
ANÁLISE
Ninja Gaiden 3: Razor's Edge
Ryu Hayabusa está de volta às consolas da Nintendo.
Por Fábio Pereira a
Ryu Hayabusa iniciou a sua vida de ninja nas consolas da Nintendo, em clássicos que ainda hoje contribuem para a nostalgia de muitos jogadores e que são uma referência para qualquer entusiasta que queira explorar o que de melhor se fazia na era 8-bit. Com a passagem da saga para o plano tridimensional, a Nintendo ficou de fora(salvo o fantástico Ninja Gaiden: Dragon Sword) e só com a chegada da Wii U se assiste finalmente ao regresso deste herói à casa que o viu nascer.
Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge é uma versão melhorada do lançamento original para a PS3 e XBox360. Para os fiéis seguidores da Nintendo, este pode ser o primeiro contacto com o jogo, mas a Team Ninja analisou as críticas ao original e fez os devidos ajustes. Com a saída de Tomonobu Itagaki, os fãs ficaram apreensivos sobre o futuro da série e agora cabe a uma nova equipa guiar o destino de Hayabusa.A história centra-se num grupo de alquimistas que pretende instaurar uma nova ordem mundial e que manipula Ryu Hayabusa para atingir esse fim. O herói fica subjugado aos efeitos de uma maldição, visível no seu braço direito e que o obriga a matar constantemente, saciando a sede de sangue antes que esta o consuma por completo.
A jogabilidade mantém-se fiel ao primeiro titulo da XBox e os fãs não deverão estranhar as mecânicas de controlo. O combate é visceral, rápido e exige muita destreza do jogador. No modo normal, sentem-se dificuldades em ultrapassar logo os primeiros bosses sem sofrer uma dose considerável de pancada. A série ganhou fama pelo desafio que proporciona, mas tal como muitos outros títulos de acção, também Razor`s Edge pergunta constantemente ao jogador se quer reduzir o nível de dificuldade depois de perder duas ou três vezes contra um boss mais complexo. Esta mania de incentivar os jogadores a baixar a dificuldade torna-se cada vez mais uma praga a eliminar de uma geração que se faz mole.O arsenal é imenso e não faltam armas para todos os gostos. Espada, foice, garras, bastão, entre outras variantes e magias como fogo ou vento. Conforme aumenta o poder das armas, aumenta também a lista de combos disponíveis. Com o tempo, começam-se a descobrir quais os melhores para eliminar rapidamente os inimigos. A espectacularidade das mortes com sangue a jorrar por todos os lados, palavrões constantes e a dificuldade exigente proporcionam maior adrenalina aos combates. No entanto em alguns confrontos, especialmente nos bosses, nota-se uma falha da resposta entre o ataque e a direcção que o jogador toma para esse ataque, resultando muitas vezes em ataques que simplesmente falham o alvo. Isto é algo que nas zonas com muitos inimigos é difícil de perceber, porque estes aparecem por todos os lados e acerta-se sempre em alguém. Outro problema é o sistema de desvio que falha por não permitir o cancelamento de um ataque para o efectuar, ficando o jogador vulnerável e tornando o contra-ataque frustrante.
O ecrã do Wii U GamePad serve essencialmente para albergar alguns atalhos e nada mais. Nele pode-se aceder aos menús, que também podem ser activados com recurso aos botões. Usar um poder Ninpo, abrir a lista de movimentos ou usar o sentido ninja para descobrir o caminho a seguir é muito mais intuitivo de executar com os botões do que no ecrã táctil.Na lista de upgrades, encontra-se o nível das armas e magias, alguns movimentos extra e até fatos para a personagem, que devem ser alta costura pelo preço exigido. A moeda de troca é chamada de Karma e é recolhida ao longo do jogo graças ao estilo usado na morte dos inimigos. A cada área é atribuída uma classificação e quanto melhor o jogador se sair, mais pontos ganha. Os checkpoints são frequentes, eliminando assim a frustração de repetir uma área em caso de morte do protagonista.
Como participantes especiais, encontram-se Momiji, Ayane e Kasumi, cada uma com o seu próprio estilo de combate e missões próprias que contribuem para a variedade do jogo. Apesar de a estrutura ser sempre a mesma, Ninja Gaiden III: Razor's Edge não cansa precisamente por ser variado e ter um ritmo acelerado na ocorrência dos eventos. As meninas podem também ser utilizadas no modo online e cooperativo, que juntamente com alguns desafios secretos expandem a experiência de jogo.No modo online é possível participar em combates até quatro contra quatro e ganhar pontos que permitem personalizar o ninja. Os combates desenrolam-se tal como na aventura principal, com a diferença que aqui é possível ser realmente desmembrado. Se tal acontecer, o ninja pode continuar a lutar com um só braço, cometer suicídio ou até mesmo agarrar um adversário e explodir com ele. É uma vertente divertida que permite também comunicação por voz através do Wii U GamePad, embora o som deixe algo a desejar.
No campo gráfico o jogo porta-se bem. Os cenários e as personagens receberam um tratamento competente, mas não se destacam quando comparados a outros títulos de acção. Cumprem o seu papel, mas não deslumbram. A sonoridade é aquilo a que a Team Ninja nos habituou e isso significa heavy rock perfeito para este tipo de acção.
Conclusão
Ninja Gaiden III: Razor's Edge é difícil, mas não ao ponto de se tornar frustrante. O combate é visualmente fantástico e variado, apesar de ligeiramente descalibrado no controlo da direcção dos ataques e esquivas. Tem imensos desafios para testar a habilidade dos jogadores e uma quantidade considerável de extras a desbloquear. Graficamente não é nada de extraordinário e pouco aproveita da integração do Wii U Game Pad, mas é um título bem estruturado e certamente que será do agrado dos fãs de acção mais hardcore. Ryu Hayabusa, bem-vindo a casa.
O melhor
- Um bom desafio para qualquer jogador
- Conteúdo variado
O pior
- Alguns percalços na jogabilidade
14 de Janeiro, 2013, 13:15