
ANÁLISE
What the Golf?
Surreal paródia.
Por Diogo Caeiro a
What the Golf? é certamente um jogo interessante, declarando-se de imediato como um jogo de golfe para todos os que odeiam golfe. No entanto, esta descrição não está inteiramente correcta. Escondido atrás de uma jogabilidade simples e de um sistema hilariante de físicas encontra-se um conjunto de "puzzles" e de minijogos sobre um contexto apenas comparável a algo como WarioWare, Inc.: Minigame Mania, e o resultado não poderia ser mais divertido.
Fazendo uso de um só analógico (ou botões direccionais) e de um botão, o jogador percorre um laboratório seccionado por temas diferentes, cada um dedicado a experiências relacionadas com golfe. Os níveis representam temas específicos de forma directa ou indirecta, seja no seu objectivo, jogabilidade ou aspecto visual. O jogador avança completando mais e mais níveis, acabando sempre por culminar num embate com o jogo, responsável pelo funcionamento do laboratório. Este confronto traduz-se numa sequência de curtas etapas em rápida sucessão, todas elas com um truque simples e caricato.What the Golf? resume-se essencialmente à constante traição das expectativas do jogador, proporcionar uma experiência que se mantém fresca e criativa de início ao fim, seja pela abordagem à construção de cada nível, seja pela forma como pretende que a informação seja interpretada. Em vez de uma bola de golfe pode ser uma bola de futebol, uma flecha, um carro ou até mesmo um gato, cada um controlado da mesma forma mas com mecânicas e movimentos largamente distintos. Seja a driblar por campos de futebol ou a manipular a gravidade em galáxias distantes, não há nada a que o jogo não recorra para arrancar mais uma gargalhada. É uma investida incessante de ideias e conceitos que se situam entre o genial e o surreal e à qual é impossível resistir. Mesmo no final do jogo o sentimento de curiosidade sobre o que poderá aparecer no próximo buraco nunca abandona a experiência.
E como se isso não bastasse, cada um dos níveis oferece mais duas variantes para completar depois de terminada a sua primeira versão. Estas oscilam entre a conclusão do mesmo nível com algumas restrições e um objectivo totalmente tresloucado que faz o jogador indagar se isto é realmente um jogo sobre golfe. Completar as três versões de cada nível desbloqueia objectos coleccionáveis, entre dezenas para obter.Esta adaptação para a Switch inclui ainda também um modo competitivo que coloca dois jogadores numa série de níveis exclusivos onde ganha quem conseguir completar mais níveis antes que o outro. Empregando tudo o que faz o modo a solo divertidíssimo, peca apenas pela falta de uma componente online e por estar restringido apenas a dois jogadores. No departamento visual o jogo adopta uma direcção artística minimalista composta por poucos polígonos, reminiscente de outros jogos "indie" como Untitled Goose Game e que combina perfeitamente com uma jogabilidade simples, contribuindo muito para o seu charme. A selecção musical não é tão versátil como as outras componentes do jogo mas o tom e a forma como as faixas "a capella" entram e saem entre níveis dificilmente não colocarão qualquer um a sorrir.
Conclusão
Divertido e criativo de início ao fim, é impossível ignorar o cuidado e a atenção aos pormenores que a Triband dedicou a What the Golf?. Este jogo constitui o exemplo perfeito de tudo aquilo a que um jogo se deve propôr.
O melhor
- Estruturalmente perfeito
- Estética apelativa
- Jogabilidade simples e divertida
- Criatividade inigualável
O pior
- Níveis na primeira pessoa fracos
Nota: Esta análise foi efectuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Dead Good.