
ANÁLISE
Streets of Rogue
Ruas perigosas.
Por Tiago Marafona a
O estilo "roguelike" não é propriamente estranho aos jogadores PC de longa data e até foi naquele formato que se começou a construir uma base de fãs daqueles jogos, sem descrédito para as consolas onde os "roguelike" cresceram bastante e ganharam protagonismo.
Com as características dos "roguelike" em mente, nomeadamente a sua propensão a serem planeados à volta de sessões curtas de jogo e com alta probabilidade de repetição de mecânicas, cenários aleatórios e grandes hordas de inimigos diferentes, as características da Nintendo Switch tornam a chegada de Streets of Rogue algo que encaixa perfeitamente quer na consola, quer no género dos "roguelike".Streets of Rogue é uma junção de géneros embora o mais predominante seja obviamente o já referido "roguelike", sobretudo pela forma como o jogo avança de forma espontânea e não planeada, com mecânicas que se alteram conforme a personagem que o jogador escolher. No total existem mais de vinte modelos disponíveis, o que confere desde logo uma enorme liberdade de escolha. Para além disso, a forma de jogar é também única e inteiramente da responsabilidade do jogador, dando a sensação por vezes de quase se tratar de uma anarquia. A agressividade total é permitida se o jogador assim pretender, ou se simplesmente quiser apaziguar todas as situações que surjam pelo caminho também o pode fazer. Do ponto de vista da liberdade e de experimentar formas de jogar, Streets of Rogue porta-se de forma exemplar.
Tecnicamente o jogo flui muito bem. Rápido, dinâmico, sem grandes tutoriais e sem imensas ajudas, deixando muitas vezes o jogador praticamente entregue à tentativa e erro ou à possibilidade de acertar logo à primeira seja qual for a sua decisão. Há aqui elementos de RPG, "beat'em up" e até mesmo de acção furtiva. Streets of Rogue apresenta uma direcção artística à base de pixéis e em 2D, com uma visão superior fazendo lembrar títulos como Binding of Isaac e Nuclear Throne. Quem aprecia a utilização de pixéis na direcção artística vai adorar todo o ambiente, principalmente as cores e a iluminação.Streets of Rogue não tem um enredo complexo. O presidente da câmara da cidade (cujas ruas se geram aleatoriamente) foi eleito graças a uma campanha um pouco trapaceira, como consequência torna-se um ditador impiedoso conforme o seu mandato. A personagem do jogador passa por se juntar a um grupo que pretende desmantelar o aparelho do poder e através de missões e objectivos, este grupo vai crescendo e ganhando terreno. Apesar de simples, o enredo desenvolve-se conforme a quantidade de personagens que se vão cruzando pelo caminho. O humor ácido que circula pelas ruas é incrível e por vezes o caos instala-se do nada. A sensação de diversão é bastante evidente. Por outro lado, Streets of Rogue é também um pouco duro e castiga o jogador com alguma dureza: morrer a meio de um edifício, por exemplo, resulta em ter de fazer tudo novamente.
Quem goste de jogar com amigos pode fazê-lo online e em modo local, conseguindo juntar até quatro jogadores numa sessão. A diversão a solo é garantida mas quando se trata de mais jogadores, é absolutamente incontornável.
Conclusão
Streets of Rogue é um óptimo jogo para quem adora aventuras completamente aleatórias e sem um rumo definido. A história principal não é das melhores mas as inúmeras possibilidades existentes fazem com que se torne uma experiência verdadeiramente incrível para apreciadores do género "roguelike". E cumpre aquilo que lhe é pedido, sendo ideal para curtas sessões de jogo e brilha na sua componente multijogador.
O melhor
- A liberdade quase anárquica no estilo de jogo
- Uma quantidade absurda de personagens disponíveis
- Bons visuais e mecânicas bem implementadas
O pior
- As músicas tornam-se irritantes em pouco tempo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela tinyBuild Games.