
ANÁLISE
Indivisible
Corajosa rapariga.
Por André Pereira a
Eis um jogo que para surpresa de todos, saiu duas vezes, surpreendendo mesmo a própria editora Lab Zero Games (Skullgirls). Alguma má gestão e má comunicação fizeram com que o jogo saísse prematuramente e num estado pouco indicado a ser vendido ao público. Se os jogadores tiveram acesso a um jogo que esperavam há meses, os responsáveis só ganharam má fama. Resolvidos os pormenores e com algumas actualizações em cima, eis a análise adequada a um jogo que até merece melhor.
Indivisible é sem dúvida um jogo visualmente fantástico, com ilustrações e animações trabalhadas à mão e com a participação do estúdio Trigger e Titmouse; desde a abertura passando pela exploração e pelo combate, tudo é lindo e vivo quando está em movimento. É um caso em que os olhos comem bastante e ficam regalados. O sentimento reflecte-se na banda sonora e restante trabalho áudio, com diálogos e vozes de qualidade que têm bastante a dizer e que proporcionam horas de momentos cómicos. Hiroki Kikuka é o responsável por dar música ao jogo.O jogo vê-se bem mas joga-se ainda melhor. É um daqueles casos raros em que juntar vários estilos até combina bem. Se é melhor que cada macaco fique no seu galho, Indivisible atira este princípio pela janela virtual, combinando elementos de "Metroidvania" com características de RPG por turnos. O meio termo é um Indivisible viciante para se explorar cada cantinho, conhecer todas as personagens e essencialmente, assistir ao desfecho da aventura.
Agora o enredo. Infelizmente, o enredo tem alguns problemas – mais propriamente, a nível do ritmo. Para um jogo que anda pelas vinte a trinta horas, mais para quem quiser, as coisas avançam a um passo demasiado acelerado que não deixa absorver ou apreciar os pormenores. Por exemplo, o jogo abre com uma sequência de luta contra alguém demasiado poderoso para o grupo e quando algo acontece, o jogador passa a controlar a protagonista de nome Ajna. Desde esse momento até a sua aldeia ser destruída como num RPG já visto "n" vezes, passam cinco minutos. Acontece demasiado num espaço de tempo muito curto para ter zero impacto emotivo.
E quando isso acontece, Ajna descobre que tem um poder especial de reter certas personagens na sua mente. Um truque engraçado para não atrapalhar durante a exploração e que permite invocá-las durante os combates. O efeito secundário é ter demasiadas vozes na sua cabeça e já se sabe o que isto quer dizer, mas não é algo que se leve muito a sério porque o jogo também não, pondo de lado a componente mais dramática pela comédia fácil para não estragar o ambiente.Enquanto a exploração e o regresso a pontos previamente contactados já é normal no género, o combate é outra conversa. Assim que o ecrã assume o formato de batalha, uma combinação de personagens assume as suas posições; alternando entre fases de ataque e de defesa, é possível combinar os botões de acção com os botões direccionais para activar habilidades ou outros ataques para tornar o sistema mais dinâmico. É divertido e não há uma luta aborrecida quando o jogo tem tantas personagens para conhecer e é um deleite assistir às suas animações em luta.
Conclusão
Trata-se de um jogo que não se pode dizer que é caro para o que é. É um jogo de pacote quase completo e pode bem dizer que tem mais estilo que substância, mas o trabalho investido é inigualável. As especificações técnicas metem inveja a muitos jogos de maior calibre, há muito conteúdo para estoirar várias horas e mais a vir durante as próximas actualizações já planeadas.
O melhor
- Ambiente audiovisual
- Exploração
- Combate
O pior
- Enredo
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela 505 Games.