
ANÁLISE
The King's Bird
A precisão do movimento.
Por André Silva a
The King's Bird é mais um jogo de plataformas que tende a seguir os mesmos conceitos que acompanham esta categoria desde os seus primórdios: ir do ponto A ao ponto B utilizando todos os meios disponíveis, enquanto se recorre a todo o tipo de estratégias e movimentos para ultrapassar os obstáculos. Apesar disso, nota-de que a equipa responsável pelo desenvolvimento de The King’s Bird trabalhou bastante para tornar este jogo indie em algo único e especial através da adição de novas mecânicas e físicas de jogo.
The King's Bird coloca o jogador no universo do jogo de uma forma deveras interessante. A aventura começa quando a heroína acorda e rapidamente decide confrontar um governador tirano e aquele que lhe parece ser uma figura paternal. Não existe qualquer tipo de diálogo no enredo que preencha o restante tempo de jogo, a não ser a pequena quantidade de texto e a curta introdução nos primeiros minutos entre duas silhuetas que surgem em grande contraste com o resto do cenário. Para além disso, existe ainda uma peculiaridade onde em vez de vozes, ouve-se o som de notas produzidas por diferentes instrumentos.O jogador controla uma personagem sem nome e sem cara. Apenas se percebe que se trata de uma jovem pela forma do seu corpo e pelo som agudo e doce da sua voz, muito semelhante ao de uma flauta. A única coisa que se retira daqui é que se trata da história de uma rapariga que se sente presa e que não pode conhecer o mundo, muito à semelhança de como um pássaro se sente quando é fechado e preso numa gaiola, impedido de voar em liberdade (tal como o título do jogo sugere).
O ambiente visual é muito simples mas de certo modo, são estas decisões artísticas que fazem de um jogo uma obra única. As cores garridas dão vida ao cenário e as sombras mais escuras têm como objectivo destacar tudo aquilo com que o jogador pode e deve interagir. Cada mundo em The King's Bird, à semelhança de muitos outros jogos de plataformas, disponibiliza ao jogador um centro a partir do qual se pode gerir a exploração e ter acesso a todos os níveis já percorridos e aos que faltam visitar.
Quando se começa o jogo só se encontra um mundo acessível. Cada um dos cinco mundos deste universo conta com quatro níveis diferentes, sempre recheados de cor e música vibrantes. O jogador tem a oportunidade de visitar cada um deles através de pequenos santuários que servem como portais. Ao longo do caminho que o jogador tem para percorrer, os pequenos diamantes que surgem como símbolos em cada um destes monumentos vão iluminar-se sempre que o jogador completa o respetivo nível. São estes diamantes que determinam o avanço do jogador, permitindo ganhar acesso a novos níveis e mundos, cada um com uma nova temática e cenário igualmente deslumbrantes.No momento em que o jogador consegue ultrapassar todos os obstáculos e chegar ao fim de cada um dos quatro níveis, desbloqueia uma passagem para um novo santuário que adiciona um pouco mais ao enredo e ajuda o jogador a transitar para a área seguinte onde deve continuar a desvendar todos os segredos e objetos que assumem a forma de pequenos pássaros. Tal como já foi referido, as mecânicas e físicas de jogo são o que fazem deste conto uma obra única. Após uma breve introdução e um tutorial muito curto, cabe ao jogador aprender todas as restantes combinações possíveis para dominar a arte de voar, ou mais concretamente, planar. É exactamente este o aspeto que separa este jogo dos restantes jogos de plataformas. Se o jogador saltar de uma dada posição e altura, cair e rapidamente voltar o corpo da personagem para cima num último instante pelo meio do seu rasto de fumo, ganha impulso suficiente para atingir uma altura ainda maior do que aquela em que se encontrava inicialmente.
Um dos pontos mais frustrantes mas igualmente gratificantes de qualquer jogo é a sensação de ultrapassar um obstáculo onde se perderam horas para o superar. Este jogo é perfeito para os mais habilidosos ou para aqueles perfecionistas que têm como objetivo tornarem-se mestres nas diferentes combinações de movimentos para ultrapassar um nível sempre da forma mais rápida e eficaz. A equipa da Serenity Forge fez um ótimo trabalho em preparar estes pequenos níveis e "puzzles" (com uma duração que nunca ultrapassa os dez minutos cada um) que apresentam alguma dificuldade. O jogador vai certamente morrer muitas vezes e isso fará com que muitos Joy-Con se transformem em armas de arremesso naqueles momentos de maior frustração.Mas é preciso manter a calma, a equipa de The King's Bird fez de tudo para garantir que o jogo apresentasse maior acessibilidade para jogadores mais jovens ou menos habilidosos. O chamado “modo de assistência” é uma funcionalidade que pode ser ativada ou desativada em qualquer momento e permite aos mais impacientes mudar definições para tornar a experiência mais acessível: resistência zero no ar, invulnerabilidade a tudo, etc. Chega mesmo a ser possível avançar para um "checkpoint” seguinte. A única penalidade em utilizar este modo passa mesmo por deixar de ser possível enviar os tempos realizados em cada um dos níveis para as tabelas classificativas online.
Conclusão
The King's Bird é um jogo de plataformas difícil de dominar no início mas com alguma prática e repetição (algo frustrante), o jogador consegue adaptar-se aos seus controlos e tornar a experiência mais simples e recompensadora. É um jogo perfeito para os verdadeiros fãs de jogos de plataformas mais difíceis e que requerem alguma perícia. Após algumas horas neste mundo de fantasia, os fãs de jogos de plataformas serão os primeiros a ser recompensados com paisagens deslumbrantes enquanto voam e realizam acrobacias aéreas que deliciam os olhos de qualquer um.
O melhor
- Direcção artística simples e gratificante
- Experiência audiovisual
- Modo assistido útil para os menos experientes
O pior
- Tutorial fraco;
- Jogabilidade muito repetitiva
- Objectos não trazem nada de novo ao jogo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela VIM Global.