
ANÁLISE
Super Mario 3D World
Maravilhoso mundo da alta definição.
Por Nuno Nêveda a
Depois de dois Super Mario Galaxy reconhecidos como estando entre as melhores peças de software da história dos videojogos, a Nintendo EAD de Tóquio tinha um trabalho hercúleo pela frente. Seria capaz de produzir um sucesso ao mesmo nível daquele legado brilhante? Super Mario 3D World vê a luz do dia sob uma enorme pressão da herança dos antecessores. Junta-se ainda o facto da Wii U precisar de jogos que a façam sair do marasmo de vendas destes últimos trimestres e isto torna a última encarnação da série Super Mario num objecto rodeado de enormes expectativas.
Recuando alguns meses à sua apresentação na Nintendo Direct dedicada à E3 de 2013, as primeiras reacções foram frias. Muitos fãs do canalizador esperavam ser surpreendidos pelas inovações que a primeira aventura 3D de Mario em alta definição poderia trazer. Super Mario 3D World parecia um Super Mario 3D Land alargado e em alta definição. À medida que surgiam novos vídeos e mais detalhes, a balança começou a pender para o outro lado. Muitos dos críticos começaram a mudar de opinião. A EAD Tokyo ainda era capaz de abrilhantar as suas produções.
Como é habitual nesta série, o enredo é acessório e serve apenas como móbil para uma nova aventura cheia de desafios. Em Super Mario 3D World, Mario, Luigi e os seus amigos viajam até ao Reino das Anafadas. Mais uma vez, Bowser raptou a princesa Anafada e obviamente, sua alteza tem que ser salva. Logo de início é necessário seleccionar o tipo de controlo preferido. A escolha é vasta, desde o GamePad até ao Pro Controller, passando pelo Wii Remote e Wii Remote+Nunchuck. Há total liberdade de escolha, mas em alguns níveis será exigido usar o GamePad, que também permite atordoar inimigos ou descobrir pequenos segredos espalhados pelo cenário. Esta diversidade é também importante para a opção multijogador, que acaba por ser um dos grandes destaques de Super Mario 3D World. Pela primeira vez num Mario em 3D, há um modo multijogador para até quatro pessoas. É um caos delicioso quando quatro jogadores terminam um nível em cooperação ou tentam alcançar a pontuação mais alta em competição. Ajuda mútua, dificultar a vida dos outros, tudo é permitido e incrivelmente funcional, mesmo que por vezes a câmara não ajude em situações mais complexas. Com o comando escolhido, resta definir a personagem, mas estas podem ser alteradas no início de cada nível. Mario é uma das escolhas óbvias, mas está acompanhado de Luigi, Peach, Toad e uma personagem secreta desbloqueada posteriormente. Como seria de esperar, cada personagem contribui com as suas próprias habilidades. Mario é o mais equilibrado, Luigi é capaz de saltar mais alto, Peach flutua em pleno ar e Toad é o mais rápido em terra firme. Com estas escolhas feitas, é hora de saltar para a acção. A selecção de níveis é feita através de um mapa-mundo ao estilo de New Super Mario Bros. U. Aqui, o mapa está um pouco mais avançado, permitindo um total grau de movimentação. No total, há oito mundos para explorar, cada um com a sua temática-base e com variadíssimos níveis, incluindo cenários baseados em gelo, deserto, água, num parque de diversões e outras temáticas. No final da cada mundo, encontra-se um castelo e um boss antes de avançar para o mundo seguinte. Estas lutas são divertidas, mas acusam alguma repetitividade ao longo do jogo, embora com um aumento do grau de dificuldade. Alguns dos bosses são bastante reminescentes de títulos anteriores.
Os níveis normais do jogo têm uma progressão similar a Super Mario 3D Land e aos Super Mario em 2D. A maior parte dos níveis tem um ponto de controlo e uma bandeirola final e têm de ser percorridos em busca de um objectivo em mente, mas é sempre necessário encontrar as estrelas verdes (geralmente três). Estas estrelas encontram-se em locais de fácil acesso, mas por vezes é exigida alguma perícia para as descobrir e são fundamentais para desbloquear níveis novos. Paralelamente, também se procuram carimbos a colocar numa caderneta e que podem ser partilhados através do Miiverse. Para além destes objectos existem outros itens, como as conhecidas moedas, cogumelos, superestrela ou itens de tempo.
Um jogo Mario não pode ficar sem os itens de transformação. A gama de equipamento para a cabeça de Mario, assim como as suas habilidades especiais, continua a aumentar. A par de transformações clássicas, como Mario Tanuki e Mario Bumerangue, há novidades como colocar uma caixa-canhão na cabeça para lançar projécteis ou gerar um clone para ataques a dobrar graças a uma duplicereja. O grande destaque vai para a possibilidade de trepar e arranhar paredes como um gato depois de apanhar um superguizo. É uma das melhores transformações alguma vez introduzidas num Super Mario e em muitas ocasiões só apetece andar como um gato de cenário em cenário.Em Super Mario 3D World, para além dos níveis normais, existem níveis especiais. Em "As aventuras do Capitão Toad" é necessário usar o GamePad e ajudar o dito cujo a percorrer o nível em busca das cinco estrelas verdes. Como Toad não consegue saltar, o uso de diferentes ângulos de câmara é fundamental para se atingir o sucesso. Também há níveis de descidas frenéticas na garupa do Plessie, que são verdadeiramente épicos quando jogados com quatro pessoas. Cada movimento do jogador influencia o movimento do Plessie e dessa forma o timing das acções colectivas é de grande importância.
O que define o brilhantismo de um jogo de plataformas é o desenho de níveis e em Super Mario 3D World, o patamar atingido é altíssimo, muito perto da perfeição. Pode não estar ao mesmo nível do duo Galaxy e é inegável que é claramente inspirado em 3D Land na mistura entre o melhor dos jogos de plataformas em side-scrolling horizontal e exploração em 3D. Mas tudo isto é apresentado com uma ambição mais vasta e níveis mais extensos, com inúmeros locais para explorar e mais espaço para segredos. Até a introdução de canos transparentes ajuda nesse toque sublime. Apesar de parecer trivial à primeira vista, estes canos adicionam uma nova dose de táctica aos níveis, sendo necessário tentar entrar no momento correcto para evitar inimigos e apanhar moedas ou poderes. Pelo meio serão encontradas algumas referências aos Super Mario Galaxy.
Como referido anteriormente, este jogo tem integração com o Miiverse. Infelizmente não foi possível experimentá-la a tempo da análise, mas promete ser uma ferramenta útil para trocar opiniões e mostrar os carimbos desbloqueados ao longo da aventura. Existem outras funcionalidades online, entre as quais as que fazem parte da Nintendo Network e que permitem que os fantasmas Mii de outros jogadores possam aparecer nos níveis já concluídos. Estes fantasmas são personagens que simulam a forma como outro jogador concluiu um determinado nível e alguns deles trazem presentes. São uma boa forma de ver exemplos de como terminar os níveis.Super Mario 3D World tem padrões de altíssima qualidade nas diferentes componentes e o campo visual teria de ser belíssimo. Na Wii U, este é provavelmente o jogo que melhor conjuga a componente técnica com a arte. Raramente se notam quebras de fluidez, sendo impressionante mesmo com quatro jogadores em simultâneo. O jogo de cores, o sistema de iluminação e animações é do melhor que já se viu. É magnifica a sensação de andar em níveis com chuva. O único ponto menos bom está presente em algumas texturas mais fracas nos cenários. Do ponto de vista sonoro decorre tudo sobre rodas. As músicas orquestradas baseiam-se em clássicos dá série Mario, desde os antigos jogos 2D, até a Super Mario Galaxy, passando por Super Mario 64. Inclui algumas novidades com um toque de jazz. Quase tudo com excelente qualidade e perfeitamente encaixado nas diferentes temáticas. Um detalhe que não deve ser esquecido é a localização para português. É sempre bom realçar o esforço da Nintendo para traduzir os jogos da icónica personagem para a língua de Camões.
A longevidade depende sempre das capacidades e empenho de cada jogador. No começo, a dificuldade é relativamente baixa e acabar os primeiros mundos deve levar oito a nove horas. A partir desse momento, a exigência aumenta e para percorrer todos os níveis deverão ser necessárias pouco mais de quinze horas. Os mais persistentes que queiram desbloquear tudo o que é possível poderão ter garantidas mais de duas dezenas de horas pela frente.
Conclusão
A tarefa não se adivinhava fácil, mas a Nintendo volta a surpreender. Super Mario 3D World pode não quebrar barreiras como fizeram os Galaxy, mas tem qualidade suficiente para ser mais uma obra-prima saída dos estúdios da Nintendo EAD. A direcção artística é deslumbrante, o desenho de níveis roça a perfeição e a componente multijogador é a melhor que já se viu num jogo de plataformas. Recomendado a qualquer jogador e sem dúvida, o melhor jogo da Wii U.
O melhor
- Magnífica junção entre arte e qualidade gráfica
- Desenho de níveis a roçar a perfeição
- Multijogador local de alta qualidade
O pior
- Câmara pode complicar no multijogador
19 de Novembro, 2013, 18:06