
ANÁLISE
Pokémon Mystery Dungeon: Gates to Infinity
Evolução comedida.
Por Fábio Pereira a
Mystery Dungeon é um subtítulo muito popular no Japão e que muitos RPGs de longa data parecem querer experimentar, nem que seja uma vez. Nasceu pela vontade de Koichi Nakamura em criar uma série original e levou a Chunsoft a deter uma das mais importantes licenças na variante de RPG. As séries Dragon Quest e Final Fantasy já tiveram a sua cota parte, com o exemplo mais sonante a ser Chocobo`s Dungeone também a Nintendo se rendeu à variante, cedendo a tão popular franchise dos monstros de bolso.
Pokémon Mystery Dungeon: Gates to Infinity é a estreia da série na 3DS. A renovação nota-se ao primeiro olhar. O grafismo a duas dimensões foi colocado de parte e a série dá o salto para a terceira dimensão sem perder a cor. Visualmente, é muito apelativo. Os modelos das personagens são fantásticos, os elementos da cidade repletos de pormenores e até os níveis, apesar da sua estrutura repetitiva, conseguem um excelente resultado. Um belo cartão de visita para os estreantes na série e uma renovação bem-vinda para os veteranos.O jogo segue um humano que é transportado para o mundo dos Pokémon, vestindo a pele de um deles. Logo de início, o jogador terá de escolher entre um de cinco heróis disponíveis: Pikachu, Tepig, Snivy, Oshawot e Axew. O herói desperta então num novo mundo e é ajudado por uma silhueta que se revelha o nosso companheiro de aventura, que podemos escolher entre os restantes heróis. Esta decorre em grupo e podem-se formar equipas de até quatro elementos. O jogador controla o protagonista e os restantes são controlados pelo jogo. Após algumas horas de jogo, é possível recrutar novos membros para a equipa e a evolução dos ataques é conjunta, facilitando o progresso de todos.
O sonho do companheiro é criar um paraíso que possa ser desfrutado por todos os Pokémon e enquanto não forem alcançadas as respostas para o protagonista estar naquele mundo, este ajuda o companheiro a concretizar aquele objectivo. Trata-se de uma das partes mais interessantes do jogo. Existe espaço suficiente para uma imensidão de lojas que podem ajudar a melhorar as habilidades, cultivar itens ou simplesmente desfrutar de alguns minijogos. Ao mesmo tempo, é também muito satisfatório ver aquele pequeno paraíso a crescer.
Obviamente que tudo isto tem uma história como pano de fundo, história essa surpreendentemente bem trabalhada, ao ponto de se questionar se é mesmo direccionada para um público infantil. Os eventos são separados em episódios e abordam temas como a falta de confiança ou a solidão. Ao início, podem até ser dramáticos demais. O único senão é a velocidade a que tudo se passa. Não é possível acelerar a velocidade dos textos ou desligar o som irritante das letras e as conversas duram largos minutos. As sequências da história são uma constante, demasiado longas e acabam por quebrar o ritmo de jogo. A banda sonora é talvez o único elemento a suavizar estas situações, as músicas entram facilmente no ouvido e são bem diferentes das que se ouvem na série principal.No que diz respeito à exploração dos níveis, tudo se processa de forma idêntica aos jogos anteriores. Os níveis são gerados aleatoriamente e cabe ao jogador encontrar a saída de cada piso até alcançar o objectivo final. Alguns destes níveis transitam entre espaços exteriores e interiores. Nos espaços exteriores há mais liberdade e ao tocar num Pokémon selvagem, o jogo entra em modo de combate num piso sobre grelhas. Pelo meio, há alguns puzzles de fácil resolução, mas que são bem-vindos para quebrar a monotonia.
A inteligência artificial dos companheiros é bem apurada na altura de combater os inimigos, posicionando-se em vantagem sobre os mesmos para conseguir os melhores resultados. Infelizmente, é essa sede de batalha que causa alguma frustração, quando se está a avançar num corredor e o companheiro decide ir na direcção contrária porque viu um inimigo a metros de distância, obrigando o jogador a voltar atrás (isto porque se o companheiro morre, o jogador tem de recomeçar). Apesar de tudo, a evolução das personagens e dos ataques é simples, os inimigos não oferecem grande dificuldade e todo o processo é bastante facilitado. Existem alguns itens de cura, mas os Pokémon recuperam energia enquanto caminham, o que leva a uma acumulação de itens por falta de uso. É ainda possível ser-se salvo por um amigo através do Street Pass, depois de perder o jogo e deixar um pedido de ajuda. Porém, as hipóteses disto acontecer não deverão ser muito altas e as penalizações em recomeçar o nível não vão muito além de perder algum do dinheiro acumulado. Esse dinheiro pode ser também utilizado para comprar itens com os quais é possível equipar os Pokémon.Ao longo da recolha de recursos para melhorar o paraíso será preciso realizar algumas missões secundárias, mas aqui o jogo oculta a sua evolução e a grande maioria daquelas missões acaba por se revelar imprescindível para avançar, o que transmite uma falsa sensação de conteúdo alternativo. Apesar de tudo, não deixa de ser um jogo muito repetitivo, o que é habitual em jogos de estilo semelhante. Ainda assim, é possível utilizar elementos reais na exploração através do modo Magnagate, que permite utilizar a câmara da 3DS para procurar elementos circulares no meio real do jogador, como tampas de garrafas ou botões, ou até desenhar um círculo numa folha. A cor e a dimensão vão gerar um nível aleatório, com dificuldade, duração e personagens igualmente aleatórios. Pode ser interessante uma primeira vez, mas depois é mais do mesmo e compensa apenas pela transferência dos itens e dinheiro recolhidos para a aventura inicial.
Conclusão
Pokémon Mystery Dungeon: Gates to Infinity é uma lufada de ar fresco na reestruturação necessária a este spin-off de Pokémon, apesar de não ser propriamente uma evolução. Não tem a profundidade ou exigência de outros Mystery Dungeon, mas nunca foi essa a intenção. Tanto o grafismo como a banda sonora estão perfeitos e este título não vai desiludir os fãs. A história é interessante que baste, apesar de cansativa, e construir um paraíso é um processo cativante. No entanto, é também uma aventura mais fácil que o habitual e torna-se ainda mais limitada pela falta de Pokémon disponíveis. Aqui são bem menos que nos jogos anteriores, e isso agrava a mecânica já de si repetitiva. A novidade dos Magnagates para gerar níveis aleatórios também não se apresenta como um factor muito atraente, já que apenas expande um actividade repetitiva que existe no modo principal. As novidades não são muitas, mas pode bem ser esta a renovação necessária para atrair um novo público.
O melhor
- Gráficos coloridos
- Construir um paraíso
O pior
- Poucas novidades
- Repetitivo a curto prazo
- Fácil demais