
ANÁLISE
Immortal Planet
Acção sombria.
Por João Duarte a
Immortal Planet é mais um daqueles jogos que vai buscar imensa inspiração ao clássico de 2011 Dark Souls, e o problema é essencialmente esse: é apenas mais um. Não faz quase nada de diferente ou interessante apesar da fórmula repleta de potencial, ao contrário do que acontece com outros jogos muito melhores como Hollow Knight, Dead Cells e Blasphemous. Apesar disso, não deixa de ser um jogo feito com alguma competência e o resultado é uma obra que embora não seja nada de especial, pode saciar aquela necessidade de algo semelhante a Dark Souls.
O enredo do jogo é contado da mesma maneira que nos populares RPGs de acção da From Software, pelo que pode muito bem passar despercebido a não ser que o jogador tenha curiosidade e faça um esforço para ler as descrições dos itens e os diálogos crípticos e poéticos das personagens. Existe aqui um enredo algo interessante mas as pistas e quantidade de texto dos cidadãos é pouca para ser algo muito desenvolvido. Neste tipo de jogos também é importante criar um mundo visualmente marcante com arquitectura distinta e outros pormenores, e o mundo de Immortal Planet é muito pouco memorável.Felizmente o jogo até acerta razoavelmente bem naquilo que é o mais importante. O combate não é nada de complicado mas inclui um conjunto de mecânicas que o torna suficientemente interessante para valer a pena jogar, nomeadamente um mecanismo de energia que recompensa o jogador capaz de o utilizar de forma bem sincronizada com os ataques dos inimigos. Por outro lado, a falta de variedade de inimigos é notável e a facilidade de os manipular desilude mas o jogo compensa com "bosses" bastante distintos e desafiantes. Os níveis são razoáveis apesar do aspeto visual de cada um ser completamente banal, e os atalhos para pontos seguros ajudam a mitigar alguma frustração que a repetição pode causar.
Embora o jogo tenha um sistema de combate bastante competente infelizmente peca na exploração, elemento importante neste estilo de jogo. Tirando os atalhos dentro dos próprios níveis, não existe muita interconectividade entre as áreas do jogo. O que por si não é exatamente um problema, mas os níveis desinteressantes em termos de conteúdo são de criticar. Existem apenas inimigos para matar, cargas para o recurso de cura e baús de tesouro, mais nada. Não arruina a experiência mas acaba por ser uma desilusão para quem esperava um mundo interessante, parte do que faz este estilo de jogo tão apelativo.Já se falou do quanto os visuais não contribuem para que Immortal Planet seja melhor que um jogo "indie" comum. Os níveis distinguem-se pouco uns dos outros para além de apenas uma cor e as personagens têm um aspecto pouco cativante. A perspectiva isométrica foi uma escolha algo interessante mas o impacto no jogo é fraco e às vezes até cria alguma confusão no sentido em que se pode desviar na direcção errada por engano. Mas o pior é de longe o desempenho do jogo tanto no ecrã da Switch como numa televisão, com quebras de fluidez inaceitáveis e que chegam a interferir com o combate. É também difícil de comentar a música do jogo quando ela é praticamente inexistente, aparecendo apenas em momentos e locais específicos, mas a que cá está vai ter zero impacto tirando as que tocam durante os combates com os "bosses".
Conclusão
Immortal Planet vai ser visto como mais uma cópia da fórmula introduzida por Dark Souls em 2011 e infelizmente, isso não está longe da verdade, uma vez que não faz nada de novo ou de interessante com o estilo. Tem um sistema de combate suficientemente bom para o elevar da mediocridade mas tudo o resto torna difícil de se recomendar.
O melhor
- Combate simples mas cativante
- Mecânicas que complementam a jogabilidade
O pior
- Exploração pouco satisfatória
- Desafio inconsistente
- Ambiente audiovisual completamente banal
- Péssimo desempenho
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Monster Couch.