
ANÁLISE
Cat Quest II
Amizade entre cães e gatos.
Por Ulisses Domingues a
Depois do sucesso que foi o primeiro Cat Quest a editora PQube, em conjunto com a equipa The Gentlebros, decide colocar na fornada "indie” uma segunda iteração que reforça tudo o que a anterior demonstrou de melhor, além de adicionar uma ou outra funcionalidade nova. Novamente presenteado com um mundo repleto de personagens felinas, desta vez os amplamente reconhecidos “melhores amigos do homem” também marcam presença, não só como inimigos mas também sob a forma de uma personagem principal jogável, permitindo uma característica de multijogador cooperativo. Esta também revela ser a forma mais divertida de jogar, pois a inteligência artificial do outro herói é pura e simplesmente burra.
O enredo desta sequela segue o mesmo ritmo que o seu pedecessor: as personagens principais têm como obrigação salvar o mundo, e assim impedir uma “gatástrofe”. No que ao jogo diz respeito os impérios de Felingard (gatos) e Lupus Empire (cães) estão constantemente às turras mas nunca em guerra total, e as personagens principais são supostos reis prometidos com a obrigação moral e ética de impedir um descalabro pior. Tendo em conta a complexidade desta trama, é positivo realçar que Cat Quest II nunca leva a sua premissa a sério. Como uma lasanha deliciosa venerada por um curioso felino cor-de-laranja, o decorrer do jogo está recheado de trocadilhos com muita referência à cultura actual, relembrando a forma como Borderlands 2 lida com este assunto e o executa.No que à jogabilidade diz respeito trata-se de um “cãotástico” mas simples RPG de acção. Ambas as personagens têm a opção de atacar, efetuar uma manobra evasiva ou até lançar feitiços contra os bigodes felinos mais hostis. Contudo, esta perigosa hostilidade não é simples carne para “cãonhão”, pois é necessário por vezes utilizar o cenário ou magia para vencer. Esta é uma dose de estratégia muito bem-vinda, caso contrário o jogo seria só carregar em dois botões. Desta forma o método indicado para abordar todas as situações será manter um dos felpudos como o principal distribuidor de pancada, e outro como o feiticeiro de serviço.
Para além da “ração” principal ser salvar o mundo como o “cãonhocemos”, os ossos do ofício passam também por visitar masmorras secundárias em função dos pedidos de ajuda por parte dos habitantes deste vasto continente aberto e animalesco. Estas são curtas aventuras com uma duração abaixo dos cinco ou seis minutos, sempre com uma recompensa vantajosa no fim. O seu único problema é que de noite todos os gatos são pardos e a variedade no que toca a cores e à estrutura dos níveis acaba por sofrer de repetitividade. No entanto é também aqui que o charme do jogo se encontra, pois cada personagem tem sempre algo divertido por dizer ou alusivo à cultura pop.
Cat Quest II também é, como a sua linguagem gráfica assim o indica, muito convidativo e acessível. Em momento algum da história o jogador vai sentir-se perdido ou sem saber o que fazer, dado que existe muita sinalética tanto para a demanda principal como para a secundária. Isto também se aplica à dificuldade, que raramente se torna frustrante ou impeditiva. Há inclusive alturas em que os inimigos são cães que ladram mas não mordem. Isto contudo deve-se mais ao facto da progressão estar tão facilitada ao jogador que subir de nível não é tarefa árdua, quase trivializando qualquer confronto. A opinião aqui será polémica, pois existe quem goste de uma dificuldade acrescida, no entanto sem opção para personalizar.
Conclusão
Cat Quest II é um RPG de acção relaxante e divertido, vibrante na sua palete de cores e com muita imaginação no seu diálogo. No entanto existem pequenos pormenores impossíveis de ignorar que o impedem de ser uma verdadeira sequela. Até se diria que quem não tem cão caça com gato, mas isto é algo que aqui claramente não se aplica.
O melhor
- Diálogo muito divertido e com boa disposição
- Mundo extremamente colorido e agradável aos olhos
- Simplicidade do combate
O pior
- Masmorras secundárias repetitivas
- Pouco para fazer após o fim da campanha
- Inteligência artificial do companheiro
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela PQube.