
ANÁLISE
Nintendogs + Cats: Buldogue Francês e Novos Amigos
3DS
Por Fábio Pereira a
Shigeru Miyamoto sempre foi homem de vários passatempos que o tornaram num verdadeiro mirone de comportamentos. Exemplo disto é o da criação de cães. Para recriar essa experiência na DS usou um conceito de Tamagotchi canídeo que obteve sucesso imediato junto do público mais casual e que, não só impulsionou as vendas da consola, como despertou a atenção das equipas para produtos direccionados para esta fatia de jogadores. Na conjuntura actual do mercado já existe um maior equilíbrio entre as diversas ofertas, por isso não é de estranhar esta nova versão da série, nesta ronda com felinos à mistura.
Nintendogs + Cats está disponível em três versões. Caniche Toy e Novos Amigos, Golden Retriever e Novos Amigos e Buldogue Francês e Novos Amigos, cada uma com nove diferentes raças iniciais de um total de vinte e sete. São muitas as raças, mas poucas as diferenças entre os comportamentos. À parte da óbvia diferença na fisionomia, não se notam variações na forma como os animais se comportam. Neste aspecto poderia haver maior profundidade acentuando personalidades mais teimosas, sossegadas, activas ou meigas pois, tal como os seres humanos, também os animais têm peculiaridades inerentes ao seu carácter único. Começando todos eles como bebés, seria interessante notar algumas evolução neste aspecto, já que a idade não passa por estes companheiros que se mantêm para sempre cachorros. E por isso mesmo têm a vantagem de nos conquistar pela sua inocência e simplicidade.
A não ser que tenham um coração de pedra, vão ter dificuldade em resistir aos encantos dos pequenos. Para que este efeito resultasse foi preciso uma recriação fiel dos verdadeiros cachorrinhos. Os modelos estão bem trabalhados a todos os níveis, desde as texturas do pêlo aos olhos brilhantes, tudo concebido de forma exemplar para baixarmos as defesas assim que o cãozinho começa a interagir connosco. Essa interacção é feita a partir do ecrã táctil. Ao contrário do que acontecia no original da DS, não tocamos directamente no animal com o estilete, mas na sombra que surge no ecrã táctil, que se reproduz na forma de uma pequena mão a simular o toque. Os movimentos do animal em resposta ao contacto estão perfeitos. Este acompanha a nossa mão, levantando a cabeça para receber festas no pescoço ou atrás da orelha, colocando-se de lado para receber festas na barriga, e acabando mesmo por espirrar se coçarmos o seu nariz. Mas cuidar de um animal de estimação não é apenas passar o dia a fazer festinhas.
No início vamos ao canil escolher um cãozinho para nos acompanhar, pagando uma avultada quantia pelo cachorro. Isto porque, afinal, estamos a lidar com raças puras, ficando a noção que temos de pagar muito para ter um cão destes. Mas não era mal pensado a Nintendo sensibilizar o público para a existência de animais abandonados, a maioria traçados, que várias instituições recolhem e que, a custo zero, entregam a famílias de acolhimento. Com a quantia com que iniciamos o jogo, ficamos limitados a um único cãozinho, mas com o tempo juntamos dinheiro para um ou mais companheiros de brincadeiras. Em casa podemos albergar até três animais ao mesmo tempo. Observar as suas brincadeiras e a forma como cada um se adapta ao espaço faz parte da experiência. Posteriormente podemos ter ainda mais animais, mas terão de deixar os restantes num hotel, e embora esta seja uma opção válida, não se vão querer separar dos bichinhos anteriores depois de se afeiçoarem a eles. Sim, porque Nintedogs consegue a proeza de nos fazer afeiçoar a um animal virtual.
Tratar deles requer olhar às suas necessidades básicas. Dar de comer e de beber e uma banhoca de vez em quando. Passear pela rua é também uma das tarefas, e desta vez o caminho é feito com o jogador a segurar a trela por trás do cachorro, sem ter de delinear o percurso como antes se fazia em Nintendogs. Pelo trajecto o pequeno encontra canteiros de flores para fazer as necessidades e, de vez em quando, faz mesmo em pleno passeio, mas basta pegar no saquinho e recolher a obra de arte, como qualquer cidadão civilizado faria. De passagem encontramos alguns Miis a passear os seus cãezitos, que eventualmente interagem com o nosso, mas verdade seja dita, apenas saímos à rua na esperança de encontrar um presente espalhado pelo chão e de o transformar em acessórios para vestir no nosso animal. O ritmo de Nintendogs não coloca grande pressão no jogador. Os animais não envelhecem, não morrem, e não existem grandes objectivos. Podem ensinar-lhes alguns truques e participar em concursos, mas tudo para ganhar dinheiro e comprar mais acessórios ou mobílias, sempre sob esta influência do coleccionismo.
Falando nos concursos, também aqui existe uma evolução em relação ao anterior. Agora há mais níveis de competição e uma nova vertente em detrimento de outra. O lançamento do disco e a prova de obediência continuam presentes. Já a prova de obstáculos foi substituída por uma modalidade de caça, em que temos de girar uma roldana e puxar um isco para o cão correr atrás e chegar em primeiro lugar. Não se percebe bem a ausência de uma pela outra, pois era a prova mais interessante do primeiro jogo. Podem participar apenas uma vez por dia em cada uma delas, promovendo o ritmo de jogo diário. E visto que é a melhor forma de ganharem dinheiro, vão querer voltar para saciar o vício do coleccionismo. Mas mesmo incentivando a sessões curtas, Nintedogs + Cats não deixa de ser extremamente limitado em actividades e com um número reduzido de três provas.
Mesmo mantendo as semelhanças óbvias com o original, as capacidades da 3DS permitem novas abordagens, a começar pela já referida prova de obediência, que agora utiliza as cartas AR (realidade aumentada). O objectivo é o mesmo: conseguir com que o cachorro obedeça aos nossos comandos de voz e se mantenha nas posições que lhe ensinamos, como estar sentado ou deitado, rebolar e dar a pata, etc. O reconhecimento de voz está notoriamente optimizado, mas as cartas apenas servem o propósito de colocar o cão a fazer os truques no espaço onde nos encontramos. Estas servem ainda para brincar um pouco com a máquina e tirar fotos ao cachorro com um chapéu de Mário, Link ou de Pikmin. A Nintendo tinha mesmo que dar algum uso às cartas, e por enquanto fê-lo diversificando as nossas sessões fotográficas.
Por último, mas não menos valorizado, falemos um pouco dos felinos. A nível de interacção estão num patamar diferente. A fim de recriar o comportamento destes gatinhos, eles mostram-se bem mais independentes, vagueando pela sala com o ar pré-calculista de jovem felino. Estão disponíveis apenas três raças, mas bastantes acessórios para estes brincarem e aos quais os cães não ligam muito. Além disso, as mobílias são sempre boas para andarem a saltar para cima das coisas e ter uma visão superior do mundo, como qualquer gato tem. No entanto esta rotina repete-se, seja cão ou gato. O jogo está claramente orientado para sessões curtas, e em pouco tempo termina-se tudo aquilo que há para fazer nesse dia. O StreetPass permite trocar fotos e presentes com outras pessoas, semelhante ao Bark Mode da DS, e o SpotPass para receber brindes que só a Nintendo se lembraria de distribuir pelos jogadores. Adições sempre bem-vindas.
Nintendogs + Cats está disponível em três versões. Caniche Toy e Novos Amigos, Golden Retriever e Novos Amigos e Buldogue Francês e Novos Amigos, cada uma com nove diferentes raças iniciais de um total de vinte e sete. São muitas as raças, mas poucas as diferenças entre os comportamentos. À parte da óbvia diferença na fisionomia, não se notam variações na forma como os animais se comportam. Neste aspecto poderia haver maior profundidade acentuando personalidades mais teimosas, sossegadas, activas ou meigas pois, tal como os seres humanos, também os animais têm peculiaridades inerentes ao seu carácter único. Começando todos eles como bebés, seria interessante notar algumas evolução neste aspecto, já que a idade não passa por estes companheiros que se mantêm para sempre cachorros. E por isso mesmo têm a vantagem de nos conquistar pela sua inocência e simplicidade.

Cães e gatos na mesma sala? Isto vai dar bagunça daqui a uns tempos.
A não ser que tenham um coração de pedra, vão ter dificuldade em resistir aos encantos dos pequenos. Para que este efeito resultasse foi preciso uma recriação fiel dos verdadeiros cachorrinhos. Os modelos estão bem trabalhados a todos os níveis, desde as texturas do pêlo aos olhos brilhantes, tudo concebido de forma exemplar para baixarmos as defesas assim que o cãozinho começa a interagir connosco. Essa interacção é feita a partir do ecrã táctil. Ao contrário do que acontecia no original da DS, não tocamos directamente no animal com o estilete, mas na sombra que surge no ecrã táctil, que se reproduz na forma de uma pequena mão a simular o toque. Os movimentos do animal em resposta ao contacto estão perfeitos. Este acompanha a nossa mão, levantando a cabeça para receber festas no pescoço ou atrás da orelha, colocando-se de lado para receber festas na barriga, e acabando mesmo por espirrar se coçarmos o seu nariz. Mas cuidar de um animal de estimação não é apenas passar o dia a fazer festinhas.
No início vamos ao canil escolher um cãozinho para nos acompanhar, pagando uma avultada quantia pelo cachorro. Isto porque, afinal, estamos a lidar com raças puras, ficando a noção que temos de pagar muito para ter um cão destes. Mas não era mal pensado a Nintendo sensibilizar o público para a existência de animais abandonados, a maioria traçados, que várias instituições recolhem e que, a custo zero, entregam a famílias de acolhimento. Com a quantia com que iniciamos o jogo, ficamos limitados a um único cãozinho, mas com o tempo juntamos dinheiro para um ou mais companheiros de brincadeiras. Em casa podemos albergar até três animais ao mesmo tempo. Observar as suas brincadeiras e a forma como cada um se adapta ao espaço faz parte da experiência. Posteriormente podemos ter ainda mais animais, mas terão de deixar os restantes num hotel, e embora esta seja uma opção válida, não se vão querer separar dos bichinhos anteriores depois de se afeiçoarem a eles. Sim, porque Nintedogs consegue a proeza de nos fazer afeiçoar a um animal virtual.


Brincadeiras e passeios. Isto sim é vida de cão.
Tratar deles requer olhar às suas necessidades básicas. Dar de comer e de beber e uma banhoca de vez em quando. Passear pela rua é também uma das tarefas, e desta vez o caminho é feito com o jogador a segurar a trela por trás do cachorro, sem ter de delinear o percurso como antes se fazia em Nintendogs. Pelo trajecto o pequeno encontra canteiros de flores para fazer as necessidades e, de vez em quando, faz mesmo em pleno passeio, mas basta pegar no saquinho e recolher a obra de arte, como qualquer cidadão civilizado faria. De passagem encontramos alguns Miis a passear os seus cãezitos, que eventualmente interagem com o nosso, mas verdade seja dita, apenas saímos à rua na esperança de encontrar um presente espalhado pelo chão e de o transformar em acessórios para vestir no nosso animal. O ritmo de Nintendogs não coloca grande pressão no jogador. Os animais não envelhecem, não morrem, e não existem grandes objectivos. Podem ensinar-lhes alguns truques e participar em concursos, mas tudo para ganhar dinheiro e comprar mais acessórios ou mobílias, sempre sob esta influência do coleccionismo.
Falando nos concursos, também aqui existe uma evolução em relação ao anterior. Agora há mais níveis de competição e uma nova vertente em detrimento de outra. O lançamento do disco e a prova de obediência continuam presentes. Já a prova de obstáculos foi substituída por uma modalidade de caça, em que temos de girar uma roldana e puxar um isco para o cão correr atrás e chegar em primeiro lugar. Não se percebe bem a ausência de uma pela outra, pois era a prova mais interessante do primeiro jogo. Podem participar apenas uma vez por dia em cada uma delas, promovendo o ritmo de jogo diário. E visto que é a melhor forma de ganharem dinheiro, vão querer voltar para saciar o vício do coleccionismo. Mas mesmo incentivando a sessões curtas, Nintedogs + Cats não deixa de ser extremamente limitado em actividades e com um número reduzido de três provas.

O salto do campeão.
Mesmo mantendo as semelhanças óbvias com o original, as capacidades da 3DS permitem novas abordagens, a começar pela já referida prova de obediência, que agora utiliza as cartas AR (realidade aumentada). O objectivo é o mesmo: conseguir com que o cachorro obedeça aos nossos comandos de voz e se mantenha nas posições que lhe ensinamos, como estar sentado ou deitado, rebolar e dar a pata, etc. O reconhecimento de voz está notoriamente optimizado, mas as cartas apenas servem o propósito de colocar o cão a fazer os truques no espaço onde nos encontramos. Estas servem ainda para brincar um pouco com a máquina e tirar fotos ao cachorro com um chapéu de Mário, Link ou de Pikmin. A Nintendo tinha mesmo que dar algum uso às cartas, e por enquanto fê-lo diversificando as nossas sessões fotográficas.
Por último, mas não menos valorizado, falemos um pouco dos felinos. A nível de interacção estão num patamar diferente. A fim de recriar o comportamento destes gatinhos, eles mostram-se bem mais independentes, vagueando pela sala com o ar pré-calculista de jovem felino. Estão disponíveis apenas três raças, mas bastantes acessórios para estes brincarem e aos quais os cães não ligam muito. Além disso, as mobílias são sempre boas para andarem a saltar para cima das coisas e ter uma visão superior do mundo, como qualquer gato tem. No entanto esta rotina repete-se, seja cão ou gato. O jogo está claramente orientado para sessões curtas, e em pouco tempo termina-se tudo aquilo que há para fazer nesse dia. O StreetPass permite trocar fotos e presentes com outras pessoas, semelhante ao Bark Mode da DS, e o SpotPass para receber brindes que só a Nintendo se lembraria de distribuir pelos jogadores. Adições sempre bem-vindas.
Conclusão
Se gostaram das versões da DS não vão estranhar esta. À parte das melhorias técnicas que a 3DS introduz e do efeito 3D, Nintendogs + Cats é basicamente uma versão optimizada do primeiro. Mas este é o conceito de Nintendogs, e para já a melhor proposta do género nos próximos tempos. Podia ter mais actividades? Sim. Não deixa de ser uma experiência interessante, e desta vez com bolas de pêlo. Ah! É verdade: está totalmente em português.
O melhor
- Totalmente em português
- Recriação fiel do comportamento animal
- Excelente aproveitamento das capacidades exclusivas da 3DS
O pior
- Repetitivo a curto prazo
- Falta de mais objectivos que prolonguem a experiência de jogo