
ANÁLISE
Ridge Racer 3D
Por João Tavares a
Não destoando do que tem sido apresentado até à data, Ridge Racer 3D continua a convidar todos para algumas das corridas mais alucinantes no mercado. O seu trunfo está na elevada fluidez e velocidade atingida pelos demais veículos fictícios que compõem o stand virtual do cartucho. É aqui que os travões se tornam na coisa mais irrelevante no mundo, sendo substituídos por desacelerações e derrapagens suficientes para a mais apertada das curvas. O sistema passa apenas por esta simples mecânica. Acelerem até mais não, e quando se depararem com uma curva, abrandem e deixem o carro deslizar suavemente estrada fora, para então seguirem caminho na seguinte recta. Em cada drift enchemos três barras de turbo que nos serão úteis para ultrapassar adversários. A utilização dessas barras está entregue ao nosso critério, podendo ser activadas de forma independente, ou seja, podemos usar apenas uma, duas ou as três ao mesmo tempo para um boost superior e mais duradouro.

Ridge Racer 3D vai entreter-vos por muitas horas, e os mais perseverantes terão acesso a extras engraçados.
Esta mecânica simples tem mais que se lhe diga. Pouco, mas tem. Além da estratégia inerente ao boost, que será crucial nas corridas mais exigentes, existe um sistema de nome slipstream que consiste em posicionar-nos atrás de um carro para aproveitar o seu corte de vento e evitar que o nosso veículo passe por esse conhecido processo da mecânica de fluidos. Com esta técnica ganhamos uma aceleração superior, mas tal pode ser igualmente utilizado contra nós. Além desta componente, cada veículo tem também um estilo de drift diferente, e cabe a nós escolher aquele que melhor se adapta ao nosso estilo de condução ou à exigência da pista. Uns conseguem encher as barras de turbo mais rapidamente, mas que se esgotam de forma proporcional, enquanto outros requerem mais tempo para nos dar o nosso adorado nitro, compensando depois na sua duração. Em pistas focadas em alta velocidade, base das suas diversas rectas longas, talvez o último caso seja o mais aconselhável. É aqui que Ridge Racer 3D ganha alguma profundidade.
Existem diversos modos de jogo para nosso regozijo, num total de cinco. Aquele que vos ocupará mais tempo é o Grand Prix, onde temos diversas etapas a percorrer, nomeadamente nas categorias Basic, Advanced e Expert. Inicialmente só temos acesso à Basic, o que poderá aborrecer os mais veteranos nestas andanças que poderão querer saltar rapidamente para a verdadeira acção, mas todos os restantes fazem bem em escalar este monte de dificuldade progressiva. A linha de aprendizagem está muito bem traçada, e assim que chegarem ao rol dos campeões, estarão a conduzir melhor que nunca. Percorrer este modo de uma ponta a outra sem a preocupação de ocupar todas as etapas da árvore de corridas irá ocupar-vos, pelo menos, oito horas. No entanto, completando tudo com uma exploração mais rigorosa e ganhando os troféus de primeiro lugar em todas as pistas, rapidamente vos fará saltar para valores perto das 15 horas. E ainda só estamos a falar de um dos modos. De salientar ainda que estes torneios compostos por diferentes partidas podem ser abandonados a meio sem o perigo de terem de reiniciar tudo de novo. Óptimo para poderem fazer umas pausas quando bem entenderem.
Quick Tour será a vossa escolha na altura de fazer um torneio rápido para um período certo de tempo livre. Isto porque é organizado segundo as condicionantes que lhe derem. Só têm 15 minutos disponíveis? Indiquem, e o jogo irá agrupar uma série de partidas que se encaixem nessa linha temporal. Querem apenas corridas em pistas rápidas? Idem aspas, ser-vos-á dado.
Os modos mais banais são Standar Race e One-Make Race. No primeiro caso seleccionamos uma viatura de uma das quatro categorias de velocidade disponíveis e concorremos contra outros sete adversários. One-Make Race segue o mesmo caminho, mas os adversários irão todos ter um carro igual ao nosso, trazendo um desafio mais equilibrado em que as corridas se decidem, não pela diferença de potência no motor, mas pela habilidade do condutor.
Time Attack promete dar aquilo que os amantes do contra-relógio adoram: percorrer pistas atrás de pistas até atingirem aquele tempo autoritário.

O único modo multijogador apresentado é local. Uma desilusão.
Uma novidade que não podia deixar de haver nesta versão 3DS prende-se à funcionalidade de StreetPass. Se passarmos por perto de outros utilizadores que tenham configurado a sua consola para este modo, e que tenham igualmente o jogo, vamos receber informação relativamente aos seus tempos, podendo depois competir contra os mesmos. A nossa performance cronológica será igualmente enviada para outros utilizadores.
Infelizmente esta é a única componente Wi-Fi presente em Ridge Racer 3D, não existindo um modo online que nos possibilite jogar contra amigos distantes ou adversários aleatórios de outros pontos do globo, acabando por ter o seu peso na qualidade geral deste título. Acaba por ser indesculpável, quando outros jogos lançados na mesma altura, como Super Street Fighter IV, apresentam tal modo.
Porém, o multijogador existe, mas apenas local. Podemos juntar mais três amigos para uma partida composta por quatro carros. A partir daí optamos por uma Standard Race, One-Make Race ou Team Battle, em que os participantes se agrupam ao pares e jogam de forma cooperativa para alcançarem a vitória.
Graficamente é impossível congratular Rdige Racer 3D pela sua performance, apresentando-se muito abaixo das capacidades do hardware da 3DS. Tudo que vemos a correr no ecrã podia perfeitamente encaixar nos padrões técnicos da PSP, que é uma consola inferior neste departamento, o que revela o pouco trabalho levado a cabo pela Namco em termos de polimento de imagem. Mas o pior vem com a frame rate vacilante, que desce para valores preocupantes quanto temos vários carros em ecrã e activamos alguns efeitos como o blur causado pela activação do nitro. Acabam por ser slowdowns ocasionais, só que não passam despercebidos e irão atrapalhar-vos a condução em algumas situações. Fora estes despiques, o jogo corre de forma bastante fluida e a sensação de velocidade está extremamente bem conseguida. Apesar de os veículos não auferirem de grande detalhe, os cenários em si estão bons, com alguma vida a surgir, curva sim, curva não, e bons pormenores de luz. Não podemos também deixar de mencionar o efeito 3D, que dá uma profundidade excelente às pistas e pormenores como folhas a voar contra o ecrã ou salpicos de água de uma poça. Muito bonito.

Algumas pistas têm bons detalhes gráficos.
As faixas musicais apresentadas são um misto do antigo com o novo, com vários temas a serem repescados de títulos anteriores, enquanto outros remontam a uma época mais próxima. Ridge Racer 3D recicla muito conteúdo, e o parâmetro sonoro não é excepção. Esta mistura acaba por nos dar a ideia de que a série tem decaído sonoramente ao longos dos anos, com as músicas mais antigas a serem superiores ao material novo. Tudo isto recai no gosto pessoal, claro, mas esta é a nossa opinião acerca de uma banda sonora que, no geral, encaixa bem no estilo de corridas do jogo. O ruído dos motores dos carros não difere muito de um modelo para o outro e a habitual comentadora das pistas volta a marcar presença. É certo que a voz feminina da senhora irá aborrecer alguns passados não muitos minutos, tornando-se repetitiva, mas a Namco teve a amabilidade de nos dar a opção de a calar.
Aqueles que acompanham Ridge Racer há bastante tempo poderão não encontrar nada de interessante nesta edição 3D, que recicla muito conteúdo, seja a nível de carros, pistas ou de músicas. O 3D dá um já esperado brilhantismo extra às corridas, mas não o suficiente para vos sujeitar a longas horas de uma jogabilidade reutilizada há anos. Se, por outro lado, são relativamente novos neste mundo da alta velocidade, então Ridge Racer 3D é uma opção a ter muito em conta. Para esses que não estão tão ligados ao passado, este título da Namco apresenta-se como uma das melhores propostas iniciais da 3DS, com um estilo de corrida viciante que vos fará esquecer por momentos o código de estrada e vos irá atirar para algumas partidas em que a lei é a velocidade e a adrenalina.
O melhor
- Jogabilidade viciante e de rápida aprendizagem
- Boa utilização do 3D
- StreetPass com um conceito interessante
- Conteúdo suficiente para uma longevidade elevada
O pior
- Muito conteúdo reciclado de jogos anteriores
- Ausência de um modo online
- Ocasionais quebras de frame rate