
ANÁLISE
Yo-Kai Watch Blasters: Red Cat Corps & White Dog Squad
Acção para novatos.
Por Sérgio Mota a
Desenvolvido pela Level-5, a série Yo-Kai Watch tornou-se um enorme fenómeno de popularidade no Japão desde o lançamento do primeiro capítulo em 2013. Numa altura em que as grandes séries de peso fazem a sua transição da 3DS para a Nintendo Switch, a série Yo-kai Watch não só continua a destacar-se na consola portátil de ecrã duplo com o lançamento do terceiro jogo, como chega agora um "spin off", baseado em alguns momentos do segundo jogo com roupagens inspiradas em elementos da cultura pop dos anos 80.
O enredo segue os acontecimentos de Yo-Kai Watch 2, onde se reencontram algumas das personagens num quartel dos bombeiros de aspecto norte-americano e com uma viatura na garagem claramente inspirada no sucesso dos anos 80 Caça-Fantasmas. As inspirações nesta obra são inúmeras, roçando mesmo o plágio, o que até levou a uma mudança no nome do título que originalmente era Yo-Kai Watch Busters.O lançamento é dividido em duas variações diferentes: Yo-Kai Watch Blasters Red Cat Corps e Yo-Kai Watch Blasters White Dogs Squad, ambas apresentam globalmente a mesma experiência com pequenas variações de conteúdo, como personagens e armamento. Existe ainda uma terceira edição especial de nome Yo-Kai Watch Blasters: Moon Rabbit Crew, disponível de forma gratuita e integrante das duas versões anteriores como conteúdo adicional.
O enredo é dividido por episódios, com sequências de animação em pontos-chave. O jogador conhece uma equipa de quatro Yo-kai extremamente mal preparados para a sua missão de apanhar os monstros que aterrorizam a cidade. Assim as missões iniciais servem paralelamente de tutorial para a introdução das mecânicas ao jogador, camufladas sob forma de treino da equipa de Yo-kai. Este é um processo demasiado longo e penoso. As indicações surgem sob a forma de intermináveis trechos de diálogo, alternando com missões onde se coloca em prática o que se aprendeu, elas próprias interrompidas com novas deixas de diálogo que cortam a fuidez. O enredo procura atenuar todo este processo através do uso constante de humor, que acaba por cumprir o seu propósito apesar de por vezes o processo dar o aspecto de ser demasiado forçado. Mesmo assim, passam-se as duas primeiras horas de jogo introduzindo gradualmente novos elementos, o que dada a sua simplicidade faz o jogador questionar esta escolha, principalmente tendo em conta que o jogo se destina um público mais jovem, e por ventura menos paciente.Existem três tipos de missões disponíveis: as que se encontram na história principal, as de patrulha (que permitem explorar o mapa em busca de novos elementos) e as missões de "boss" que permitem reviver combates com Yo-Kai mais fortes. A equipa do jogador é composta por quatro elementos que podem variar entre quatro tipos diferentes disponíveis, que variam em características chave seguindo o padrão habitualmente usado nos RPGs, com uns mais vocacionados para a vertente atacante, outros para a vertente defensiva. Ao longo das missões é possível recrutar novos Yo-kai e modificar a equipa mediante as preferências do jogador, o que confere ao jogo uma componente estratégica interessante, mas dado o grau de dificuldade reduzido não assume o destaque desejado, sendo possível terminar a história principal facilmente com o uso exclusivo da equipa inicial. Os elementos habituais do género fazem todos presença, como uso e fabrico de armamento, sistema de fraqueza ou vantagem mediante o tipo da personagem e claro, aumento de nível e melhoria das características das personagens. A variedade é imensa mas irrelevante, dado o pouco destaque que as suas implementações ganham na globalidade da experiência. O combate resume-se ao pressionar repetidamente e de forma aleatória os botões dedicados e pouco mais, sendo muito raras as vezes em que esse processo não é suficiente para superar o desafio.
Visualmente e sendo um jogo originalmente lançado em 2015 no Japão, apresenta uma direcção artística perfeitamente contemporânea no contexto da consola, com principal destaque para as sequências de animação presentes no modo história e para a inclusão da componente 3D, que apesar de ser um recurso pouco em voga com a afirmação cada vez maior da linha 2DS se encontra muito bem implementada no jogo. A componente sonora é interessante e segue as pegadas da segunda entrada da série, mas a inclusão de pequenas frases durante as longas linhas de diálogo são uma escolha questionável e destacam a repetitividade de todo o processo.
Conclusão
Alguns anos após o seu lançamento inicial, Yo-Kai Watch Blasters chega à Europa com uma proposta alternativa, num "spin off" que conjuga elementos popularizados com a segunda entrada da série principal e do clássico cinematográfico dos anos 80 Caça-Fantasmas. Devido à sua jogabilidade demasiado simples e acessível, é dificil justificar o longo e penoso processo de tutorial que assola as primeiras horas de jogo. A sua natureza repetitiva e dificuldade reduzida tornam a componente estratégica irrelevante e despojam a vertente multijogador de interesse. Os elementos novos são apresentados numa combinação pouco coerente que carece de uma identidade própria e torna-o difícil de recomendar a seguidores da série que procurem uma nova abordagem. No entanto, mesmo a esses por ventura seria melhor investir o tempo no recém chegado Yo-kai Watch 3.
O melhor
- Nova abordagem a uma série de sucesso
- Jogbilidade simples e intuitiva
- Bom uso da componente 3D
O pior
- Tutorial demasiado longo e penoso
- Demasiado colado ao filme em que se inspira
- Dificuldade reduzida prejudica a componente estratégica
Nota: Esta análise foi efectuada com base em exemplar físico do jogo Yo-Kai Watch Blasters: Red Cat Corps para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.