
ANÁLISE
Shantae and the Seven Sirens
Um bom regresso.
Por Ulisses Domingues a
A heroína Shantae e o seu cabelo roxo elástico regressam em força à Nintendo Switch para a sua quinta aventura, Shantae and the Seven Sirens. Depois de um Half-Genie Hero que não correspondeu totalmente às expectativas, a WayForward pôs mãos à obra e apresenta agora uma sequela superior em vários aspectos, ainda que alguns elementos devessem ser diferentes.
A história desta sequela persegue Shantae e os seus amigos enquanto viajam para umas muito merecidas férias numa ilha paradisíaca. Aqui terá lugar um festival Half-Genie e a meio de um espectáculo de dança (o ponto forte de Shantae) todas as outras participantes desaparecem do palco. A protagonista vai então assumir a responsabilidade de perceber o que aconteceu e salvar todas as vítimas. Não é um enredo complexo ou especial mas é suficientemente atraente e humorístico para proporcionar um motivo à medida da série. Quem jogou os anteriores vai constatar que Shantae and the Seven Sirens acena aos fãs mais acérrimos com pormenores fora da trama principal. Infelizmente a fórmula aqui utilizada é a mesma que em Half-Genie Hero: uma história muito fechada com princípio, meio e fim, ao contrário do que aconteceu com os primeiros três jogos (concluindo com o excelente Pirate’s Curse).
Deliciosamente divertida (como sempre o foi), a jogabilidade neste Seven Sirens é novamente um destaque pela positiva. É sempre agradável percorrer os níveis de plataforma em plataforma graças à agilidade da protagonista, e o seu cabelo elástico transforma por meios violentos uma variedade impressionante de inimigos em pedras preciosas que podem ser trocadas por itens que repõem os seus indicadores vitais e mágicos. No decorrer da jornada Shantae tem acesso a muitas armas secundárias (com a possibilidade de serem melhoradas), assim como novas danças e poderes de transformação.Desta vez a engenhoca do título (todos os jogos de Shantae têm uma) resume-se a uma habilidade chamada "fusion magic". A verdadeira novidade traduz-se na forma como a WayForward incorporou esta mecânica para melhorar (e complicar) a estrutura dos níveis. Em vez de a seleccionar através de um menu, interrompendo toda a acção, Shantae agora utiliza as habilidades de forma quase instantânea. Os novos pézinhos de dança da heroína proporcionam efeitos benéficos como restaurar a sua força vital ou eliminar um veneno. No entanto, desbloquear estas habilidades pode ser cansativo, pois exige voltar imensas vezes atrás no mapa. Mais incómodo ainda são os relativamente longos tempos de espera entre algumas áreas, prejudicando um pouco a experiência no geral.
Outra mecânica que merece algum destaque e com um impacto positivo na experiência é a capacidade de melhorar (minimamente) Shantae com vários benefícios como aumentar a velocidade da personagem ou tornar algumas ferramentas mais eficazes. Estas vantagens vêm sob a forma de cartas que os inimigos deixam cair quando derrotados e quando se reúne um certo número de cartas iguais, Shantae pode utilizar a habilidade ali descrita, conseguindo equipar até três habilidades diferentes.
Infelizmente há alguns elementos de Seven Sirens que não lhe permitem ser o melhor jogo da série. O mapa do menu principal, por exemplo, pouco ajuda quando é mais necessário. Apesar do seu esquema simples e aspecto cristalino, os indicadores disponíveis são apenas os das salas para guardar os dados do jogo e de salas de tele-transporte. Com tanto objecto extra para apanhar, o mapa poderia certamente ser um pouco mais útil. Já o nível de dificuldade é ridiculamente baixo. Os inimigos deixam cair itens de cura com bastante frequência e a forma de consumir esses itens provoca uma paragem completa na ação do jogo. Shantae com pouca energia no meio de um ambiente caótico? É melhor interromper o jogo e comer uma bolachinha. Apesar de todo o vasto leque de habilidades e ferramentas disponíveis, basta utilizar o ataque normal para completar o jogo praticamente todo.Outra infelicidade é a ausência do compositor Jake Kaufman. O seu trabalho acompanhou a série Shantae desde a sua génese mas por razões que só o próprio conhece, não pôde participar em Seven Sirens. A banda sonora aqui presente, apesar de exibir uma inspiração mais retro e ser algo genérica, continua a ser boa, mas a falta de sonoridades mais eletrónica e de inspiração árabe encontradas em Pirate’s Curse, ou mais suave e melodiosa como em Risky’s Revenge, acaba por deixar de lado um pouco da sua identidade.
Já quanto à apresentação do jogo, Seven Sirens introduz pela primeira vez na série sequências cinemáticas animadas em momentos chave. São breves apresentações lúdicas de personagens ou de locais que tornam o jogo mais atraente. Como se não bastasse, o estúdio TRIGGER (responsável por produções como Kill la Kill ou Little Witch Academia) produziu a cinemática de abertura e esta é simplesmente soberba.
Conclusão
Apesar de ser uma aventura curta (cerca de dez horas), Shantae and the Seven Sirens é uma apresentação perfeita para jogadores recém-chegados, enquanto que os veteranos vão concordar que se trata de um óptimo regresso ao estilo "Metroidvania" desde Pirate’s Curse. Infelizmente o nível de dificuldade é muito baixo, o mapa disponível no menu principal não é o mais prestável e a banda sonora carece do que tornou a série tão memorável. Contudo, todos os outros elementos funcionam muito bem em conjunto e fazem de Seven Sirens um jogo facilmente recomendável para qualquer fã ou curioso.
O melhor
- Jogabilidade e experiência
- Apresentação
- Estrutura dos níveis
O pior
- Banda sonora
- Mapa pouco prestável
- Dificuldade baixíssima
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela WayForward.
10 de Junho, 2020, 14:36
Este vai para a lista também. Quero ver se inicio na série este ano com o primeiro no Game Boy.