
ANÁLISE
The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics
Paraíso com três sóis.
Por Beatriz Varela a
Thra, um mundo fantástico, tão variado quanto as suas criaturas: Gelflings, Podlings, Fizzgigs e Skeksis, entre outros seres, coabitam neste paraíso com três sóis. Mas há uma ameaça que paira sobre Thra, mais concretamente, o seu coração: o chamado Crystal of Truth foi roubado pelos Skeksis e depois de ter sido corrompido, tornou-se no Dark Crystal e começou a propagar uma doença horrível. As criaturas são consumidas por uma energia nociva que as torna agressivas, acabando por matá-las. Por outro lado, o uso abusivo do cristal por parte dos Skeksis torna-os poderosíssimos e quase imortais, gerando arrogância e presunção perante todas as outras criaturas, nomeadamente os Gelflings.
Jim Henson realizou o filme The Dark Crystal em 1982, mas só em 2019 é que a história teve direito a uma prequela através de uma série da Netflix. Tal como o seu antecessor, The Dark Crystal: Age of Resistance é inteiramente feito com recurso a animação de marionetes, tornadas mais flexíveis pelo uso da robótica. The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics foi apresentado durante a E3 de 2019 e é um jogo de estratégia por turnos onde se controlam várias personagens da série de 2019. O jogo conta a história da prequela com algumas liberdades, de forma a que não se torne confuso para quem nunca viu o filme ou a série. Embora não tenha mecânicas novas dentro do estilo, The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics merece um aplauso pela forma como conta a história e envolve o jogador.À medida que se avança no mapa são desbloqueadas várias personagens com características únicas. Graças à interface simplificada e à envolvência no ambiente, a metodologia da estratégia é bastante acessível. Alguns pormenores tornam a dinâmica do combate mais interessante, como atacar num ponto fisicamente superior ao do inimigo, o que acaba por ser mais eficaz. A degradação das condições das personagens, como acontece com envenenamentos e quedas em poços, também traz riscos para o jogador. Estes elementos tornam cada batalha única e desafiante, independentemente dos adversários.
O jogo apresenta ainda um sistema de personalização de personagens surpreendentemente extenso. Um sistema de funções permite que as personagens mudem de classe de forma eficaz, sendo que as habilidades adquiridas em cada classe podem ser usadas como poderes secundários num próxima classe. Desta forma, é possível desbloquear funções mais avançadas. Embora este nivelamento diminua à medida que a experiência total da personagem aumenta, o jogador nunca é castigado por fazer uma má escolha - é livre de reorganizar funções e habilidades sempre que quiser. À medida que se dedica mais tempo ao jogo, desbloqueiam-se mais habilidades que só podem ser usadas como resultado de sinergias com outras classes.Esteticamente, os personagens não têm uma aparência de marionete mas sim de modelos 3D. Embora a equipa responsável pelo desenho das personagens na série da Netflix fosse da opinião que personagens modeladas em CGI não obedeceriam ao espírito da série, no jogo esta opção funciona bastante bem. A banda sonora, embora repetitiva, está bem enquadrada no contexto do enredo original e remete imediatamente quem tenha gostado da série para o universo de Thra.
Conclusão
The Dark Crystal: Age of Resistance Tactics não traz abordagens nem técnicas novas ao mundo dos jogos de estratégia por turnos mas acaba por ser uma oportunidade agradável para passar algumas horas na companhia de Gelflings, tanto para fãs de The Dark Crystal como para recém-chegados à série.
O melhor
- A envolvência genuína
- Personagens conhecidas
- Ilustrações durante a narracão da história
- Simpático para quem não conhece a série
O pior
- Não são introduzidas mecânicas novas
- Estilo de jogo pouco adequado à história
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela En Masse Entertainment.