
ANÁLISE
SNK GALS' FIGHTERS
Lutas femininas.
Por Ulisses Domingues a
Os fãs de jogos de luta da SNK, em particular da série King of Fighters, ficaram certamente maravilhados quando SNK Heroines: Tag Team Frenzy foi disponibilizado no ano de 2018, um bónus da SNK para presentear o público com algo diferente. Para celebrar o trigésimo aniversário da Neo Geo eis que SNK Gals’ Fighters, um jogo até agora limitado à Neo Geo Pocket Color, segue esse mesmo esforço e salta agora para a Nintendo Switch.
Para o analisar corretamente é importante relembrar que SNK Gals' Fighters é um jogo de luta com vinte anos de idade, feito para uma consola portátil tecnicamente muito abaixo do que se encontra nos dias de hoje. Mas é errado assumir que o jogo é demasiado simplista, não faltam aqui combinações de ataques, "counters", "reversals" e até ataques especiais que demonstram a criatividade da SNK em utilizar dois botões em conjunto com as direções do "d-pad". Até um aparentemente inútil sistema de itens, onde um de dezasseis objetos pode trazer um benefício adicional à lutadora, tem a sua utilidade. É um sistema simples que convida todos os aspirantes das artes marciais, sejam eles novatos ou veteranos.SNK Gals' Fighters é também um elemento de história dos videojogos importante e que convida à reflexão. Sendo um jogo de qualidade feito há vinte anos para uma consola portátil, nota-se que existe pouco conteúdo comparado com obras mais actuais. Ainda assim, o jogo inclui onze lutadoras, um modo de treino e um modo "arcade" de nome Q.O.F. ("Queen of Fighters") com um enredo muito simples. Mas o mais impressionante, e talvez dececionante ao mesmo tempo, seja a modalidade "versus". Decepcionante porque não existe uma componente online, mas é também impressionante pela sua execução a nível local. Quando jogado num ecrã de televisão basta partilhar o Joy-Con com um amigo, mas quando jogado no ecrã da Switch a criatividade sobe um degrau e o ecrã divide-se em dois na vertical. Isto foi até pensado para quem utiliza uma Switch Lite, permitindo a sua partilha com uma pessoa à frente do jogador.
Um dos grandes destaques de SNK Gals’ Fighters é o carisma que se encontra por todo o lado. A direcção artística de proporções deformadas, conhecida como "chibi", apresenta-se como o estilo dominante e para acompanhar, uma banda sonora com um toque deliciosamente "retro". Os ataques especiais, por exemplo, exibem uma sequência cinemática muito rudimentar quando desferidos como golpe mortal. Tudo isto contribui para conferir personalidade num jogo que é curto comparado com obras mais recentes.A conversão e emulação de SNK Gals’ Fighters constituem um aspecto positivo. Para além da sua execução estar livre de problemas e de ter um ambiente visual colorido, é possível alterar o fundo entre várias cores diferentes da Neo Geo Pocket Color ou passar os olhos pelo manual de instruções. O mais engraçado é ser possível jogar com a "skin" da portátil escolhida através do ecrã da Nintendo Switch. Já quem quiser jogar com um ecrã maior pode fazer "zoom" e retirar o fundo temático. Está também disponível uma funcionalidade para inverter o avanço do jogo caso algum combate corra mal, semelhante ao que se encontra em reedições de clássicos da NES e SNES.
Conclusão
Adorável, engraçado e competente, SNK Gals’ Fighters surpreende pela positiva, apesar de ser um jogo com vinte anos de idade feito para uma consola portátil com os limites da sua época. Contudo a sua natureza simplista, mas ao mesmo tempo criativa, permite tirar partido das características da Nintendo Switch da melhor maneira. Para além dos combates divertidos, seja no modo "arcade" ou em multijogador local, trata-se de uma conversão muito bem realizada. Poderá não ser o jogo com mais conteúdo ou o mais elaborado mas diverte bastante e é uma peça histórica que revela o engenho da SNK.
O melhor
- Qualidade da conversão
- Jogabilidade simples e divertida
- Combate local divertido
O pior
- Sem componente online
- Pouco conteúdo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Homerun PR.