
ANÁLISE
LEGO City: Undercover
Construções de polícias.
Por Nuno Nêveda a
A Traveller's Tales, nos últimos anos, especializou-se em jogos de LEGO baseados em licenças de conhecidos filmes como Star Wars, Harry Potter ou The Lord of the Rings. Uns melhores do que outros, mas no geral mantinham uma qualidade aceitável. Agora, com o apoio da Nintendo e num exclusivo Wii U, a TT Fusion resolveu dar um grande passo em frente e abraçar caminhos mais ambiciosos.
Sem material licenciado, com excepção dos conteúdos da empresa dinamarquesa de brinquedos, LEGO City: Undercover é um projecto arriscado. Não se limita a ser mais um jogo LEGO. Tenta entrar no difícil campo dos “open world” onde domina um gigante chamado Grand Theft Auto. Surpreendentemente (ou talvez não) a TT Fusion conseguiu atingir os seus intentos com sucesso, juntado o humor típico dos seus jogos, com uma oferta para todas as idades e conteúdo em enormes quantidades.
Como seria de esperar, o foco principal do jogo é o modo de história. A falta de licenças não impediu de ser criado um argumento original capaz de cativar o interesse do jogador. Ao todo teremos de percorrer 15 capitulos. De inicio assumimos a pele de Chase McCain, um polícia de LEGO City conhecido por ter capturado o perigoso Rex Fury. O jogo começa quando Chase McCain é chamado pela presidente de LEGO City para a ajudar a voltar a capturar esse criminoso, acabado de fugir de uma prisão de alta segurança. Dessa forma temos de combater o crime reinante na cidade, assumindo a função de polícia infiltrado em diversas organizações criminosas. Contamos sempre com o apoio do desastrado Frank Honey e da responsável técnica do equipamento Ellie Phillips, e teremos de aturar os humores do incompetente e execrável chefe da policia Marion Dunby. A história é envolvente a longo prazo, com desenvolvimentos interessantes e magníficos diálogos. Inúmeras referências a filmes, humor recorrente e prestações vocais originais de alto nível. Acrescenta-se a tradução para a língua de Camões, com textos e dobragem totalmente em português. Provavelmente é um dos melhores trabalhos de localizações que poderão encontrar nos videojogos. Vozes relativamente bem escolhidas e com emoção devida. E é engraçado ver alguns estereótipos empregues, como agricultores com pronúncia alentejana ou cientista com sotaque russo.
LEGO City: Undercover junta o estilo sandbox e mantêm o esqueleto conhecido dos anteriores jogos LEGO. Torna-se possível visitar praticamente qualquer lugar e explorar todo o seu conteúdo, descobrir coleccionáveis e jogar curtos minijogos. O fluxo constante de recompensas faz valorizar a exploração, mesmo que o resultado final não seja mais do que novos carros, roupas ou a natural progressão do jogo. Ao bom estilo LEGO, muitas das localizações (sobretudo dentro de edifícios) só são desbloqueadas no decorrer de missões e com novas habilidades entretanto aprendidas.Os "studs" estão de volta e são fundamentais para comprar os conteúdos desbloqueados. Contudo, uma das grandes atracções são os Super Tijolos que permitem criar Super Construções, como heliportos ou pontes. Estes tijolos são ganhos ao destruir estruturas (e é bem divertido conduzir a destruir tudo pelo caminho) ou a descobrir tijolos de maior valor que estão escondidos pelo cenário. O mundo é maravilhoso e tem muitos recantos para explorar. Nesse aspecto a utilização de veículos é fundamental, existindo mais de 100 para descobrir, que vão desde carros, camiões, motos, helicópteros e barcos. E basta mostrar o distintivo de policia e saltar para o veiculo para ser temporariamente nosso.
Sendo um jogo Wii U, a interacção com o GamePad tinha de estar presente. O uso do comando da consola é do mais interessante que se pode ver na actualidade. É funcional, intuitivo e a sua utilização é natural. Chase McCain usa uma representação virtual do GamePad chamada Comunicador. Para além da comunicação com outras personagens através deste aparelho, é possível tirar fotos, ver o mapa e ouvir conversas à socapa. Não existe modo Off-TV Play, mas acaba por ser rapidamente esquecido pelo facto de o GamePad funcionar muito bem como segundo ecrã.De resto, a jogabilidade é focada na exploração de áreas, resolver enigmas básicos, perseguir inimigos em carros ou a pé, e lutando contra bandidos numa mecânica simplista e com muita variedade. No geral segue o padrão conhecido dos jogos LEGO com um maior refinamento, mas mantém o baixíssimo nível de dificuldade. Em 15 horas que dura a campanha, deveremos morrer um par de vezes e só por causa de quedas mal calculadas. Quem pretender desbloquear o inacreditável conteúdo disponível ou apenas explorar a cidade podem duplicar ou triplicar o tempo de jogo. Tudo se limita a jogatanas solitárias, com total ausência de modos multijogador.
Tecnicamente o mundo de LEGO City é vivo, dinâmico, com detalhes impressionantes e com muito atenção a pequenos pormenores. Na generalidade do jogo, a fluidez mantêm-se estável, mas os tempos de loading são excessivos e longos. Outro ponto negativo encontra-se presente na falta de anti-aliasing, ou seja vê-se algum efeito “serrilhado” no grafismo.
Conclusão
Para concluir, LEGO City: Undercover é o melhor jogo LEGO de sempre. A TT Fusion criou um "sandbox" encantador, com uma boa história, humor muito próprio, e conteúdo suficiente para horas de vício. Não é um jogo perfeito, nomeadamente em algumas questões técnicas, mas usa as potencialidades do GamePad como ninguém. Sem dúvida, um excelente título para o carente catálogo da Wii U.
O melhor
- "Sandbox" extremamente polido
- Campanha divertida
- Muito conteúdo para desbloquear
- Bela localização para português
O pior
- Tempos de loading longos
- Demasiadamente fácil
26 de Março, 2013, 12:09