
ANÁLISE
The Legend of Zelda: The Wind Waker HD
O herói do vento e do mar voltou.
Por Tiago Marafona a
Dentro da série Legend Of Zelda, este foi provavelmente um dos títulos mais controversos ao primeiro olhar. The Legend of Zelda: The Wind Waker era a aposta da Nintendo para dar continuidade ao enorme sucesso deixado pelo mítico Ocarina of Time, depois do impacto relativamente fraco de Majora's Mask face ao seu predecessor.
Lançado para a GameCube em 2002 no território japonês, Wind Waker exibia um estilo visual cartoonesco e pela primeira vez Link era rei e senhor dos oceanos. A sua aparência simples aos olhos dos fãs mais fervorosos levou imediatamente a ferozes críticas e o jogo passou completamente ao lado de muita gente. Tal como ainda hoje acontece, o público pedia o Zelda mais realista de sempre, com uma direcção artística mais crua. No entanto, The Wind Waker adicionou uma perspectiva diferente da palavra exploração.
Passados quase onze anos desde o seu lançamento, surgiu a ideia de Wind Waker reaparecer. Através de uma Nintendo Direct, a Nintendo anunciou The Legend of Zelda: The Wind Waker HD, uma versão em alta definição com melhorias significativas para a Wii U. The Legend of Zelda: The Wind Waker HD conta que há muito tempo atrás existia um reino que continha uma peça dourada muito valiosa e com um poder imenso. Um dia, um homem maligno conseguiu obter essa peça e estendeu as trevas por todo o reino. O fim parecia estar próximo, até que um rapaz vestido de verde surgiu do nada, conteve a escuridão e trouxe mais uma vez a luz a toda a terra. Ficou conhecido como o Herói do Tempo e esta lenda foi transmitida de geração em geração. Um dia, o mal regressou e todos acreditavam que o Herói do Tempo iria regressar, mas tal nunca aconteceu. Para assinalar aquele acontecimento, todos os anos os jovens da ilha de Outset ao atingir uma certa idade são vestidos de forma idêntica ao grande herói. A aventura começa com um jovem de cabelo louro no dia do seu aniversário, recebendo das mãos da sua avó pela primeira vez uma túnica verde, para comemorar esta grande tradição. No entanto, após alguns acontecimentos a sua irmã é raptada pelo terrível Ganondorf. O jovem louro na verdade é Link, a encarnação do Herói do Tempo, escolhido pelos deuses para voltar a trazer paz ao mundo, juntamente com a princesa Zelda. Para isso, Link tem de viajar pelo enorme oceano com o barco falante King of Red Lions, comandando o vento com a sua batuta mágica - conhecida como Wind Waker - e percorrer níveis terríveis a fim de alcançar a preciosa Master Sword para derrotar o terrível vilão.
The Legend of Zelda: The Wind Waker HD ganhou mais cor, mais brilho e mais relevo, o que faz dele um jogo mais belo. O brilho acentuado ficou perfeito em locais escuros, mas em sítios claros poderá parecer um pouco desproporcionado, principalmente para quem jogou a versão original, mas esta diferença tornar-se-á natural com o avançar da aventura. O estilo único de Wind Waker, com uma direcção artística baseada na animação tradicional, permitiu que a versão original pouco envelhecesse em termos visuais com o passar dos anos e com isso The Legend of Zelda: The Wind Waker HD ficou e ficará a ganhar e muito. Ao primeiro olhar, a qualidade gráfica é invejável. Pormenores como expressões faciais das personagens e alguns movimentos animados dos cenários apresentam grande qualidade. Alguns destes pormenores já estavam presentes na versão original do jogo, mas com uma imagem em alta definição tudo ficou melhor. Porém, algumas animações de Link ficaram esquecidas e em alguns acontecimentos nota-se que as mecânicas não se enquadram com o visual.Wind Waker HD permite escolher o GamePad ou o Wii U Pro Controller para jogar. Para quem quiser uma jogabilidade semelhante à da versão original, o Pro Controller é provavelmente a melhor decisão, mas quem quiser seguir a nova experiência que a Nintendo proporciona terá de escolher o GamePad. Graças às funcionalidades exclusivas do novo comando, as acções funcionam de forma mais simples e fluida. Os movimentos de armas como o arco, o boomerang ou a hookshot tiram partido do giroscópio, o que torna as acções mais espontâneas no momento da sua execução. A opção Off-TV Play também está presente e o visor sensível ao toque é uma das mais-valias para tornar a jogabilidade mais acessível. É possível trocar de itens e equipá-los em tempo real, o que torna a jogabilidade mais lesta.
A utilização da Wind Waker, um dos principais itens do jogo, ganha também uma adaptação mais cómoda para executar melodias. As partituras das músicas estão disponíveis no mini-ecrã para que possam ser consultadas a qualquer momento, facilitando a vida a quem tiver necessidade de recorrer ao menu para visualizar as notas. Para quem preferir, as músicas podem ser executadas realizando o movimento no ecrã com a Stylus em vez de utilizar apenas o analógico.
Nas viagens pelo oceano, o mapa aparece no ecrã do GamePad, uma funcionalidade bastante útil. Para consultar cartas de navegação torna-se também muito mais prático visualizá-las no GamePad sem interromper as viagens de barco, tudo em tempo real. Dentro dos níveis a experiência é muito mais prática com a presença do mapa no mini-visor.
The Legend of Zelda: The Wind Waker HD não se trata de uma aventura longa, no total estão pela frente sete níveis. Os habituais quebra-cabeças estão presentes, mas o ênfase do jogo recai principalmente na exploração, podendo oferecer dezenas de horas para quem quiser aprofundar a sua aventura. Wind Wakerdá a entender que não procura oferecer uma experiência difícil, mas sim tirar partido da capacidade de interpretação do jogador. Porém, a dificuldade dos "bosses" não é consensual e a evolução da curva de dificuldade anda meio perdida.No enorme oceano existem vários locais a visitar, muitos deles com pequenas surpresas. No jogo original, este extenso oceano tornou-se uma verdadeira dor de cabeça, principalmente nas partes finais do jogo em busca das cartas para encontrar as partes do Triforce. Na primeira versão, esta exigia demasiada exploração e paciência para quem o quisesse terminar. Em Wind Waker HD esse processo foi simplificado, adaptando a experiência aos dias de hoje. Com estas alterações, o jogo torna-se mais dinâmico e provavelmente vai fazer inveja a quem jogou a versão original. Outra das novidades é o novo modo de jogo disponível: Hero Mode oferece uma experiência árdua para quem é adepto de dificuldades mais elevadas, com o dobro dos danos provocados pelos inimigos e a inexistência de corações para recuperar a vida. Escusado será dizer que este modo não é recomendado a iniciados, mas funcionará como incentivo a quem já tiver terminado o jogo.
Ainda para quem jogou a versão original, o Tingle Tuner (oferecido por Tingle ao ser libertado) que acrescentava funcionalidades em ligação com o Game Boy Advance, foi substituído pela Tingle Bottle. Apesar desta funcionalidade ainda não estar disponível no momento em que esta análise foi redigida, este item permite que o jogador escreva mensagens e as partilhe com outros jogadores que se encontrem a jogar The Wind Waker HD, deixando-as espalhadas pelo oceano - inclusivamente aparecem na comunidade do Miiverse.
Apesar de não ter sofrido alterações de destaque, a banda sonora de Wind Waker HD continua bela. Composta por melodias marcantes que ficam facilmente no ouvido e algumas com capacidade de provocar um sentimento bastante especial, a banda sonora encontra-se sincronizada com a aventura. Não há palavras para descrever mais um excelente trabalho de Koji Kondo.
Conclusão
The Legend of Zelda: The Wind Waker HD é um jogo a pensar nos fãs e naqueles que duvidaram do seu potencial quando surgiu na GameCube. Aqui está um trabalho bem feito, graficamente soberbo, preparado para aguentar mais uma série de anos e não acusar envelhecimento. A jogabilidade foi revista e alguns dos aspectos negativos do primeiro título foram correctamente substituídos. Para além disso, as funcionalidades do GamePad marcam presença, o que permite uma experiência fluida e perfeitamente adaptada aos dias de hoje. Quem gostou do original não sairá desiludido e quem se quiser iniciar na série tem aqui o convite ideal.
O melhor
- Graficamente soberbo
- Jogabilidade melhorada e perfeitamente adaptada ao GamePad
- Correcções nas partes finais do jogo bem implementadas
- A exploração ficou mais patente
O pior
- Algumas animações de Link estão datadas
- Curva de dificuldade contra os bosses deixa dúvidas
18 de Setembro, 2013, 11:51