
ANÁLISE
LEGRAND LEGACY: Tale of the Fatebounds
Experiência clássica.
Por Diogo Caeiro a
Descrito pela própria produtora como uma carta de amor a JRPG de outrora, o sentimento de nostalgia que penetra o jogador desde os momentos iniciais de LEGRAND LEGACY: Tale of the Fatebounds até à sua conclusão é inegável. Mais que uma homenagem, é quase como se esta produção da Semisoft se tratasse de uma actualização visual e técnica de um de muitos jogos do género que tomaram de assalto plataformas como a PS1 no final da década de 1990, conservando simultaneamente o melhor e o pior que estes tinham para oferecer.
Não tentando nada de novo no que toca ao enredo e personagens, LEGRAND LEGACY preenche todas as casas no que diz respeito ao que o típico JRPG propõe, desde o protagonista amnésico sem sal e com poderes ocultos ao ser preciso salvar o mundo que se encontra à beira da catástrofe por razões pouco lógicas e no mínimo vagas. O diálogo (e a escrita em geral) precisa também de mais algum trabalho, sendo a sua maioria desinteressante e exageradamente simples, como um mau livro para adolescentes. No entanto, sendo uma produção chinesa e proveniente de um estúdio de recursos modestos, é de esperar que a tradução para inglês não faça justiça ao guião original e lhe tenha retirado algum sumo.Mencionando agora o seu sistema de combate, ele emprega duas mecânicas principais que raramente se verificam nos seus contemporâneos: a presença de um "quick time event" cada vez que se executa um ataque em que o seu sucesso afecta directamente o desempenho; e o posicionamento consecutivo de personagens do mesmo tipo em combate, que afecta igualmente o poder ofensivo e defensivo do elenco. Infelizmente nenhuma delas é propriamente profunda, principalmente no que toca à primeira, que não possui qualquer tipo de padrão ou estratégia definida, tornando muitas das investidas contra os inimigos em ocorrências puramente dependentes de sorte, o que retira mais ao combate do que o que adiciona.
O que no entanto se encontra bem construído é a forma como diferentes inimigos reagem a diferentes tipos de ataques e especializações de personagens, sendo isso muito aparente no seu aspecto visual. Por exemplo, inimigos voadores esquivam-se com mais regularidade de ataques a curta distância (como seria de esperar), ou inimigos com uma aparência fantasmagórica não têm qualquer tipo de problema em aguentar ataques físicos, como é igualmente lógico. É no fim de contas um sistema de fraquezas comum, mas o facto de estar bem aplicado e com uma componente visual forte que o acompanha é certamente um dos melhores aspectos do combate de LEGRAND LEGACY.É necessário também realçar a progressão iregular do jogo, onde se incluem várias secções constantemente interrompidas por sequências cinemáticas ou eventos e interacções entre personagens que variam do pouco relevante ao inútil para a trama principal, arrastando o jogador num pára-arranca desnecessário. Destaque no entanto para certas missões e personagens secundárias que ocasionalmente se encontram no decorrer da aventura, sendo a sua grande maioria superior ao conteúdo principal.
Visualmente está muito bem concebido, com cenários muitas vezes deslumbrantes, ricos em cor e pormenor, nos quais os modelos para personagens e inimigos não ficam nada atrás. Os retratos de cada personagem são também únicos, sendo imediatamente possível de identificar que se trata de um jogo chinês. O seu desempenho é também um ponto positivo, comportando-se bem quando jogado num ecrã de televisão e com muito poucos percalços no ecrã da Switch, excluindo algumas animações muito prolongadas em combate.
Conclusão
Para os fãs do género que guardam com especial carinho o final da década de 1990, há muito aqui por explorar que será certamente do seu agrado. Da mesma forma, quem não tiver um interesse especial por JRPG dessa época não vai encontrar grandes razões para aqui se aventurar.
O melhor
- Visualmente excelente
- Conteúdo opcional de qualidade
- Boa homenagem a JRPG clássicos
O pior
- Enredo inconsistente
- Combate muito baseado na sorte
- Nada de inovador ou criativo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela SEMISOFT.
18 de Fevereiro, 2019, 22:29
E tendo em conta a concorrência que enfrenta na Switch...não tem hipóteses