
CRÓNICA
"Third Parties" na Wii U - Qual o futuro?
Pairam algumas dúvidas sobre a Wii U.
Por Nuno Nêveda a
Depois de uma longa paragem sabática, a crónica Domingo Nintendo regressa num formato mensal. Servirá para reflectir sobre um ou mais temas relevantes do momento. Uma oportunidade para divulgar opiniões e impressões da equipa do FNintendo.
Algo que ainda promete fazer correr muita tinta é a recente opção da Ubisoft relativamente a Rayman Legends. Aproveitando o dia de apresentação dos seus mais recentes resultados financeiros, a marca gaulesa confirmou que o esperado jogo iria deixar de ser multiplataforma. Esse facto foi usado como justificação para o adiamento da versão Wii U. Uma decisão muito questionável, sobretudo quando tudo aponta para que o processo de desenvolvimento do jogo esteja terminado.
A indignação não se fez esperar, desde mensagens de repúdio no Facebook, Miiverse e fóruns internacionais, petições ou até declarações públicas da equipa de produção do jogo. A resposta: teremos uma demo exclusiva.
Muito já foi debatido, eu próprio sinto-me descontente com o adiamento de um dos jogos que mais ansiava para a Wii U. O problema começa a ser mais amplo que uma simples falta de respeito para com os fãs ou uma má estratégia comercial. Revela uma descrença no sucesso da Wii U. Um ponto de partida para algo que deve ser melhor analisado.Verdade seja dita que a consola nem tem meio ano no mercado e que nenhuma plataforma fica condenada num tão curto período de vida. Mas os sinais começam a ser perturbadores, nomeadamente no que toca ao apoio de editoras externas (vulgo "third parties").
A Electronic Arts já não vai lançar Madden nem Tiger Woods (dois jogos recorrentemente lançados na Wii) e só tem um projecto anunciado para a consola – um port de Most Wanted. A Activision revelou a sua desilusão pelas vendas no lançamento da Wii U. A Ubisoft adiou um trunfo da consola e tirou-lhe a exclusividade. A Bethesda, a Rockstar e a Epic ainda não entraram no barco. A Warner Bros. e a 2K sem projectos futuros...A lista de ausências é visível e não se vislumbra qualquer tipo de mudança a curto/médio prazo.
Pode-se argumentar que quem compra consolas Nintendo está interessado sobretudo em jogos Nintendo. Mas não foi isso que a empresa nipónica prometeu na E3 de 2011 e 2012. Prometeu um forte apoio de jogos externos! Como se constata, promessas com algum grau de irrealismo.Como apreciador de jogos Nintendo, certamente que poderei usufruir do potencial da Wii U neste aspecto e como eu existem milhões espalhados pelo mundo fora. Por outro lado, a história provou com a Nintendo 64 e GameCube que os seguidores habituais (e que compram a consola sobretudo pelos jogos da própria Nintendo) não são suficientes para assegurar a liderança a uma consola doméstica Nintendo.
Aqueles projectos deram lucro, mas a Wii mostrou uma inflexão da política da Nintendo. Ela revelou que o gigante estava à procura de números mais ambiciosos. Dessa forma, torna-se premente saber qual a estratégia da Nintendo para dar volta a esta situação. Futuras apresentações Nintendo Direct e a própria edição 2013 da E3 serão importantes.