
ANÁLISE
Strikey Sisters
Mistura de conceitos.
Por João Duarte a
Breakout é um dos grandes clássicos intemporais dos videojogos. Lançado em 1976 tornou-se num marco na altura ao introduzir uma fórmula simples e vencedora que iria resultar em imensas réplicas e clones. Arkanoid foi talvez o mais notável de todos os que tiraram inspiração e que alargaram o conceito de Breakout, resultando num jogo que ganhou uma vida própria, mas o que é realmente impressionante é que ainda hoje continuam a ser feitos jogos baseados nestes conceitos. Strikey Sisters é um desses casos, que consegue fazer justiça à qualidade e diversão que estes jogos podem oferecer.
Como a jogabilidade de Breakout é conhecida por qualquer um que tenha contacto com videojogos há algum tempo não há muito para dizer acerca de como se joga Strikey Sisters, pois é essencialmente a mesma coisa com muitas das ideias novas que os vários clones e réplicas introduziram ao longo dos anos. O objectivo em cada nível é destruir todos os blocos e inimigos ao projectar uma bola e os inimigos vão reaparecendo enquanto ainda houver blocos no ecrã. O jogador tem três vidas, vidas essas que pode perder ao sofrer golpes de inimigos ou ao deixar a bola ir para fora do ecrã, se as perder todas tem de repetir o nível desde o início. Strikey Sisters também permite jogar todos os níveis com mais um jogador, o que pode tornar a experiência ainda mais divertida.O jogo tem outras mecânicas para dar mais sabor à jogabilidade. O jogador pode tanto escolher deixar que a bola o atinja para voltar lentamente para o campo como pode atingi-la com a sua arma para a projectar com um pouco mais de força. Também é possível carregar o ataque para atingir a bola com ainda mais força, o que permite destruir blocos e inimigos apenas com um golpe. Este ataque carregado também pode fazer ricochete a alguns projécteis lançados por inimigos e assim destruir blocos ou eliminar o inimigo. Isto em conjunto com os "power-ups", como a bola dupla ou a bola de ferro, e magias como o relâmpago e chama negra podem tornar a destruição dos blocos e inimigos bem mais rápida e dinâmica graças à variedade destes elementos.
Por causa disto o campo de jogo pode tornar-se num caos autêntico…e em certas alturas demasiado caótico. Os "power-ups" aplicam-se assim que o jogador os apanha mas as magias podem ser usadas em momentos à escolha, o que é relevante para evitar que o campo esteja demasiado confuso. Infelizmente há momentos em que o caos é tanto que evitar sofrer danos torna-se absolutamente impossível, como quando uma magia ou "power-up" aparece e não há maneira de o apanhar sem levar dano de um ataque inimigo ou sem deixar a bola sair do campo...e estas situações acontecem um bom número de vezes, o que pode tornar a experiência bastante frustrante.
As situações mais difíceis de gerir podem acontecer muito nos "bosses", que normalmente têm uma variedade de ataques e quase todos têm pelo menos um ataque em que lançam quantidades absurdas de projécteis que enchem o campo quase todo, pelo que evitar estes ataques e apanhar os poderes importantes para os derrotar vão certamente provocar danos inevitáveis. Os combates com os "bosses" não deixam de ser divertidos e estão entre os momentos mais interessantes do jogo, diferenciados do resto pela variedade de ataques usados pelos inimigos. E também são bastante divertidos em multijogador, especialmente quando os jogadores pensam de forma táctica, onde um jogador se foca no "boss" e o outro foca-se em destruir os blocos e inimigos.Visualmente o jogo não é uma obra extraordinária mas para um título indie, até executa uma direcção artística retro de forma competente. Os "sprites" estão bem animados, têm bom aspecto e o jogo é muito colorido. A música não vai ficar no ouvido de ninguém mas é suficientemente interessante para conferir alguma energia aos níveis. Strikey Sisters também tem um enredo para dar contexto aos níveis: alguém roubou o animal de estimação das duas irmãs e elas vão à sua procura. Nada que destoe num jogo como este…infelizmente existem também sequências cinemáticas com diálogos e estes são de uma qualidade penosa. Tentam dar personalidade e humor ao jogo, o que é de louvar, mas a maioria das piadas é dolorosamente má, com referências datadas e estereótipos dos mais genéricos possível. O trabalho de vocalização também não consegue salvar a péssima escrita do jogo.
Conclusão
Strikey Sisters é um jogo divertido que executa bastante bem a fórmula que Breakout apresentou em 1976. Tirando alguns momentos frustrantes e o diálogo doloroso, é um bom jogo que merece destaque entre os inúmeros clones de Breakout.
O melhor
- Apresentação nostálgica e bem executada
- Jogabilidade divertida, especialmente em multijogador…
O pior
- …com algumas frustrações à mistura
- Diálogos péssimos
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela DYA GAMES.