
ANÁLISE
7 Billion Humans
Lacaios humanos.
Por André Silva a
Faz agora aproximadamente um ano desde que 7 Billion Humans da Tomorrow Corporation chegou ao mercado. Conhecidos por jogos como World Of Gooe Little Inferno, não poderia haver nada que fosse impedir este pequeno grupo de artistas e programadores talentosos de espremer um pouco mais a temática de "puzzle"/programação introduzida no jogo Human Resource Machine.
7 Billion Humans é assim uma das primeiras sequelas para esta equipa constituída por apenas três pessoas. Num mundo em que robôs completamente autónomos e inteligentes ocuparam todos os empregos a sociedade depara-se com as maiores taxas de desemprego alguma vez observadas. De forma a deixar os sete mil milhões de humanos ocupados e felizes, um grupo de empresários (também eles robôs, ironicamente) decidiu erguer um dos maiores e mais ridículos edifícios que alguma se pode visitar.Nesta empresa, cada humano é incumbido de realizar as tarefas mais ridículas e inúteis possíveis. Tal como o seu antecessor, 7 Billion Humans é um jogo de "puzzles" desenhado sobre os fundamentos de lógica de algoritmos encontrados em linguagens de programação. Em cada um dos andares deste grande edifício espera um "puzzle" e um novo grupo de estagiários prontos para trabalhar. O principal objectivo do jogador passa por criar e ordenar corretamente uma lista de comandos/tarefas que serão executados individualmente por cada um dos humanos com o intuito final e irónico de fazer cair estes pequenos bonecos de olhos esbugalhados em pequenas aberturas no chão, mover ou ordenar caixas de cartão verdes que se encontram numeradas, entre muitas outras tarefas completamente bizarras e sem verdadeira utilidade.
A grande reviravolta introduzida nesta sequela é ter à disposição não só um único lacaio humano para cumprir as ordens mas sim um grupo de verdadeiros cabeçudos que se comportam como autênticas ovelhas. A equipa da Tomorrow Corporation fez de tudo para garantir a melhor experiência possível. O jogador encontra-se assim encarregado de pegar num conjunto de comandos e mecanismos muito simples e organizá-los de forma a criar uma linha de execução. Ao longo de mais de sessenta níveis é possível notar um aumento significativo na dificuldade onde novas ferramentas, blocos de lógica e módulos de memória são adicionados de forma a complicar a vida do jogador (mas também trazer mais desafios para os jogadores mais resistentes).Para quem não tenha experiência em linguagens de programação isto pode parecer muita coisa para absorver mas o jogo disponibiliza tutoriais simples e até mesmo colocando um ajudante/gestor em cada um dos andares do edifício para dar algumas dicas. Se o programa não executar corretamente, é possível reproduzir cada um dos comandos e passo-a-passo, procurar a raiz do problema, uma técnica muito semelhante às verdadeiras ferramentas que são utilizadas para fazer o chamado “debug” de aplicações em ambiente real no trabalho de um programador.
Por fim e no que toca aos controlos utilizados em jogo, 7 Billion Humans foi pensado unicamente para ser jogado em ecrãs tácteis mas felizmente, nada impede de o jogar no ecrã de uma televisão. Embora o Pro Controller e os botões dos Joy-Con não sejam aceites, ainda é possível utilizar os sensores de movimentos e usá-los como se de apontadores se tratassem. É assim bastante recomendado jogar no ecrã da Switch, o que torna a experiência muito mais imersiva e confortável.
Conclusão
Um jogo cuja temática explora o mundo da lógica e da programação corre sempre o risco de ser muito complicado e aborrecido mas a Tomorrow Corporation fez um óptimo trabalho que funciona e é divertido em todos os aspetos. Tal como no seu predecessor, cada pormenor em 7 Billion Humans foi pensado minuciosamente, desde as cores fortes, fontes de texto bem definidas, um ambiente maravilhoso acompanhado com sons de jazz, até às personagens ridículas e as animações absurdas que não fazem qualquer sentido.
O melhor
- Banda sonora
- Temática divertida
- Jogo muito viciante
O pior
- Não permite usar o Pro-Controller nem os botões dos Joy-Con
- Falta de componente multijogador
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Tomorrow Corporation.