
CRÓNICA
WiiWare: pináculo da criatividade?
Por Ivan Lopes a
Pela terceira semana consecutiva apresentamos mais uma crónica "Domingo Nintendo".
Desta vez eu fui o escolhido para dissertar um pouco sobre a actualidade da Nintendo. Assim, aproveitando a recente análise do FNintendo ao jogo número 100 do WiiWare, LostWinds: Winter of the Melodias, resolvi escrever um pouco sobre este serviço que tem trazido boas ideias no panorama dos videojogos.
Mesmo antes do lançamento da Wii, a Nintendo focou a sua aposta de serviços online em downloads de jogos. Mas inicialmente a aposta recaiu em clássicos intemporais de consolas como a NES, Super Nintendo, Mega Drive, entre outras. Este serviço chama-se Virtual Console e permite que novos jogadores possam conhecer as velhas glórias dos videojogos e que jogadores veteranos possam reviver tempos antigos. Embora tenha sido um sucesso desde sempre, a concorrência tinha outros trunfos no download de jogos com serviços que continham pequenos jogos originais. Dessa forma, a Nintendo vendo essa lacuna, resolveu lançar uma nova oferta dentro do Wii Shop Channel, chamado de WiiWare.
O WiiWare foi criado com o intuito de abrir caminho para jogos mais pequenos e criativos chegarem ao mercado a um preço reduzido, sem grandes riscos para os seus criadores. Também oferece uma vasta gama de jogos para diferentes faixas etárias, jogos de índole clássica.
Muitos belos jogos têm surgido no WiiWare, como o recente LostWinds: Winter of the Melodias (9,3/10), que se têm tornado em títulos obrigatórios para quem aprecia qualidade nos videojogos. E sabendo que uma das principais características que a presente geração de consolas é a distribuição de conteúdos digitais, o WiiWare têm-se assumido como uma óptima ferramenta para se apostar na criatividade sem os produtores estarem constrangidos com os blockbusters do actual mercado.
Por exemplo e olhando para o actual top FNintendo de análises WiiWare, constata-se que o número 1 é o World of Goo (9,4/10). Um belíssimo jogo produzido por uma micro equipa de apenas dois elementos. Pode-se concluir que o WiiWare é o local indicado para grandes ideias com orçamentos limitados possam florescer. Outro exemplo é o bom Toki Tori, remake da versão Game Boy Color.
Por outro lado, a verdade é que inicialmente a maioria dos jogos disponíveis eram de pequenas editoras mas o crescente impacto de muitos dos jogos têm feito que grandes produtoras apostem em lançamentos de alguns dos seus projectos.
Já vimos o regresso de Mega Man (8,5/10) ou Contra Rebirth (9,0/10) que se revelam excelentes propostas mas vindos de grandes editoras e inspirados claramente nos primeiros títulos das respectivas séries. Óptimas adições ao catálogo da Wii mas não fugiram à liberdade criativa que deveria nortear os jogos existentes no WiiWare?
Será que editoras como Capcom, Square Enix e Konami com o seu investimento em jogos WiiWare tiram o protagonismo a produtores independentes mas com produtos de qualidade semelhante ou superior?
No futuro veremos um Castlevania Rebirth e certamente outras editoras seguirão esse caminho. Este reciclar de clássicos pode agradar a imensos fãs mas na minha opinião serve sobretudo para capitalizar a crescente popularidade do serviço. E eu quando acedo ao WiiWare pretendo sobretudo encontrar propostas originais, sem receios de correr riscos comerciais e que não possam existir no formato físico.
Outra questão que começa a ser premente é a limitação de espaço que a Nintendo disponibiliza para cada jogo. Embora as técnicas de compressão existentes sejam altamente evoluídas, os cerca de 46mb disponibilizados às equipas de produção não serão diminutos comparados com a concorrência? Não ficará limitado o futuro do WiiWare com esta imposição da Nintendo?
Desde a actualização que permite que se corra os jogos WiiWare directamente dos cartões SD, que esta limitação se tornou obsoleta. Seria benéfico o alargamento do espaço concedido até para aumentar a liberdade criativa.
Analisando o catálogo de mais de uma centena de jogos presentes no WiiWare verifica-se realmente que estamos perante um ponto alto do processo criativo, ajudando a inverter a tendência de estagnação de ideias reinante na industria. Se procuramos realmente jogos inovadores e sem medo de risco, certamente iremos encontrar mais facilmente no WiWare do que em muitas prateleiras de lojas de venda de videojogos. Podem muitos desses jogos ser curtos por causa dos reduzidos 46mb ou outros serem apenas uma reciclagem de clássicos, mas existem pequenas pérolas que merecem ser experimentadas.
Em jeito de conclusão deixo estas questões no ar…acham que o WiiWare é o pináculo da criatividade? Ou será uma forma de ganhar mais dinheiro junto dos jogadores, com produtos de baixo orçamento?