
ANÁLISE
Street Fighter II
The World Warrior, Hyper Fighting e The New Challengers.
Por Fábio Pereira a
Para quem gosta de videojogos, é praticamente impossível nunca ter ouvido falar da série Street Fighter. Trata-se de um marco importantíssmo na história da indústria que catapultou os jogos de luta para a ribalta. Street Fighter II alcançou uma popularidade tal que abafou por completo a existência do primeiro jogo, tornando-se o ponto de partida que viria a definir a série.
Praticantes de todos os géneros de artes marciais serviam de inspiração para um elenco agora consagrado. Entre altos e baixos, a Capcom sempre manteve a chama da série acesa e garantiu a sua continuidade ao longo dos anos. As reedições são também o prato do dia quando se fala de Street Fighter e o segundo título é particularmente visado nesse campo. A Capcom lançou para a Wii U, de uma assentada, as três versões SNES de Street Fighter II e todas ao mesmo preço. Qual delas escolher?
Street Fighter II: The World Warrior
O clássico de 1991 e a estreia de muitos no mundo dos jogos de luta. As diferenças da versão SNES em relação ao jogo das máquinas arcade eram muitas, mas nem por isso deixa de ser um título de enorme qualidade. O sistema de combate utiliza um total de seis botões de ataque, onde se incluem três murros e três pontapés de intensidades fraca, média e forte. As diferenças recaem sobre os danos que provocam e na prioridade sobre os movimentos do adversário, assim como na distância e alcance (conhecida como "hitbox"). A velocidade do jogo parece cada vez mais baixa com o passar dos anos, mas isso não o impede de ter um sistema de combate bastante sólido, apenas com um ritmo próprio da época. Disponíveis estão oito personagens, sendo que no modo arcade o jogador é confrontado com a presença de quatro bosses não jogáveis. Podem também lutar contra um amigo no modo versus.
Cada personagem detém movimentos especiais. Desengane-se quem pensa serem fáceis de dominar, o modo arcade de Street Fighter II é muito exigente, mesmo na dificuldade média. O final recompensa o jogador com um pedaço de história que dá uma ideia da vida da personagem. Criar uma história dentro do jogo foi uma aposta forte da Capcom e contribui em muito para que os jogadores se relacionem com as personagens, não apenas pelo estilo de combate mas também pela personalidade e motivações da cada uma.
Street Fighter II continua puro e duro, mesmo passados todos estes anos, mesmo faltando "ultra especiais" cheios de luz, manobras evasivas e bloqueios de contra-ataque com tempos de reacção apertados. Continua a ser um jogo metódico e que obriga o jogador a prever um, dois ou mais movimentos do adversário para alcançar a vitória. Sendo esta a primeira versão, é também a que menos conteúdo apresenta e com a presença dos seus sucessores na mesma plataforma virtual, não existem razões para preferir esta em detrimento das seguintes.
Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting
Com a entrada da versão Turbo nos salões de arcade, seria de esperar a conversão merecida para a Super Nintendo. Hyper Fighting começa por acrescentar quatro personagens ao ecrã de selecção. São estas: o boxer Balrog; o mascarado Vega; Sagat, o campeão de Muay Thai; e o tirano M.Bison. São os bosses da versão anterior e uma das curiosidades mais interessantes da série é a troca dos seus nomes da versão japonesa para a ocidental.
As personagens originais não foram esquecidas e receberam "afinações" no conjunto de movimentos existente e também novos poderes. Chun-li ganhou um projéctil e Dhalshim ganhou o famoso Yoga Teleport, por exemplo. A velocidade dos combates também aumentou, exigindo maior precisão por parte do jogador. A nível do som as coisas também melhoraram, com mais sons adicionais nos cenários e algumas vozes extra. No campo visual, destaque para as novas cores das roupas, algo que hoje em dia é bastante comum (até mesmo com fatos completamente diferentes) mas que na época era uma alternativa bem-vinda.
Mais personagens, novos movimentos e jogabilidade apurada. Melhor que o antecessor, sem dúvida. Isto coloca um novo dilema. Apesar de ser melhor que World Warrior, foi lançado na Wii U eShop em simultâneo com Super Street Fighter II: The New Challengers. Para muitos, este pode ser o derradeiro Street Fighter e talvez aquele com o qual passaram mais tempo durante a infância. Hyper Fighting perde pontos em relação ao seu sucessor. Mesmo sendo um excelente jogo, apenas os mais puritanos que vejam alguma diferença que o torne único ou que queiram ter todas as versões o irão preferir em relação a New Challengers, que estará sempre um passo à frente.
Super Street Fighter II: The New Challengers
Chegamos então à versão mais completa entre as três que se apresentam na Wii U. Novos lutadores, novas arenas e a qualidade intrínseca da série. The New Challengers apresenta quatro novos lutadores. Cammy, a mercenária de tranças; T.Hawk, um índio mexicano; Dee Jay e as suas maracas (a única personagem da série criada pela Capcom USA); e o Bruce Lee de Street Fighter, Fei Long. Na realidade, Fei Long deveria ter tido um irmão gémeo, antes de Dee Jay surgir no elenco, uma ideia que foi mais tarde utilizada na criação dos irmãos Yun e Yang.
Com os novos elementos vieram também novos cenários, acrescentado maior variedade no campo visual. Algumas personagens receberam também melhorias, como o Shoryuken flamejante de Ken. O sistema de combate parece agora mais completo e o desafio é bem maior quando comparado aos anteriores. Os modos de jogo foram expandidos e além do clássico arcade e versus, estão agora disponíveis novidades como um modo torneio ou batalha em equipa, onde os jogadores podem fazer equipas de várias personagens. Todas as melhorias no campo sonoro e gráfico devem de alguma forma ter contribuído para a redução da velocidade, que é talvez o único ponto que desfavorece esta versão em relação a Hyper Fighting.
Conclusão
Street Fighter II continua a ser um excelente jogo de luta e visto que o género segue directrizes muito específicas, ainda se consegue manter actual, apesar de lhe faltarem elementos considerados actuais nos padrões dos jogos de luta 2D. Graficamente mantém o encanto retro e do melhor que se fazia na época, com cenários vivos e animações competentes para cada personagem. As músicas são uma injecção de nostalgia para os ouvidos e as melodias verdadeiramente intemporais. As diferenças entre as versões vão claramente fazer a escolha pender para New Challengers, apesar de alguns poderem preferir a versão Hyper Fighting pela melhor velocidade. Este trio acaba por confirmar que versões anteriores de jogos deixam de fazer sentido quando são disponibilizadas novas versões, seja o jogo antigo ou recente.
A Capcom podia ter aproveitado a oportunidade para lançar Hyper Street Fighter II, a versão melhorada de Super Street Fighter II Turbo, onde os jogadores podem controlar qualquer versão das personagens de cada um das diferentes encarnações de Street Fighter II. Sem online e considerando que existem versões mais completas que as presentes, a oferta parece "mais do mesmo". Em suma, Street Fighter continua actual e uma aposta segura no campo dos jogos luta clássicos.
O melhor
- Boa jogabilidade
- Opção de salvar a qualquer momento
O pior
- The New Challengers torna a compra das versões anteriores menos viável