
ANÁLISE
Our World is Ended.
Entre a realidade e a ficção.
Por Diogo Caeiro a
Our World Is Ended. pode ser sucintamente descrito como um jogo sem sentido de oportunidade. Na tentativa deliberada de contar uma história séria relacionada com o uso da realidade virtual e o fim do mundo, a constante necessidade que a produtora sentiu em introduzir piadas de cariz sexual é francamente incompreensível.
O jogo inicia-se sob a perspectiva de Reiji, o director em "part-time" que é na verdade um assistente para todos os restantes membros da Judgement 7, empresa de videojogos de fraco sucesso cuja equipa é composta por excêntricos de diversos campos. Nos momentos iniciais o jogador encontra-se a observar o mundo em seu redor através de um sistema de realidade aumentada, o novo projecto da empresa. Após alguns diálogos iniciais e uma curta introdução da situação, este primeiro teste do produto não corre como esperado, originando um problema que nenhum dos membros inicialmente poderia prever.
O maior problema que afecta esta "visual novel" é a mudança constante de tom no seu enredo, sem um compromisso por parte de Our World Is Ended. para com nenhuma vertente específica da história. Momentos sérios e de comédia são atirados ao jogador de forma desordeira e incessante, o que culmina numa demonstração de insegurança que faz abanar a cabeça. A falta de foco é por vezes tão avassaladora que parece propositada por parte da Red Entertainment como uma forma de manter o jogador interessado no enredo, da mesma forma que uma criança pequena é entretida com estímulos simples. O nível de diálogo e escrita é bastante competente, contando com certas interacções entre personagens genuinamente divertidas, todas elas acompnahadas por um excelente desempenho dos actores que lhes dão voz. Destaque especial para o actor que concede a voz a Iruka No. 2, que tornou algumas secções do jogo bem mais toleráveis. Infelizmente o mesmo não pode ser dito de muitas das restantes personagens, que se introduzem de forma pobre e têm um desenvolvimento atroz ao longo das cerca de vinte horas de jogo, incutindo sentimentos que vão do desinteresse ao “que raio estavam eles a pensar quando fizeram isto?”. Cada personagem tem o seu final específico consoante o nível de consideração que esta tem pelo jogador, que aumenta consoante as escolhas através da mecânica "Soul Selection". Esta ocorre ocasionalmente durante diálogos nos quais são apresentadas diferentes opções que ditam o rumo da conversa e consoante a escolha do jogador, a personagem poderá ficar mais (ou menos) impressionada no final. Esta é uma mecânica fundamental na progressão do jogo, visto que cada personagem tem o seu próprio final distinto. Infelizmente este não é totalmente explicado ao jogador, o que não se compreende. Ignorar tal facto acaba por não ser nada de grave tendo em conta que a maior parte das conclusões de cada personagem variam entre o aborrecido e o perturbador. O que acaba por tornar a experiência mais tolerável é a alta qualidade das ilustrações, cortesia de Eiri Shirai, artista mais conhecido pelo seu trabalho em "light novels". A interface é também muito apelativa, colorida e limpa, característica incomum para jogos do género. É importante destacar novamente o trabalho de vocalização de todos os actores envolvidos.
Conclusão
Embora o potencial da história e o grau de qualidade da sua apresentação sejam inegáveis, Our World Is Ended. pouco mais tem de positivo para oferecer. As suas personagens são fracas, os lugares-comuns são inúmeros e a forma como o seu enredo progride é, na melhor das hipóteses, enfadonha.
O melhor
- Ilustrações vibrantes
- Prestações vocais
- Interface apurada
O pior
- Personagens pobres
- Progressão errática
- Humor repetitivo e exagerado
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Pqube.