
ANÁLISE
Cybarian: The Time Travelling Warrior
Espada das Eras.
Por João Duarte a
Cybarian: The Time Travelling Warrior não é um jogo indie que se vá destacar particularmente, especialmente tendo em conta que a quantidade de jogos indie que tentam capitalizar nesta onda retro já é mais que exagerada, mas tem uma apresentação suficientemente forte e uma premissa meio absurda que é capaz de apelar a alguns que já estejam enjoados das histórias genéricas que contaminam este tipo de jogos.
A história começa no ano de 409, onde um bárbaro procura uma espada lendária que supostamente oferece poderes divinos a quem a encontrar. Ao encontrar a espada o bárbaro é misteriosamente transportado para um futuro distópico, onde o crime tomou conta do mundo. Nada disto faz qualquer sentido e não são dadas quaisquer explicações ao longo da campanha mas neste tipo de jogos a premissa é mais importante do que outros elementos do enredo. Neste caso, a premissa é bizarra e suficientemente tresloucada para afirmar que é raro ver algo a este nível. Também serve como um contexto razoável para fazer um jogo de ação e plataformas.Cybarian infelizmente está preso num passado que está a tentar homenagear. A jogabilidade não é mesmo nada de notável apesar de não sofrer de nenhuma falha muito grave. O conceito consiste em percorrer os níveis 2D enquanto se destrói todos os inimigos para poder avançar até ao final, onde um "boss" aguarda o jogador. Os níveis em si são razoáveis e têm uma variedade de inimigos e obstáculos aceitável para a longevidade da campanha que é surpreendentemente curta, mesmo para um jogo deste preço. O maior problema dos níveis é que só têm um "checkpoint" que se encontra mesmo antes do "boss", e o caminho até lá chegar pode ser bastante frustrante pois tem de se repetir o nível todo com cada morte. Felizmente os "bosses" são de longe o melhor que a jogabilidade oferece, são desafiantes e divertidos de lutar e graças ao facto de haver um "checkpoint" mesmo antes destes nunca se tornam demasiado frustrantes.
O combate é extremamente simples e isso tem tanto de bom como de mau, dependendo da perspectiva. A simplicidade num jogo bastante curto e barato até faz sentido mas ao mesmo tempo, Cybarian tem um sistema de combos algo estranho e aborrecido de se usar ao início. O objetivo é tentar exigir algum "timing" e habilidade do jogador, pois se este falhar com a meio de um combo a personagem cai no chão e torna-se vulnerável, mas isto acaba por causar apenas alguma frustração inicial. Também é possível desbloquear uma habilidade para evitar danos e um ataque de longo alcance e felizmente, estas acabam por ser bastante úteis pois há muitos inimigos que voam pelo ar e outros que atacam rapidamente. A meio dos níveis o jogador vai encontrar umas máquinas em que pode comprar corações para recuperar vida perdida, mas estas estão mal colocadas. Há um nível onde se pode encontrar uma dessas máquinas perto do início, o que por si já faz pouco sentido, mas apenas alguns ecrãs depois pode-se encontrar outra e o jogador não consegue de maneira nenhuma arranjar dinheiro suficiente para as aproveitar durante o nível.Os "bosses" acabam mesmo por ser o ponto forte do jogo mas a apresentação de Cybarian também se encontra bem executada. O ambiente visual representa os gráficos dos jogos da altura bastante bem e a animação encontra-se com bastantes pormenores, enquanto os níveis também beneficiam de cenários de fundo apelativos. A música tenta replicar aquele som distinto que os jogos da Mega Drive tinham e consegue fazê-lo muito bem. Embora as composições em si não sejam memoráveis, pelo menos conseguiram esse objetivo. Tanto a música como o estilo artístico combinam bem com o que foi uma surpresa agradável.
Conclusão
Embora Cybarian: The Time Travelling Warrior tenha uma história maluca o suficiente para chamar a atenção, com um bom ambiente visual e música para acompanhar, simplesmente não consegue criar uma jogabilidade interessante para se salientar além dos "bosses".
O melhor
- Música e ambiente visual bons e nostálgicos
- Combates com "bosses" divertidos
- Curto e barato
O pior
- Sistema de combos torna-se frustrante
- Os níveis precisam de pelo menos um "checkpoint
- Máquinas de vida mal colocadas
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ratalaika Games.