
CRÓNICA
Skyward Sword espreita pela Nintendo Switch
Domingo Nintendo está de regresso.
Por Tiago Marafona a
Foram muitas as reacções quando surgiram os primeiros rumores de que a Nintendo estaria a preparar a possibilidade de The Legend of Zelda: Skyward Sword voltar a renascer das cinzas. Foi na Wii que tentaram reinventar a fórmula de Zelda, dando-lhe um toque diferente na jogabilidade com controlos por movimentos e com uma estrutura que saiu do percurso trilhado pelos jogos anteriores. Apesar disso, atualmente paira uma interrogação: após estes anos todos, com dois jogos da série relançados em HD na Wii U e o seu sucessor a ter dado cartas na Switch, o que restou de Skyward Sword para que houvesse tanto interesse na memória de quem o jogou naquele período? Ou melhor ainda, o que fez com que quem não o tivesse jogado ficasse tão curioso e com vontade de o jogar?
A Nintendo já vinha fazendo testes na jogabilidade da série com Phantom Hourglass e Spirit Tracks na DS, tudo graças à dupla de ecrãs e sobretudo ao ecrã táctil, contudo e por alguma razão, essa implementação não lhes beliscou. Mas também é certo que ambos são encarados como títulos menores, ou até mesmo considerados como jogos de segunda linha da série Zelda, mas nada teve que ver com os controlos, que muitas das vezes recorriam ao ecrã táctil. Já Skyward Sword ficou marcado sobretudo pela sua singularidade na jogabilidade e pelos controlos por movimento.
Skyward Sword reuniu o melhor dos dois mundos no seu aspecto visual, juntando o que muitos queriam: o lado sórdido de Twilight Princess e o lado cartoonesco de Wind Waker. Resultado? Uma fusão perfeita que só não passou no teste do tempo porque merece uma resolução mais actual. Skyward Sword espremeu o poderio gráfico da Wii nos últimos tempos de vida da consola e mostrou que aquela plataforma já não podia ir mais além. Tecnicamente reuniu tudo o que a Nintendo tinha para trazer para um título do seu calibre, com selo de qualidade sublime. Mas foi no aspecto diferenciador da sua jogabilidade que acabou por sobressair, para o bem ou para o mal, e que ainda hoje é recordado essencialmente por isso.A tal precisão na execução de movimentos que a Nintendo aclamava com o recurso ao Wii Motion Plus fez com que o registo de todos os movimentos fosse claramente ampliado, juntamente com o fiel aliado do Wii Remote, o Nunchuck. Foi a combinação perfeita e em absoluta sincronia. Espada e escudo nas nossas mãos. Os ataques aos inimigos surgiam de forma estratégica e não resultavam se fossem usados unicamente movimentos que rasgassem o ar com circulações estrambólicas. Havia um tempo perfeito para atacar e para defender e Skyward Sword ensinava o jogador. Novos enigmas e particularidades singulares dos mapas também faziam com que as utilizações dos movimentos fizessem parte da experiência que ainda facilmente saltam à memória. Quem não se lembra de girar o comando várias vezes ao ponto de trocar as voltas aos olhos que se encontravam nas portas? Ou de lançar bombas como se estivesse a jogar bowling?
Skyward Sword trouxe uma jogabilidade inovadora mas que rapidamente se tornou banal. Muitos jogadores e até mesmo fãs da série não gostaram da experiência. As críticas foram sobretudo para o que a Nintendo passava na altura ser o principal trunfo do jogo e o que viria a ser o futuro não só da série, como também da própria Nintendo. Mas não foi bem assim, até porque Breath of the Wild viria a repor o legado da jogabilidade.
E se Skyward Sword saísse hoje, como viria ao mundo? Será que a Nintendo, nomeadamente Eiji Aonuma, iria oferecer o melhor dos dois mundos, que se resumia às duas formas de jogar - clássica e por movimentos? Ou tentaria reconquistar novamente os jogadores com os controlos por movimento, limitando o jogo dessa forma? É certo que os Joy-Con ainda possuem essa funcionalidade que em tempos foi revolucionária, e que até mesmo em 1-2-Switch voltou a fazer as maravilhas de alguns jogadores, mas aí não poderia cair novamente no erro do passado? É certo que se fosse uma aposta ganha, provavelmente poderia fazer ressurgir o interesse dos controlos por movimento no futuro da série.
No fim, o sentimento que paira no ar continua a ser que Skyward Sword foi um jogo ambicioso, mas que não foi ao encontro do que os jogadores queriam naquele momento. O factor novidade obviamente que imperou, mas não conquistou o público, o que deixa algumas dúvidas sobre como seria nos dias de hoje, sobretudo com este novo fôlego e entusiasmo pela Switch. A Nintendo diz que de momento, Skyward Sword não está nos seus planos, mas o regresso do jogo com uma nova roupagem já está há muito tempo nas ideias dos fãs e dos curiosos que não lhe deram uma oportunidade no seu tempo.