
ANÁLISE
Darksiders Genesis
Duo Apocalíptico.
Por Ulisses Domingues a
Desenvolvido como um “spin-off” da série principal, Darksiders Genesis surpreendeu ao ser retratado não como uma aventura convencional na terceira pessoa mas como uma experiência diferente com elementos de "hack and slash" e de RPG, que também se encontram na série Diablo, sem abandonar o legado da série Darksiders. Para os mais atentos, acaba por não ser uma grande novidade já que Darksiders sempre saltitou desta forma.
A acção desta prequela desenrola-se antes da primeira entrada da série e junta dois dos quatro cavaleiros do apocalipse, Guerra e Conflito, que partem juntos como irmãos para impedir Lúcifer de perturbar o equilíbrio natural do mundo. Ao longo de uma campanha de aproximadamente vinte horas, o enredo raramente surpreende e serve apenas como mecanismo para o avanço dos protagonistas. Mesmo assim, permite vislumbrar mais aspectos da personalidade dos dois cavaleiros que até aqui tinham ficado de fora da série, até mesmo de forma cómica e divertida, onde se incluem facetas mais galhofeiras. Isto acaba por ser um bom contraste com o combate, já que ambas as personagens funcionam de forma diferente: um deles é um brutamontes que utiliza ataques de curto alcance e com uma grande capacidade de resistência enquanto o outro baseia-se mais em ataques de longo alcance onde se incluem armas de fogo, bem como a possibilidade de aceder a munições temporárias que se tornam disponíveis depois de realizar ofensivas repetidas contra os inimigos. Esta é uma mecânica que promove agressividade e que obriga o jogador a concentrar os seus esforços no momento certo. Cada confronto é assim divertido e cheio de adrenalina, o que nos momentos mais difíceis exige uma troca constante entre ambas as personagens.Mas o combate consegue ser mais profundo. Para manter o jogador concentrado, os cavaleiros adquirem habilidades novas que lhes permitem não só resolver alguns quebra-cabeças mas também apimentar cada confronto. Sempre que resta pouca energia a um inimigo, os cavaleiros conseguem executar um último ataque que destrói e transforma as cinzas do desgraçado em esferas que recuperam a vida do jogador. É possível até chamar pelo cavalo de cada protagonista assim que a oportunidade surja para ajudar com uma travessia mais rápida pelo mapa. Mas o elemento mais divertido consiste em transformar as personagens principais em versões monstruosas e gigantescas deles mesmos passado um determinado momento da história, trazendo consigo novos ataques e investidas que proporcionam uma ofensiva divertida e macabra contra os lacaios de Lúcifer.
Outra componente que transforma Darksiders Genesis numa peça única serve de alternativa à convencional mecânica de subida de nível das personagens. Sob o nome de "Creature Core", as esferas largadas pelos inimigos vencidos servem para melhorar os protagonistas e devem ser dispostas numa grelha específica. Quando activadas proporcionam melhorias nos atributos de forma passiva e ativa, com vários efeitos à escolha. Isto pode ser complementado com a possibilidade de melhorar as esferas já existentes ao derrotar os mesmos inimigos noutros momentos. É uma mecânica que não só permite equipar os cavaleiros ao gosto do jogador mas também vai de mão dada com a oportunidade de repetir missões em dificuldades mais elevadas. Como se não bastasse, a meio da aventura desbloqueia-se um modo conhecido como "Arena" (e mais tarde, um de confronto infinito) onde as esferas podem passar por ainda mais melhorias. Os níveis são gigantescos, repletos de "puzzles" e segredos por descobrir, incluindo salas com tesouros e habilidades novas por desbloquear. Infelizmente a travessia pelos níveis é dificultada por um mapa mal executado que pouco ajuda à orientação. Quando aberto, o mapa destaca o local onde o jogador se encontra, mas não a sua localização exata. Para tornar as coisas piores, as personagens têm um aspecto muito pequeno no ecrã da Switch, transformando a experiência em algo menos divertido do que que se espera. Outro problema prende-se com o desempenho geral. Apesar do jogo estar quase ancorado a trinta fotogramas estáveis num ecrã de televisão, o mesmo não se pode dizer do jogo no ecrã da Switch. Não quebra a experiência mas em certos confrontos mais frenéticos ou quando entra em cena uma vista grandiosa, o desempenho do jogo sofre. Para colmatar este problema, Darksiders Genesis dispõe de uma resolução dinâmica quando jogado no ecrã da Switch e que permite reduzir a resolução em troca de um desempenho mais aceitável. Destaca-se também a possibilidade de jogar toda a campanha em "co-op" com outro jogador, seja a nível local ou online. Contudo não foi possível testar esta possibilidade durante o período de análise.
Conclusão
Apesar de um desempenho menos bom e de um mapa que pouco ajuda, Darksiders Genesis é talvez a entrada mais divertida na série até à data. A mistura de conceitos e géneros sem nunca perder a sua essência funciona a seu favor, transformando este "spin-off" numa compra obrigatória para os fãs, valendo também uma espreitadela para quem está curioso com este universo.
O melhor
- Sistema “Creature Core” viciante
- Combate divertido
- Relação entre os protagonistas
O pior
- Mapa pouco funcional
- Desempenho no ecrã da Switch
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Dead Good.