que os combates possam ser jogados a 4 jogadores em modo cooperativo, em que cada um controla um dos personagens da batalha e usa as técnicas/magias que quiser.Outro elemento do jogo que nos encanta logo à partida são os gráficos estilo anime que estão muito bem representados devido à técnica cel-shading, e claro, devido ao fabuloso designer de personagens Kosuke Fujishima, autor da manga e da versão anime de Oh! My Godess. O jogo é em 3D, mas a maior parte do tempo é representado num 2D com a câmara fixa em que apenas circulamos pelo cenário com o personagem. Nas cidades e no interior dos edifícios por vezes vemos lindos detalhes gráficos, texturas como madeira e tecidos estão excelentes e o jogo de luz/sombras é fantástico. Contudo é no mapa mundo que o jogo peca, os gráficos são simples e por vezes notam-se algumas texturas repetidas, não deixando apesar de tudo de existirem caminhos de terra, praias, algumas árvores e montanhas, no fundo acabam por ser o suficiente, embora podessem estar mais trabalhados. As animações das batalhas são bastante fluidas e as técnicas usadas têm efeitos muito apelativos e bem desenhados, bolas de fogo, ataques de gelo, tremores de terra, tudo incrivelmente desenhado. De uma maneira geral a apresentação do jogo é muito boa, por vezes aparecem ainda cara dos personagens a mostrar alegria, raiva, tristeza, etc, ao bom estilo que a Namco já nos habituou.
A música é bastante agradável embora por vezes se torne repetitiva no mapa-mundo, não deixa contudo de ser uma excelente banda sonora. Os efeitos de som são excelentes, desde o vento, ao som das ondas e aos tradicionais sons de combate. Ouvimos cada membro da nossa equipa pronunciar cada ataque que vai usar, do género dos animes, e os sons dos ataques mágicos também é bastante adequado quer seja um ataque de fogo, gelo, etc.Contudo o som do jogo não se fica por aqui. Tales of Symphonia tem uma história enorme e em muitas partes a acompanhar a escrita existe mesmo um diálogo entre os personagens com uma dobragem de excelente qualidade, apesar de se notar que as vozes de Lloyd e Colette (os personagens principais) foram muito melhor escolhidas que as dos outros, não deixando contudo de serem todas boas e não destoando muito do personagem em questão. Só lamento que não tragam até nós as vozes originais japonesas e a música original da intro do jogo.
A Namco refere que o jogo dura à volta de umas 80 horas, contudo se quisermos apanhar todos os itens raros, saber todas as técnicas, magias e afins, o jogo consegue durar bem mais que isso aproximando-se talvez das 100 horas. O jogo vem em dois discos e o tempo de mudança de um para o outro é mais ou menos nas 40 horas o que significa que o segundo disco tem muito para jogar, mas também compreende-se porque muitas vezes já só apanhamos os itens todos depois de terminar o jogo, ou seja, no último disco. Nos tempos que correm já é muito difícil encontrar um jogo tão extenso como este e que consegue ao mesmo tempo agarrar o jogador de início ao fim, o que faz com que Tales of Symphonia seja uma autêntica obra-prima, valendo totalmente a pena ser comprado a preço completo. Hoje em dia contudo já não existem muitas cópias do jogo à venda, sendo um jogo relativamente raro de encontrar, e praticamente só o encontramos mesmo à venda em sites da especialidade.
Conclusão
Tales of Symphonia é uma autêntica obra-prima capaz de atrair mesmo os “não amantes” de RPGs devido ao seu sistema de batalhas único e grande história. O jogo é todo ele uma experiência divertida, extensa e muito apelativa ultrapassando os de longe os RPGs medianos cada vez mais existentes no nosso mercado.
O melhor
- O Sistema de batalhas inovador
- O design dos personagens
- Muitos minijogos e side-quests
- Mais de 80 horas de jogo
O pior
- As texturas do mapa-mundo
- Não ter a música da intro e vozes originais