
ANÁLISE
AO Tennis 2
Bola amarela.
Por Sérgio Mota a
O catálogo da Nintendo Switch cresce sem parar mas apesar disso, há alguns nichos onde se nota uma carência de ofertas de qualidade, mesmo que o número de jogos seja elevado. Os simuladores de ténis entram nesta categoria, onde o expoente máximo é Mario Tennis Aces, jogo que deixa sem opções quem procure uma experiência mais realista. É assim natural que AO Tennis 2 suscite interesse, um simulador realista que apesar do título se referir ao Australian Open pretende representar muito mais do que este evento.
O elenco é parco e faltam-lhe muitas das estrelas da modalidade: Rafael Nadal, Ash Barty e Karolina Pliskova marcam presença, mas craques como Federer, Djokovic e o nosso João Sousa não se encontram representados. Existem vinte e cinco atletas, com um espectro ridiculamente alargado de posições no "ranking" mundial, deixando sérias dúvidas sobre o critério de inclusão por parte da Big Ant Studios. A inclusão de uma ferramenta capaz de criar jogadores permite aos mais pacientes e dotados adicionar os seus astros preferidos, mas esta não deixa de ser uma possibilidade obscura que não faz muito pelo conteúdo original do jogo. Os modos de jogo são os esperados num simulador: é possível disputar partidas de forma simples ou participar em torneios, seja a solo ou a pares. De destacar a presença de uma opção de carreira que segue as pisadas de outros simuladores de desporto, acompanhando uma carreira fictícia da personagem do jogador que sobe no "ranking" mundial e com um pequeno enredo para manter o interesse.Dentro do campo o primeiro impacto é aflitivo, para dizer o mínimo. A jogabilidade é complexa e a curva de aprendizagem é elevada, mesmo em níveis de dificuldade mais baixos. Obviamente que até um recém-chegado pode ganhar uma partida se escolher um astro e defrontar um jogador com uma classificação baixa mas é necessário um investimento profundo para se dominar as mecânicas de jogo, mecânicas essas que são pouco intuitivas. O comportamento da bola parece ter feito bem a transição para o jogo, respondendo de forma diferente aos estímulos e pisos, o que é uma mais-valia. Visualmente e apesar de competente, AO Tennis 2 está longe dos padrões recomendáveis para o ano de 2020. Os modelos de personagens usados para retratar o público e os apanha bolas, por exemplo, são repetidos de forma exagerada. Os cenários exibem uma resolução e iluminação demasiado díspar, o que se torna uma distracção. O mesmo se pode dizer do público, cuja resolução contrasta demasiado com tudo o resto. Os atletas receberam o maior investimento neste aspecto, como seria de esperar mas apesar disso, não se aproximam do nível que a Switch já demonstrou. Junta-se a tudo isto alguns problemas técnicos que afectam o jogo, incluindo quebras frequentes de fluidez, que são mais visíveis quando jogado em multijogador.
Conclusão
AO Tennis 2 surge como a proposta mais recente num género que precisa de mais propostas de qualidade no catálogo da Switch. Apesar do esforço, fica muito abaixo de padrões que justifiquem o preço pedido, não fazendo jus à ambição que ostenta. Visualmente trata-se de um jogo aquém do que se viu na década anterior e o seu desempenho demasiado inconstante, as poucas vedetas que compõem o elenco e um modo carreira próximo dos modelos contemporâneos não fazem deste AO Tennis 2 um jogo recomendável.
O melhor
- Modo carreira
- Ferramenta de criação de jogadores
O pior
- Ambiente visual desactualizado
- Elenco aleatório e parco
- Jogabilidade demasiado exigente
- Quebras de desempenho frequentes
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Upload Distribution.