
ANÁLISE
LEGO Marvel Super Heroes
Reunião de heróis e vilões.
Por Nuno Nêveda a
Desde 2005 que a Traveller's Tales tem apostado com enorme sucesso em videojogos baseados nas criações da LEGO. Nesta linha, o estúdio já abordou vários universos do cinema e da banda desenhada. Harry Potter, Indiana Jones, Batman, Piratas das Caraíbas ou Guerra das Estrelas, todos tiveram direito ao seu quinhão no crescimento desta franquia. Para além daqueles jogos, no mais recente LEGO City: Undercover a Traveller's Tales resolveu sair do seu quintal e arriscar em material não licenciado, com um resultado magnífico. No seu projecto mais recente voltam a abraçar um universo da banda desenhada, deste vez os heróis e vilões da Marvel.
O elenco é um verdadeiro luxo para qualquer fã da Marvel, são cerca de 150 os heróis e vilões para desbloquear. Desde os obrigatórios Hulk, Homem-Aranha e Wolverine, até alguns convidados especiais como Howard The Duck (do filme Howard, O Pato) e Stan Lee, uma imensidão de escolhas.
Albergar tantas personagens diferentes tem os seus custos no enredo. Uma lista de personagens tão variada reflecte as suas origens na BD e o enredo torna-se assim um pouco complexo e “over-the-top”. Em traços gerais, a desculpa para juntar uma imensidão de personagens conhecidas tem origem na aliança entre Dr. Doom, Magneto e outros supervilões para criar uma arma suprema e Nick Fury vê-se obrigado a convocar super-heróis de todo o mundo para que juntos possam derrotar esta terrível ameaça. Existem reviravoltas e outros detalhes que importa descobrir à medida que se avança na aventura, tudo isto polvilhado com o habitual humor que caracteriza os jogos LEGO.A estrutura de LEGO Marvel Super Heroes segue um padrão semelhante a LEGO City: Undercover. Há um mundo aberto para ser explorado, neste caso a cidade de Nova Iorque, e existem quinze cenários diferentes que decorrem em áreas independentes e geralmente de acordo com os diferentes universos da Marvel. Em pouco mais de dez horas a campanha dá-se por terminada, mas a longevidade tende a aumentar com as inúmeras missões paralelas que se podem encontrar em Nova Iorque. Ou simplesmente pode-se passear de carro ou voar com um dos super-heróis. Sendo um jogo LEGO, algumas áreas só se tornam acessíveis no modo “Free Play” com diferentes personagens, o que leva o jogador a repetir os níveis e a duplicar a duração do jogo. Há centenas de desbloqueáveis para coleccionar e algumas surpresas que vão agradar aos fãs dos filmes e banda desenhada, como Deadpool.
A progressão do jogo continua muito simples e recheada de puzzles elementares, basta utilizar os poderes dos superheróis de acordo com as necessidades do momento. Como os anteriores títulos LEGO, os controlos mantêm-se acessíveis mas igualmente repetitivos. São demasiadas as vezes em que tem que se carregar em determinados botões até à exaustão e a estratégia de combate é quase nula. A morte também nunca chega.
Como título Wii U, e ao contrário do esperado, o ecrã táctil do GamePad é muito pouco aproveitado. Permite um acesso mais intuitivo à troca de personagens, mostra um pequeno mapa de Nova Iorque e permite definir os diferentes destinos directamente no ecrã, de resto nada que mereça um destaque. Felizmente existe a opção para se jogar na ausência de uma televisão e a presença do multijogador local confere um valor extra ao GamePad. Assim é possível a um dos jogadores usar o ecrã da televisão enquanto a acção do outro jogador é mostrada apenas no ecrã do GamePad, substituindo o ecrã dividido a que muitos estão habituados. Por outro lado, o multijogador online volta a estar ausente.Tecnicamente o jogo acaba por se revelar algo desequilibrado. A ambição está a par da de LEGO City: Undercover, com bons efeitos de partículas recorrentes, mas sem atingir o patamar daquele jogo. A fluidez tem algumas quebras quando a acção atinge momentos mais empolgantes e a vivacidade de Nova Iorque não está ao nível da apresentada em Undercover. É importante reconhcer que existem alguns cenários exuberantes com clara inspiração cinematográfica e a arte das personagens está dentro de um padrão expectável. Os tempos de loading continuam a não ser dos mais rápidos, mas apresentam uma clara melhoria relativamente ao jogo anterior. A componente áudio tem igualmente altos e baixos. A banda sonora orquestrada inclui excelentes momentos mas alguns efeitos sonoros deixam algo a desejar, sobretudo porque há elevações e reduções de volume injustificáveis. As vocalizações não estão a cargo de actores conceituados mas são suficientemente competentes e criam a emoção necessária para manter a aventura divertida. Infelizmente, LEGO Marvel Super Heroes não está traduzido para português, o que pode afastar parte do público mais jovem.
Conclusão
Mesmo tendo em conta que existem pequenos detalhes que remetem LEGO Marvel Super Heroes para um nível abaixo das mais bem sucedidas propostas LEGO, este é provavelmente o melhor jogo baseado na licença Marvel dos últimos anos. Em equipa que ganha não se mexe e por isso a fórmula da franquia LEGO mantêm-se inalterada, com uma boa dose de humor e simplicidade. Este é certamente uma proposta a ter em conta para quem aprecia a LEGO e as personagens da Marvel.
O melhor
- Imensidão de personagens Marvel
- Humor habitual dos jogos LEGO
- Muito conteúdo para desbloquear
O pior
- Ausência de multijogador online
- Falta algum polimento técnico
17 de Janeiro, 2014, 23:41