
ANÁLISE
Stranded Sails: Explorers of the Cursed Islands
Arquipélago misterioso.
Por Nuno Nêveda a
Os jogos em que a gestão de recursos é peça central estão na moda, sobretudo entre muitas obras independentes que povoam a Nintendo Switch. Produzido pelos alemães da Lemonbom, Stranded Sails: Explorers of the Cursed Islands insere-se nesse campo, mas tenta uma abordagem mais ampla, não faltando exploração, actividades agrícolas e mecânicas de sobrevivência. Uma miscelânea de Harvest Moon, The Legend of Zelda e My Time At Portia.
A aventura começa nos preparativos para uma grande viagem de barco. O protagonista, que pode ser rapaz ou rapariga e com nome à escolha, prepara-se para a viagem ao lado do seu pai, o Capitão Charles, que lidera uma tripulação rumo a novos territórios e melhores condições de vida. Contudo e já em pleno oceano acontece algo de inesperado, uma grande tempestade destrói o navio e leva a um terrível naufrágio. O protagonista acorda sozinho numa ilha misteriosa e é aí que Stranded Sails verdadeiramente arranca. No papel de líder é preciso encontrar a tripulação perdida e investigar formas de abandonar o arquipélago estranho e aparentemente desabitado. Como a vida de herói não é fácil, esse desafio não basta. A sobrevivência de todos depende da construção de novos abrigos, da agricultura e ainda da confecção de alimentos. Um verdadeiro multifacetado da exploração.Como dá para perceber, embora Stranded Sails seja um RPG de aventura com exploração de ilhas e masmorras, a busca de materiais e de recursos fundamentais para a sobrevivência é decisiva. Seguindo um conjunto alinhado de actividades e missões, sempre com o avanço devidamente explicado ao jogador com um conjunto de tutoriais que nas primeiras horas se torna demasiado intrusivo. Verdade que tal se justifica pela multiplicidade de acções diferentes a tomar. Criar ferramentas e utensílios para permitir a exploração de novas áreas, plantar e recolher legumes para os cozinhar e dezenas de receitas para descobrir estão entre as missões com muita gestão diária. O ciclo é algo repetitivo, mas há muito para explorar durante a aventura.
Contudo há um factor limitativo que ensombra a jogabilidade. Todas as acções da personagem - caminhar, correr, pescar ou até cozinhar - consomem energia, que pode ser recuperada com ingestão de alimentos ou com uma bela sesta na cama. Se a ideia pode ser interessante no plano da sobrevivência, o espaço reduzido na bolsa para comida de início leva a que demasiadas missões se tornem entediantes, sendo exigidas múltiplas viagens para descanso no acampamento. Com novas receitas esse limite tem menos peso, mas descobri-las é igualmente frustrante, funcionando num esquema de tentativa e erro. Outro problema, de carácter mais grave, decorre das falhas que interferem e bloqueiam a progressão do jogo. Felizmente as actualizações lançadas recentemente têm minimizado os inconvenientes.Os visuais coloridos a fazer lembrar Wind Waker, embora sem grandes pormenores nas texturas, contribuem para criar ambientes únicos em cada ilha e trazem algum charme a Stranded Sails com ciclos de dia e noite. Tudo isto com um desempenho aceitável, quer no ecrã da Switch, quer num ecrã de televisão. A juntar ao grafismo, há uma banda sonora que ajuda a manter um ambiente de tranquilidade mas com o desejo de descoberta do desconhecido. Nada de memorável, mesmo assim num patamar bom.
Conclusão
Stranded Sails: Explorers of the Cursed Islands é uma fusão interessante de conceitos, com boas intenções, oferecendo uma aventura relaxante e com momentos de alguma qualidade. Infelizmente nenhuma da suas componentes atinge patamares muito elevados. O combate é superficial, a gestão da energia da personagem é problemática e a descoberta de novas receitas é entediante. Além disso, o jogo sofre de alguns problemas técnicos. Trata-se de uma obra apenas para quem gosta de explorar, produzir e gerir recursos.
O melhor
- Relaxante e misterioso
- Actividades múltiplas
- Colorido e com um charme próprio
O pior
- Alguns objectivos repetitivos
- Gestão da energia da personagem
- Combate pouco desenvolvido
- Problemas técnicos
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Evolve PR.