
ANÁLISE
The Alliance Alive HD Remastered
Uma nova perspectiva.
Por Diogo Caeiro a
Passando certamente despercebido dada a data tardia da sua chegada à 3DS, The Alliance Allive (eventualmente o último JRPG da portátil) recebe agora uma segunda oportunidade a cargo da NIS e da Cattle Call e que chega sob a forma de um "remaster" de um jogo que talvez merecesse um pouco mais que isso.
Nada mudou quanto ao enredo, que já era dos pontos mais fracos do jogo e continua a sê-lo nesta versão, algo relativamente simples que apenas serve de motivo à exploração do mundo por parte das personagens. A exploração acaba por ser significativamente mais interessante e variada do que o que a história insípida transmite ao jogador. Alliance Alive utiliza a abordagem de múltiplos protagonistas, agrupando-os e colocando-os em diferentes pontos da história entre os quais o jogador vai alternar até que eventualmente e por força do destino todos se reúnem na sua demanda colectiva com um único objectivo. As personagens são todas elas interessantes e únicas entre si, contrastando-se em cada um dos grupos que o jogador vai encarar e dos quais resulta um diálogo muitas vezes divertido e imersivo.O combate mantém-se um misto de potencial desaproveitado e complexidade sem qualquer tipo de propósito. Por um lado, a forma como cada personagem progride consoante as vezes que se utiliza uma arma ou habilidade em combate é bastante diferente do habitual num JRPG. Embora aparentemente apelativo, o jogador depara-se imediatamente com dois problemas: a simplicidade dos combates e a falta de grandes diferenças entre cada personagem de cada grupo. Para além desta vertente, existem ainda pontos de talento adquiridos em combate que podem ser despendidos nas habilidades de cada arma ou outras capacidades para cada personagem. Isto significa que com muito trabalho para subir os indicadores das personagens, qualquer uma pode tornar-se especialista em todo o tipo de armas disponíveis. Embora isso não seja necessariamente um ponto negativo, acaba por tornar a variedade de personagens irrelevante, o que é agravado por outro problema proveniente do equilíbrio do jogo.
Apesar de ser um jogo relativamente fácil na sua maioria, Alliance Alive apresenta um desafio completamente desporpocional em algumas secções em relação ao jogador estará habituado. Dada a forma como a progressão das personagens decorre, é mesmo possível chegar a um ponto em que é necessário começar a desenvolver (do zero) alguma arma para várias personagens que até então nunca foi precisa. É certamente um jogo que requer muita atenção por parte do jogador, bem como uma gestão de tempo eficaz de forma a garantir que não se vão desperdiçar horas de jogo.O mundo de jogo continua a ser o destaque principal de Alliance Alive: bastante alargado e com muito por explorar, tanto numa perspectiva horizontal como vertical, auxiliada por veículos específicos para várias tarefas, como percorrer rapidamente o terreno ou alcançar um ponto inalcançável. Encontram-se também inimigos e masmorras opcionais que podem ser acedidas a qualquer momento desde que o jogador lá chegue, o que traz muitas horas de conteúdo para além da história principal. Conjugando também com o enredo, ao longo da aventura descobrem-se torres que correspondem a bases das diferentes "guilds" do jogo, que para além de serem um porto de abrigo para as personagens concedem habilidades únicas de combate contra os inimigos no território dessa "guild". Nada que tenha um impacto significativo na vitória, mas é uma camada adicional de estratégia bem-vinda.
Visualmente trata-se de uma evolução em relação ao que se encontra na 3DS e mesmo que agradável, com especial destaque para os modelos tridimensionais, em nada consegue competir com outros JRPGs na Switch, particularmente no grau de pormenor das texturas, que é francamente reduzido. As sequências cinemáticas estão particularmente bem conseguidas no ecrã da Switch comparativamente à sua versão anterior, mas a falta de diálogo vocalizado é infelizmente ainda mais sentida do que na 3DS e teria sido uma adição muito mais enriquecedora do que este "remaster" de visuais pouco impactante.
Conclusão
Longe da perfeição, The Alliance Alive é uma proposta que vai agradar aos maiores adeptos de JRPGs mas que pouco faz para se elevar em relação ao jogo original. Os problemas em termos de equilíbrio e desenho do jogo continuam os mesmos e as melhorias da sua componentre audiovisual são, no geral, fracas. Enquanto esteve perto de ser uma experiência especial na 3DS, esta apresentação na Switch comparativamente à concorrência é algo decepcionante.
O melhor
- Mundo vasto e interessante
- Uso de veículos continua divertido
- Diálogos bem escritos
O pior
- Dificuldade muito díspar
- Texturas pouco trabalhadas
- Ausência de vozes muito sentida
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela NIS America.