
ANÁLISE
YIIK: A Postmodern RPG
Estranha aventura.
Por André Pereira a
YIIK: A Postmodern RPG é um jogo estranho. Pode-se começar por dizer que é um jogo que não impressiona por aí além. Porquê? Em primeiro lugar, YIIK é, para repetir uma ideia acabada de deixar no ar, um jogo estranho. Um jogo que pense fora do quadrado é algo digno de registo mas os primeiros momentos deste jogo deixam qualquer um a coçar a cabeça e a matutar "mas que raio se passa aqui" ?
A história começa com Alex, estudante universitário, a chegar à sua cidade natal para passar as férias de Verão. Alex é um "hipster", veste-se como tal e a maior parte do seu diálogo consiste em piadas ou referências obscuras. O enredo anda à volta disto, ao ponto de se tornar irritante. Alex não é uma personagem interessante, é chato e lembra vários "hipsters" da vida real. Pontos aí. Mas já os havia nos anos 90? Claro que as outras personagens diluem esta dor de cabeça mas quando interrompem o jogo para diálogos pseudo-intelectuais compridos não há quem aguente. E um dos grandes problemas deste jogo é mesmo o compasso do enredo – quando este está a decorrer o jogo até se tolera, mas estas pausas dão vontade de terminar por ali. Nota-se que o argumentista adorou escrever este jogo mas uma mão pesada na edição teria feito milagres.Um dos pontos positivos deste YIIK é que foge às normas dos RPG de fantasia, espada e magia e outros lugares-comuns. Não quer dizer que haja algo de errado com essas fórmulas clássicas mas provar algo diferente é sempre bom - por algum motivo há pessoas a desesperar por Mother 3. As referências a esta série ou a Undertale/Deltarune são de caras e estão por todo o lado. Senão na estética, no sistema de batalha. Este está organizado por turnos e troca um simples premir de botão às cegas para passar lutas a correr por um combate com mais estratégia… ou interactivo. Cada ataque/defesa requer que o jogador continue a carregar nos botões e de forma cronometrada para atacar ou… nada. É importante dizer que a novidade desaparece nas primeiras horas para dar lugar à frustração. Um combate no mapa-mundo demorar mais do que o necessário é mau sinal para um RPG. E há que dizer que algumas quebras de fluidez impedem que se estraguem estes tempos.
A direcção artística oscila entre o mau e a presença de algum potencial. A primeira impressão é que tudo tinha sido criado no Microsoft Paint e isto não é um eufemismo para a falta de qualidade mas há momentos em que os ícones das personagens nos momentos de diálogo são satisfatórios. A banda sonora é outra componente que pode ser chocante quando o jogo começa. Estridente, esquizofrénica e parece que foi composta por alguém que tocou numa mesa de mistura pela primeira vez. Mas… existem algumas faixas de compositores convidados que são muito boas.
Conclusão
1999 já vai longe e é sempre bom recordar “os bons velhos tempos”. YIIK tinha tanto potencial para fazer o jogador voltar a essa época, para remeter o jogador às recordações do "bug" do ano 2000 ou outras questões mais profundas, mas é um jogo tão inconsistente em mecânicas, direcção artística, enredo e mensagem que não aquece nem arrefece. O jogador é deixado na mesma situação com que começa a jogar: curioso com o que poderia ter sido, mas esperançoso que os próximos trabalhos da Ackk Studios tenham este "feedback" em consideração.
O melhor
- Ambiente dos anos 90
- Tenta trazer novidades ao sistema de batalha
- Algumas faixas musicais
O pior
- Abusa da sua estadia e é mais longo do que devia
- Direcção artística inconsistente
- Frustrante e confuso
- Personagem principal irritante
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ysbryd Games.