
ANÁLISE
Guacamelee! Super Turbo Championship Edition
Cultura mexicana.
Por Tiago Marafona a
A criatividade e a estranha ausência do medo de errar que existia nos anos 90 levou a um leque absolutamente deslumbrante de jogos invulgares que ainda hoje têm um aspecto bastante bizarro. Mas essa rica e extravagante luta pela fórmula ímpar do que existira foi-se perdendo, sobretudo pelas grandes produtoras. Esse legado foi caindo e ganhou uma nova fase com a criação de estúdios independentes, que hoje todos conhecem sob a designação de “indies”. É numa dessas fornadas que surge Guacamelee! Super Turbo Championship Edition, um jogo de plataformas que puxa ao estilo “Metroidvania”, com uma particularidade: a cultura e identidade mexicana.
A história de Guacamelee! Super Turbo Championship Edition bem que poderia sair de uma típica novela mexicana: a bela amada do protagonista e filha do El Presidente, Juan Aguacate, é raptada por Carlos Calaca, o vilão de toda a trama. Numa terrível luta do bem contra o mal, o protagonista acaba por sair vencido numa primeira fase. Apesar de não morrer, acaba por passar pelo mundo dos mortos. Nesse mundo, Juan adquire uma máscara que lhe atribui poderes incríveis e que o torna num lutador. Seu nome passa então a Tostada.Guacamelee! Super Turbo Championship Edition junta dois elementos: acção e plataformas, que podem ser identificados como Castlevania e Metroid. O ambiente é fantástico, com traços gerais de um México moderno e "cool". O sentido de humor é omnipresente e é impossível ficar indiferente ao enredo e às inúmeras expressões em espanhol, apesar de o jogo estar em português, bem como aos imensos desenhos como cartazes com várias referências a outros jogos da Nintendo, onde obviamente Super Mario aparece destacado.
A evolução do protagonista é gradual, mas altamente sentida. Os primeiros golpes são obviamente despidos, com socos e combinações simples, mas que com o decorrer da jornada vão ficando mais competentes e divertidos. Os vários equipamentos disponíveis, como fatos de lutador, também vão atribuindo golpes únicos. Os fragmentos de coração que vão surgindo ao longo do jogo também servem para melhorar os atributos do protagonista. Visualmente apresenta-se numa perspectiva clássica em 2D, com modelos bem desenhados e muito inspirados no ambiente retratado. As cores e toda a arte viva dentro dos cenários destacam-se claramente.Guacamelee! Super Turbo Championship Edition oferece também a possibilidade de jogar de forma cooperativa até quatro jogadores, e até incentiva a esse mesmo modelo em vários momentos do jogo, embora isso possa reduzir a dificuldade e o nível de desafio do jogo. No campo menos bom, pode-se apontar alguma falta de variedade na estrutura dos cenários, bem como a ausência de algumas surpresas. Não se tratando de um jogo longo, pode oferecer uma dezena de horas a quem gosta de explorar um pouco mais para além da aventura principal.
Conclusão
Guacamelee! Super Turbo Championship Edition oferece uma experiência competente que já tinha sido marcante na geração anterior. Nesta versão mais do que definitiva, oferece aquilo que já parecia praticamente perfeito no capítulo técnico, e sobretudo tratando-se de um jogo indie. A temática e o espírito sangue quente latino-americano poderá não atrair a todos, mas toda a imersão humorística num “Metroidvania” sem medo de arriscar vai agradar aos curiosos e apreciadores.
O melhor
- Temática e ambiente
- Profundidade de desenvolvimento da personagem
- Enredo simples e divertido
- Graficamente muito competente
O pior
- Alguns níveis um pouco desinspirados
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela PopAgenda.
5 de Dezembro, 2018, 13:11