
ANÁLISE
Vampire: The Masquerade - Coteries of New York
Conflito entre facções.
Por André Pereira a
Vampire: The Masquerade é um nome bem conhecido, não só no mundo dos jogos de tabuleiro como também no mundo dos videojogos graças a Vampire: The Masquerade – Bloodlines, um jogo absolutamente icónico e com uma grande legião de fãs, apesar de um lançamento atribulado cheio de erros e problemas que levaram ao fim da sua produtora, a norte-americana Troika Games. O jogo causou tão boa impressão que os erros foram corrigidos através de "patches" desenvolvidos pelos fãs para que Bloodlines pudesse ser o jogo que a Troika quis que fosse. Daí que a expectativa face a uma sequela, dezasseis anos volvidos, seja consideravelmente grande. Ainda assim, enquanto chega e não chega, temos aqui uma entrada no mundo de Vampire: The Masquerade sob a forma de Coteries of New York.
É importante frisar para os fãs de Bloodlines que Coteries of New York é essencialmente um "visual novel" e não ao estilo da Telltale. Aqui é preciso ler muito, uma vez que o foco é o enredo, enquanto a interação por parte do jogador é menos proeminente. Isto não é de maneira alguma um ponto negativo, é antes um facto bastante importante para os jogadores poderem gerir as suas expectativas. Sendo um "visual novel", a escrita e a direção artística assumem uma importância fulcral. Não há vocalizações, pelo que as personagens dependem muito da sua caracterização visual, bem como da escrita. Relativamente à direção artística, Coteries destaca-se: as apresentações das personagens, sem animações, exibem ilustrações que poderiam perfeitamente encaixar-se num qualquer livro sobre vampiros. Quanto à escrita, é irrepreensível, conseguindo na perfeição pintar o ambiente onde o jogador se encontra, bem como caracterizar as personagens.Como em qualquer "visual novel", a experiência acaba por ser um pouco determinista, não descarrilando nem um pouco do objetivo do enredo, mesmo quando são colocadas escolhas ao jogador. No fim, estas acabam por não ter uma influência visível. As escolhas mais influentes estão relacionadas com a escolha de personagens a integrar no grupo do jogador, o que dá uma motivação para voltar a pegar no jogo e recomeçar tudo de início para conhecer as outras personagens.
Coteries of New York tenta ainda apresentar vários conceitos bem conhecidos dos fãs de Vampire: The Masquerade como a já referida "Masquerade" (e a importância de não a quebrar, revelando-se a humanos sob pena de morte final) e a necessidade de se alimentarem regularmente, podendo deixar que o mal interior de cada um se apodere em caso contrário. São conceitos que poderiam ter sido mais explorados e mais envolvidos nas mecânicas de jogo, mas que acabam por ter um papel superficial. É um jogo curto e que infelizmente, acaba de forma abruta. Aparentemente a ideia será avançar com uma ou outra sequela, mas não há nada pior do que um jogador envolver-se num enredo e subitamente, tudo terminar sem uma conclusão satisfatória. O pretexto de querer um final aberto para uma sequela não é suficiente nem serve de atenuante.
Conclusão
Coteries of New York é um bom pescoço, salvo seja, para quem está à espera de Bloodlines 2, mas infelizmente poderá deixar muitos jogadores insatisfeitos. Ainda assim, é um bom esforço por parte da polaca Draw Distance e será interessante ver o que pode mais sair deste estúdio.
O melhor
- Direcção artística
- Enredo
- Incentivos a jogar novamente
O pior
- Curto
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Draw Distance.