
ANÁLISE
F1 2011
Por João Tavares a
Os apreciadores de velocidade já tiveram oportunidade de saciar os seus desejos com várias propostas para a 3DS, seja no fantástico Mario Kart 7 ou no aliciante Ridge Racer 3D, existem opções para aqueles que se querem colocar atrás do volante. F1 2011 vem, no entanto, colmatar a lacuna dos simuladores que ainda não haviam sido representados na portátil da Nintendo, piscando o olho aos fãs da popular competição de fórmula 1.
A cargo deste projecto ficou a Sumo Digital, encarregue da versão Wii de F1 2009, o que à partida figura a favor da produtora que já conta com experiência no ramo. Porém, os jogos não são feitos a partir de currículos ricos, mas sim de um bom aproveitamento do hardware. Sem competição à vista, a Sumo dispôs de uma boa oportunidade para capitalizar num mercado ainda por explorar na 3DS. Terá então aproveitado esta vantagem?

Inteligência artificial adversária incompreensivelmente agressiva.
Os leitores ficarão satisfeitos por saber que F1 2011 não poupa em termos de opções. São muitos os modos que temos à escolha, desde corridas rápidas, até Grand Prix organizados e torneios passíveis de serem adaptados às nossas capacidades e vontades. Podem alterar o nível da IA adversário, bem como as condições climatéricas e algumas ajudas de condução, como travagem automática e delineamento de estrada, em que uma linha verde surge no asfalto para nos guiar pelo caminho mais rápido, com esta a mudar de cor para nos auxiliar no controlo de velocidade. Sejam peritos ou iniciados na matéria, F1 2011 consegue modelar-se perfeitamente às vossas necessidades, sendo assim um jogo para qualquer amante da modalidade.
O problema começa quando entramos em pista ao volante do nosso bólide. Depois de uma primeira boa impressão nos menus do jogo, somos bombardeados com um grafismo extremamente fraco para o que já vimos a consola exibir. Não só os cenários são pobres, sem vida e com texturas muito básicas, assim como os carros apresentam uma gritante falta de detalhe em modelos que nos fazem recordar gerações transactas de simuladores do género. E mesmo nesses tempos os espelhos reflectores ainda nos mostravam a retaguarda, aqui são baços!
Pior do que o aspecto é a frame rate com que nos deparamos. Não existe nenhuma fluidez na velocidade das corridas, e embora os 200 km/h sejam bem imersivos, a cada curva ou ultrapassagem temos de adaptar a nossa condução a uma quebra de fps inevitável. É uma pena, pois a jogabilidade tem imenso potencial e de uma forma geral está muito bem conseguida sendo inclusive possível calibrar a sensibilidade do circle pad da consola.

O grafismo de F1 2011 é uma desilusão e demonstra a falta de ambição da Codemasters.
Se tentarmos activar o 3D o caso piora ainda mais de figura. O jogo não consegue manter uma transição de velocidade entre o modo normal e o estereoscópico, denotando-se em especial este agravamento de imagem quando temos muitos carros adversários no ecrã. Para um título com um grafismo tão mediano como este, é realmente surpreendente como este tipo de problemas existem, deixando a impressão de que o processo de produção foi tudo, menos suave.
Para além das preocupações técnicas, os nossos adversários controlados pela IA têm uma estranha tendência em embater com o nosso carro. Tal agressividade na condução está longe de representar a realidade da fórmula 1, onde o contacto é evitado a todo o custo. Em F1 2011 passa-se precisamente o contrário, com os outros competidores a fazerem de tudo para nos conseguir ultrapassar, até mesmo atirando-nos para fora da pista. O que, se tiverem activada a opção de danos, vai enviar-vos prematuramente para as boxes. Este é um aspecto que põe em causa toda a simulação que o jogo pretende representar.

O controlo dos fórmula 1 é agradável.
Aqueles que, apesar de tudo, conseguirem ignorar as falhas de F1 2011 terão muito onde investir o seu tempo. O modo carreira convida-nos a tomar o papel de um condutor novato em busca da fama, onde seguirão a passo variadas temporadas de competição enquanto gerem os vossos contratos com equipas e competem nas etapas de qualificação e corridas. Para além deste extenso modo, têm ainda desafios que nos convidam a percorrer pistas num determinado período de tempo, ultrapassar o maior número de carros possível, entre outras propostas. Por fim, existe ainda um sistema de troféus onde somos medalhados consoante as nossas peripécias pelo mundo da fórmula 1.
Os que não dispensam umas partidas com os amigos têm à disposição modos multijogadores para até quatro pessoas, quer em LAN, quer online. É óptimo finalmente verem-se jogos numa portátil Nintendo que se tentam focar na componente Wi-Fi, mas em F1 2011 este potencial não se materializa. Tentamos por diversas vezes, mas não conseguimos encontrar ninguém com quem jogar pela internet.
F1 2011 tem excelentes ideias debaixo do seu capacete, mas em pista deixa muito a desejar. Para um jogo que se diz ser um simulador, falha em diversas componentes chave para o seu sucesso. O grafismo fraco é apenas a cara de uma jogabilidade que conta com alguns problemas na IA adversária, e que deita a perder todo o potencial do jogo. As bases estão todas lá. Fica a faltar um melhor aproveitamento das capacidades da consola e o limar de algumas arestas, para que numa hipotética próxima temporada possamos dar o champagne à Codemasters. Por agora, nem direito a boné.
O melhor
- Controlos agradáveis
- Muitos modos e opções
O pior
- Modos online sem pessoas com quem jogar
- IA desapropriada
- 3D inutilizável e grafismo fraco