
ANÁLISE
Dillon's Rolling Western: The Last Ranger
Ajudem a defender a cidade. Outra vez.
Por Manuel Morais a
Apesar de ser um jogo de qualidade, Dillon's Rolling Western foi um título que apresentou bastantes falhas ao nível da jogabilidade. Cerca de um ano depois, chega-nos Dillon's Rolling Western: The Last Ranger, uma sequela que apesar de resolver alguns problemas, mais parece uma extensão do primeiro título do que propriamente um jogo novo.
Por essa razão, pode ser relevante ler a nossa análise do primeiro título, pois o jogo é praticamente igual. Dillon, o mercenário, é contratado para proteger cidades dos inimigos de pedra que tentam destruir animais no seu interior. Cada cidade corresponde a um nível, dividido ao longo de três dias. Cada dia é composto por uma fase de preparação, onde se pode explorar o terreno para encontrar os pontos de entrada do inimigo, apanhar minerais para vender ou construir portões, apanhar mais comida para os animais da cidade e construir torres. Segue-se a fase em que o inimigo ataca e em que não se pode deixar que ele chegue à cidade. No final do dia, caso tenha tudo corrido bem, Dillon tem direito a um momento de descanso e o jogador pode gravar o que já cumpriu (única altura em que isto é possível), receber missões, comprar equipamento e trocar play coins por dicas. Se pela descrição o jogo parece semelhante, é porque é mesmo. Todas os recursos sonoros e gráficos são praticamente os mesmos, com muito poucas mudanças. Apesar de novos mapas e personagens, a mecânica base continua praticamente igual e com os mesmos problemas de antes. Por muito dinheiro que se tenha de sobra dos níveis anteriores, na primeira tentativa cada nível começa com uma quantidade muito pequena de crédito, que nunca é suficiente para fazer aquilo que se quer. Para entrar em cada nível, é necessário que a soma dos classificações dos níveis anteriores atinja um certo valor, o que pode obrigar a repetir níveis que levam mais de uma hora a terminar. As torres estão na sua maioria apontadas em ângulos fixos e sem nexo, o que não permite utilizar qualquer noção táctica na sua colocação. Uma morte pode por vezes representar a necessidade de repetir mais de uma hora. E acima de tudo, apesar de todos os níveis serem bastante diferentes entre si, o combate continua imensamente repetitivo, com o número de inimigos a aumentar exponencialmente ao longo do jogo, o que acaba por prejudicar o efeito positivo que isso traz.
Nem tudo é mau e nota-se uma série de pequenas melhorias e meia-dúzia de novas mecânicas relativamente ao seu antecessor. Em primeiro lugar, foi incluído um modo para canhotos, um pormenor pequeno mas agradável de se ver. Outra novidade é que o mapa já não é tão linear. Cada nível principal tem agora também um nível secundário ao lado, que não é obrigatório superar. Em cada um destes níveis secundários, é introduzida uma nova personagem com uma pequena história que se junta a Dillon e que é possível contratar por algum dinheiro. Pelo preço semelhante a uma torre, estas companhias compensam bastante, podendo dar ordens durante a fase de preparação para ajudar a apanhar recursos, e na fase de ataque ajudam bastante na defesa, derrotando vários inimigos.
No final destes níveis secundários há um pequeno combate que faz uso de quick time events contra a personagem (contratada ou não) e em caso de vitória, Dillon recebe a sua ajuda sem custo no nível principal seguinte. Isto causa um situação bizarra, uma vez que torna os níveis supostamente opcionais em níveis praticamente obrigatórios. Tentar fazer os níveis principais sem as personagens auxiliares torna-se quase suicida, o que leva a uma pior prestação, e por tabela, a uma pior classificação. Uma outra nova mecânica é a introdução de um comboio. Nos níveis principais existe um carril ao longo do qual, no terceiro dia, passa um comboio que também tem de ser defendido. Em alguns mapas existem ainda buracos na linha de comboio que têm de ser restaurados com minerais apanhados durante a fase de preparação e que os inimigos podem voltar a abrir. É um elemento pequeno mas que contribui para a variedade.
No que toca à componente técnica, Last Ranger é um título de qualidade. O grafismo tem muito bom aspecto e mantém 30 fps sempre constantes, o 3D é dos mais profundos da consola, as falhas técnicas são uma miragem e a banda sonora é apelativa. A longevidade é também enorme, ultrapassando facilmente as 20 horas para chegar ao final. Se por €10 este é um dos jogos mais caros da eShop, não há dúvida que tem conteúdo mais que suficiente para os justificar.
Conclusão
Apesar de não ser mau, Dillon's Rolling Western: The Last Ranger mais parece uma versão 1.1 do seu antecessor do que propriamente uma sequela. Quem tiver algum interesse na série pode ignorar o primeiro jogo e passar directamente para este. Quem tiver gostado do primeiro, com certeza irá gostar da sequela. Para os outros jogadores, existem melhores ofertas na eShop para despender tempo e dinheiro.
O melhor
- Componente técnica de topo
- Enorme longevidade
- Pequenas evoluções relativamente ao antecessor...
O pior
- ... mas tudo o resto continua igual
- Torna-se extremamente reptitivo e aborrecido
- Mecânicas prejudicam a experiência