
ANÁLISE
Batman: Arkham City - Armoured Edition
O Cavaleiro das Trevas completo.
Por António Branquinho a
Quando em 2009 a Rocksteady Studios lançou sob a tutela da Warner Bros. aquele que viria a ser o primeiro jogo de uma trilogia baseada em Batman, estava tão confiante no seu trabalho que incluiu pistas para a sua sequela. O jogo foi tão aclamado que a sequela, Batman Arkham City, viu a luz do dia. Aquando da chegada da Wii U foi anunciada uma versão deste jogo para a nova consola da Nintendo, versão essa que viria com os DLC’s lançados até ao momento e com novas funcionalidades baseadas no GamePad, para além de um novo esquema de combate designado como Battle Armored Tech (B.A.T.), esquema esse que viria a dar o nome de Armored Edition à versão Wii U do jogo.
O jogo começa com Bruce Wayne, num momento em que o multimilionário se encontra a ser encarcerado na prisão de Arkham City sob falsas acusações. Esta não é mais que uma porção da cidade, convertida numa prisão imensa onde os criminosos deambulam livremente após a sua detenção, um pouco à semelhança do que acontece no filme de 1981, Escape from New York. Após esta detenção, o milionário terá de se dirigir até o local para onde o seu fiel mordomo enviou uma cápsula com o seu fato de Batman e aí sim, o super-herói inicia o seu papel.
Enquanto Batman, acede-se gradualmente a toda a panóplia de utensílios do seu cinto. Tal como no seu predecessor em Arkham City, o jogador não se limita a percorrer as ruas infestadas de inimigos que terão de ser eliminados a soco, como acontece na maioria dos jogos de super-heróis. Aqui o jogador terá que agir tal como o super-herói agiria na banda desenhada, encontrando pistas, escondendo-se nas sombras, preparando emboscadas, analisando ADN e trajectórias de balas, etc. Claro está que a eventual troca de murros também se encontra presente, mas este não é um jogo baseado no pugilato e sim no movimento discreto e na utilização da massa cinzenta de forma a descortinar a melhor forma de derrotar um grupo de inimigos sem ser detectado.A prisão de Arkham é uma cidade inteira à espera de ser explorada, um mundo completamente aberto pelo qual o jogador se pode deslocar livremente utilizando o mapa no GamePad. No perímetro de Arkham, o jogador pode prosseguir com a história do jogo ou seguir uma das múltiplas side missions. A progressão da dificuldade encontra-se bem implementada, exceptuando no que diz respeito aos bosses de cada etapa. Inicialmente os inimigos com os quais Batman se depara estão bastante mal protegidos e derrotam-se facilmente em combate, mesmo sem a utilização de qualquer tipo de artimanha ou elemento discreto, até ao ponto em que se encontram protegidos com escudos anti-motim e armados. Perto do final do jogo não se encontra praticamente um único inimigo que não possua uma pistola, algo que prejudica a imersão do jogo. É impossível não pensar como é que tanta pistola possa ter entrado nesta prisão. Os escudos anti-motim e os tacos de madeira têm uma explicação lógica, já que os criminosos se revoltaram e expulsaram todos os polícias do interior do complexo, mas o número de pistolas é pouco plausível. Encontrar tanto criminoso com pistolas e um acesso ilimitado a balas é algo estranho. No que concerne aos bosses, a batalha final é algo desapontante já que a meio do jogo defronta-se um inimigo bem mais difícil de vencer do que qualquer outro, incluindo o final.
A jogabilidade encontra-se perfeita na maioria das ocasiões, apresentando falhas apenas quando os sensores de movimento entram em cena. Passear pela cidade utilizando a grapple gun é intuitivo e divertido, o combate é excelente e é necessário saber coordenar os momentos de ataque com os de defesa e contra-ataque. Cada ataque bem sucedido contribui para preencher uma barra de energia do B.A.T., quando esta se encontra totalmente cheia é possível fazer Batman entrar num modo onde fica quase invencível e onde os seus ataques apresentam o dobro do poder. Toda a escolha de gadgets faz-se através do ecrã do GamePad, assim como as melhorias a cada um deles. Já a utilização do Baterang controlado à distância torna-se uma autêntica tortura, especialmente em puzzles mais complexos no qual se encaminha o Baterang até um botão para abrir uma porta. A utilização do controlo de movimentos é completamente ineficaz e apesar de ser possível controlar o Baterang com os analógicos, a sua utilização está longe do ideal e a mínima trepidação leva a que o Baterang se desvie completamente do alvo. Já a utilização do GamePad e dos seus sensores de movimento para pesquisar trajectórias de balas no modo de detective ou do ecrã para abrir portas codificadas encontra-se muito bem aproveitada.
Em alguns momentos, o jogador irá controlar a Catwoman, personagem que se encontra muito bem desenvolvida. A jogabilidade apresenta diferenças fulcrais em relação à de Batman, apesar de partilharem bastantes semelhanças. As diferenças obrigam o jogador a utilizar muito mais o elemento surpresa enquanto Catwoman. É uma personagem fácil de começar a controlar mas que requer uma forma diferente de pensar para resolver os puzzles.Em termos de ambiente, o jogo encontra-se bastante bem retratado, com um toque negro que leva o jogador a acreditar que se encontra realmente naquele local. Existem algumas quebras de frame-rate em certas zonas, mas nada que prejudique a experiência global do jogo. Algo que afecta negativamente o ambiente, e isto tem que ser focado, é a localização do jogo. Apesar de as vozes se encontrarem no inglês original, as legendas e todos os menus encontram-se em português do Brasil, sendo impossível mudá-lo sem mexer nas definições da consola. As legendas podem ser desligadas mas o texto dos menus/títulos de capítulos não. Porque é isto tão importante? Porque isto implica passar o jogo todo a ler que o Coringa (Joker) fez isto ou aquilo ou que o Charada (Riddler) fez aqueloutro, entre outras pérolas. Será assim tão difícil colocar no menu do jogo a opção de escolher o idioma, como acontece em, por exemplo, Lego City?
Conclusão
Batman: Arkham City Armored Edition é essencial na videoteca de qualquer fã da BD. Os pequenos defeitos que o jogo tem não prejudicam a experiência de imersão nem a oportunidade de se sentir na pele deste vingador mascarado enquanto se deslinda a história, muitíssimo bem escrita. Mesmo quem não for fã da personagem pode muito bem acabar como tal depois de jogar esta Armored Edition. A realidade é que nunca um jogo representou tão bem uma personagem de banda desenhada como este o faz.
O melhor
- O verdadeiro Batman da banda desenhada
- Várias missões secundárias numa cidade enorme para explorar
O pior
- Mau exemplo de localização
- Má utilização de alguns controlos de movimento
3 de Fevereiro, 2014, 14:02