
Não é novidade para ninguém: jogos com temas “retro” ou inspirados nas gerações anteriores é o que não falta por aí e a eShop da Nintendo Switch não é excepção. Desta vez, a honra cabe a FullBlast, um “shoot'em up” 2D desenvolvido pela UFO Crash Games (Espanha) e que chegou à Nintendo Switch – e outras plataformas contemporâneas – pela mão da Ratalaika Games (oriunda igualmente do país vizinho).
Full Blast é então um “shoot'em up” 2D com uma premissa que não destoa dos seus congéneres: alienígenas invadiram a Terra e o jogador tem de destruir as forças invasoras. Tal como muitos dos seus semelhantes, FullBlast não tem uma história nem um enredo, apenas um motivo para justificar a acção, mas isso pouco importa. Se a estrutura do jogo e as mecânicas remetem para gerações passadas, a componente audiovisual faz pensar nos primeiros passos dos cenários 3D, exibindo um aspecto bastante monótono e uma banda sonora a pender para o heavy metal.Ao longo de doze níveis o jogador vai abater uma série de alienígenas e encontrar um “boss” no final de cada capítulo, com direito a um inimigo bem maior e mais poderoso na conclusão do jogo. Para isso usa-se uma arma de disparo simples que pode ser melhorada para algo mais ambicioso graças aos “power-ups”, bem como uma bomba que varre tudo o que se encontra no ecrã mas que existe em quantidades bastante pequenas. Os inimigos incluem veículos aéreos, criaturas com aspecto de plantas carnívoras gigantes e cérebros que podem manipular meios militares terrestres contra o jogador.
E é tudo, nada de mais: a variedade de inimigos é parca, a estratégia necessária também e embora exista uma certa dose de desafio à medida que o jogo avança, sobretudo no terceiro nível de dificuldade, é impossível evitar a sensação de repetição logo após vinte minutos: inimigos muito semelhantes com padrões de ataque pouco variados e a sensação que a única coisa a fazer é mover a nave do jogador de um lado para o outro e disparar incessantemente. Esta sensação é agravada pelo uso constante dos mesmos textos no final de cada nível – já se sabe, ninguém joga um “shoot'em up” pela riqueza do diálogo ou complexidade das personagens, mas digamos que o uso recorrente dos mesmos diálogos não ajuda, ao ponto de se sentir que a curta interacção verbal com o “boss” final quase parece um pequno bónus.FullBlast não permite jogar online, apesar de incluir tabelas classificativas para comparações com jogadores de todo o mundo, mas apresenta uma componente multijogador local, onde dois jogadores podem percorrer os doze níveis em co-op, cada um com o seu Joy-Con. A título de curiosidade, refira-se ainda que Full Blast foi traduzido em vários idiomas (ainda que, como já se sabe, o enredo não seja o seu forte) e embora o português não se encontre entre eles, é possível jogar em galego.
Conclusão
Sendo claramente uma produção de baixo valor, FullBlast cumpre os mínimos no que diz respeito à competência: o jogo corre de forma fluida, sem percalços e consegue apresentar um pequeno nível de desafio. Posto isto, a repetitividade e forma algo mecânica como o jogo se desenrola e o ambiente audiovisual que não cativa ninguém não permitem a Full Blast uma posição capaz de ombrear com as dos seus pares de maior sucesso entre os “shoot'em up” 2D que regressaram em força ao mercado contemporâneo. É um jogo que funciona...e nada mais.
O melhor
- Acção fluida
O pior
- Demasiado repetitivo
- Muito pouco criativo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ratalaika Games.